“A beleza salvará o mundo”? Pelamor, né, gente?

“A beleza salvará o mundo”? Pelamor, né, gente?

E essa frase de Dostoiévski: “A beleza salvará o mundo”? Pelamor, né, gente?

Vamos devagar com ela.

Em primeiro lugar, quem a disse foi o Príncipe Míshkin de “O Idiota”. Não foi dita por Dostoiévski, mas por um de seus personagens e isso faz toda a diferença. Míshkin é um ingênuo, um doente, um inadaptado à sociedade pragmática e corrupta que o cerca. E a beleza não salva ninguém no romance; pelo contrário, a história termina em tragédia.

Portanto, a frase não é um slogan otimista. É uma tese profundamente problematizada no romance. É mais uma pergunta angustiante do que uma resposta consoladora: “Como a beleza poderá salvar o mundo se ela é tão vulnerável?”. E não esqueçam que Míshkin associa essa “beleza” ao Cristo Morto de Holbein, um quadro que retrata Cristo de forma realista e sem qualquer aura de divindade.

Em resumo, a frase “a beleza salvará o mundo” pertence ao Príncipe Míshkin, mas seu verdadeiro significado só pode ser compreendido à luz da trágica história de “O Idiota”, onde ela é posta à prova e, aparentemente, falha.

Então, calma. Dostô não era tão bobinho.

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Amazon não é livraria, por Nanni Rios

No Matinal

Se eu fizesse uma enquete aqui sobre os assuntos mais abordados numa livraria, imagino que surgiriam respostas bem diversas. Um pouco porque, de alguma forma, dá pra dizer que todo assunto é assunto de livraria. E também porque seu objeto e motivo principal de existir é o livro, logo uma livraria inspira e fornece muitos insumos para qualquer debate.

Mas tem um assunto que me chama especial atenção quando aparece, porque mobiliza paixões. Tanto de quem trabalha na livraria quanto de alguns clientes. É um assunto nada óbvio. Não é política nem religião. Também não é futebol.

Acho que o assunto que mais mobiliza paixões dentro de uma livraria é a Amazon. E não é um assunto raro.

Essa semana mesmo aconteceu um desses momentos. Recebemos na Livraria Baleia um pedido de orçamento para aquisição de livros. Isso, a priori, é algo bem corriqueiro na nossa rotina operacional. E na grande maioria dos orçamentos que a gente manda, os preços são os “de capa”, que no jargão livreiro se refere aos preços sugeridos pelas editoras, sem qualquer desconto. A exceção é quando o orçamento pede muitos exemplares de um mesmo título, pois isso nos permite fazer uma compra maior junto à editora e negociar condições mais favoráveis do que no varejo, pois nas compras grandes, a gente ganha na escala.

Pois bem: no tal pedido, enviado pelo setor de compras de uma empresa, a solicitação era de 300 exemplares de um mesmo título. Por isso, conseguimos conceder um bom desconto. Ao menos era o que a gente achava.

Mandamos o orçamento no mesmo dia para o potencial cliente. E a resposta dele veio logo em seguida, com o tom da mais sincera indignação.

Entendedores já devem ter entendido o ponto da questão: ele tinha a expectativa de receber uma lista de preços ao menos parecidos com os da Amazon. Ele estava mais do que indignado: ele parecia decepcionado.

Eu fiquei preocupada com aquele retorno, não só por ser uma venda importante e significativa para o caixa da livraria, mas também pela janela de emoções que se abre sempre que alguém nos acusa (é sempre com paixão, como eu disse) de vender livros “mais caro do que a Amazon”, como se a livraria estivesse sendo desonesta, abusando nos valores e extorquindo quem gosta de ler.

Pode até parecer, mas esse último parágrafo não contém ironia. Eu sinto que é isso mesmo que as pessoas sentem quando descobrem a diferença de preços. E eu também sinto uma indignação profunda quando isso acontece. Porque não poderia haver acusação mais injusta.

Pois, voltando ao tal orçamento, eu parei tudo o que eu estava fazendo para redigir uma resposta que estancasse aquela indignação (a do moço do setor de compras e também a minha).

Fui cuidadosa, pois é assim que se lida com paixões. E também porque parti do pressuposto de que ele realmente não sabia como as coisas funcionavam.

Fiquei satisfeita com a resposta que redigi, no conteúdo e no tom. É sempre bom poder falar em nome de causas justas. E pensei depois que é bem possível que muita gente não saiba como essas coisas funcionam ou como diabos a Amazon oferece aqueles descontos inexplicáveis. Foi aí que decidi contar publicamente esse causo real, que me aconteceu essa semana, em pleno Amazon Prime Day, para dizer que, se esse é o seu caso, você não está só.

A quem interessar possa, reproduzo aqui alguns trechos didáticos sobre o funcionamento da Amazon em relação a livros:

“A primeira coisa a dizer é que a relação da Amazon com livros é diferente da nossa. E pra explicar melhor isso, vou te abrir alguns números: a gente trabalha normalmente com uma margem de ‘lucro’ de 35 a 40% sobre o preço de capa, variando de editora para editora. (…)

Enquanto isso, a Amazon pratica valores menores do que o preço de custo do livro, por mais estranho que isso possa parecer, pois o seu maior ganho não está numa eventual margem de lucro, mas sim nos dados de consumo que todas as pessoas atraídas pelas promoções fornecem a cada clique (é por isso, também, que não é possível fazer compra empresarial com CNPJ na Amazon, pois essa interação não é valiosa para eles). Isso é uma estratégia da empresa, que envolve também enfraquecer outros pontos de venda por meio da concorrência desleal com o objetivo de concentrar vendas e, com isso, poder ditar suas condições comerciais com as editoras.

Procurei o livro na Amazon, ele está com 35% de desconto. Pegue o que sobra e desconte mais impostos, taxa da transação financeira do site, embalagem, manuseio e outros serviços… e a conta não fecha. Entende?

Não vou nem me estender em outras questões éticas, que eu particularmente julgo relevantes, como relações trabalhistas abusivas, o fato de ser uma empresa estrangeira cujos impostos não retornam para a nossa cidade e a contrapartida cultural esperada de qualquer livraria, que, no caso da Amazon, é inexistente. E talvez aqui eu já esteja tratando de opiniões minhas… mas achei que poderia ser produtivo pontuar mesmo assim.

Dito isso, é óbvio que qualquer consumidor tem o direito de comprar onde quiser. E melhor ainda se for sabendo das informações que compartilhei acima.”

Por fim, o assunto já não era mais grana. Ao menos, não pra mim. Finalizei dizendo que a possibilidade de um desconto maior era, de fato, “irreal para qualquer livraria, tenho certeza. E, a rigor, Amazon não é livraria.”

Para saber mais sobre o comércio de livros na Amazon e por que deveríamos evitá-lo (e como deveríamos regulá-lo), eu recomendo dois livros: Contra Amazon e outros ensaios sobre a humanidade dos livros de Jorge Carrion e Como resistir à Amazon e por quê de Danny Caine, ambos publicados pela Editora Elefante, que não fornece diretamente nenhum livro de seu catálogo para a Amazon.

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Bloomsday: Nem Jesus Cristo tem um dia no calendário. Leopold Bloom tem

Bloomsday: Nem Jesus Cristo tem um dia no calendário. Leopold Bloom tem

Por Marcelo Costa, na Revista Bula

Leopold Bloom acorda todo dia 16 de junho. Não importa o ano. Nem importa o mundo. Pode haver guerra, ruína, Wi-Fi, greve dos transportes, um eclipse total ou um desfile de patos; Bloom acorda. Com fome, quase sempre. Uma fome serena, doméstica, trêmula de humanidade — a mesma que fez Joyce prender aquele homem comum no labirinto de vinte e quatro horas eternas. Sim, o tempo não é de verdade. O tempo é Dublin fingindo que é um dia só. O dia em que tudo acontece, e nada acontece, e o leitor se afoga no tédio vivo de existir. Bloom vai ao banheiro. Pensa em rins. Vai ao mercado. Lembra de Molly. Compra limões. Evita lembranças. Sorri para ninguém.

E na cidade real, do lado de fora do livro, pessoas se fantasiam de passado para perseguir uma ficção que os ultrapassou. Gravatas tortas, suspensórios anacrônicos, vestidos com cheiro de brechó e uma vontade insaciável de pertencimento. Em frente ao Sweny’s Pharmacy, onde não se vendem mais remédios, só relíquias — o sabonete de limão, a sombra de um parágrafo, o pó da linguagem —, um grupo lê em voz alta um trecho que talvez ninguém entenda por completo. Mas não é isso o amor? Repetir aquilo que nos escapa, como quem aprende uma música de ouvido? O Bloomsday é isso: um ritual que nunca cura, mas também nunca adoece de vez.

Ulysses
Ulysses, de James Joyce (Companhia das Letras, 848 páginas, tradução de Caetano W. Galindo)
Um senhor com chapéu-coco declama a lista de compras de Bloom como quem recita um poema sagrado. Ao lado, uma mulher de olhos azuis como uma promessa esquecida segura um exemplar gasto de “Ulysses”, cheio de notas à margem — algumas datadas, outras apagadas. Em Dublin, neste dia, todo mundo fala com livros. O sotaque da língua inglesa parece curvar-se, arrastado, como se cada sílaba carregasse pedras nos bolsos. Um turista francês, perdido e feliz, pergunta onde fica a Martello Tower. Alguém responde com um gesto largo, como se apontasse para um sonho.

E há isso: o Bloomsday não é uma celebração. É uma insistência. Uma recusa em deixar morrer um dia que nunca existiu de verdade. Joyce, esse irlandês que saiu da Irlanda para poder escrever sobre ela, talvez estivesse rindo agora. Ou não. Talvez esteja calado, observando de algum lugar onde a ironia já não importa. Criar um feriado para um personagem que passa o dia vagando pelas ruas, distraído, obsessivo, frágil, é como construir uma catedral para a hesitação. E as pessoas entram, comovidas.

Às vezes, há uma encenação no pub. Um Bloom encenado que coça a barba e observa um mundo que se faz de século 20. Mulheres imitam Molly sem pudor. Ou com todo o pudor possível. Depende do vinho. Depende da memória. Há quem chore. Há quem durma. Joyce escreveu um livro ilegível para que ninguém o lesse sozinho. E ele sabia. Cada frase é um quebra-mapa. Cada cena uma dobra no tempo. Como se a narrativa se recusasse a seguir a lógica dos homens. Dublin torna-se um tabuleiro. Uma cidade que se interpreta a si mesma, em voz alta.

Na esquina da Eccles Street, onde Bloom morava, já não mora ninguém. A casa 7 foi demolida. No lugar, uma parede. Uma plaquinha. Um aviso de que algo já foi ali. E não é isso, também, o que somos todos? Placas em carne viva. Avisos de que algo já esteve aqui. Cada leitor de “Ulysses” é um arqueólogo emocional. Tenta decifrar uma frase, encontra o espelho. Tenta seguir a trama, descobre um atalho. E tropeça. E volta. E não entende. E insiste. Porque o livro não está interessado em ser entendido. Ele quer ser vivido, como uma febre lenta, uma ressaca sem bebida, um sonho que gruda nos dedos.

James Joyce escreveu o dia mais longo da literatura com a crueldade amorosa de quem sabia que ninguém escaparia dele. Nem os personagens. Nem os leitores. Nem a própria cidade. A cidade agora se contorce para caber no molde do livro. Como se a ficção exigisse da realidade um reencontro impossível. Mas é isso que o Bloomsday pede: que o mundo repita o que já não pode ser vivido. Uma coreografia do esquecimento. Um teatro íntimo. Um delírio coletivo que não se pretende lúcido.

Alguém toca flauta. Um grupo improvisa um almoço à moda de 1904. A manteiga derrete como naquele parágrafo em que ela não tem nenhuma importância, e por isso é essencial. A chuva ameaça, como deve. Joyce detestava explicações. Então ninguém explica nada. Apenas fazem. Caminham. Leem. Escrevem à mão. Vestem-se de Bloom. De Stephen Dedalus. De sombras. De futuros passados. Uma mulher com olhos de vidro recita o monólogo de Molly na beira do Liffey. Quase sussurrando. Como se fosse um segredo que se diz por amor ao silêncio.

Em outros cantos do mundo, outras cidades tentam o mesmo. Nova York, Trieste, São Paulo, Melbourne. Réplicas involuntárias. Miniaturas sentimentais. O Bloomsday virou um gesto. Uma dobra do calendário. Um dia sem explicação oficial. Não há presentes. Nem hino. Nem herói. Apenas Bloom — esse homem que pensa demais, que sente demais, que anda demais. Ele que não faz nada de épico, nada de cinematográfico. Mas que carrega consigo o peso exato do dia. Como qualquer um de nós. Só que escrito.

E talvez seja isso que move os leitores de Joyce: a ideia de que há grandeza no banal. De que a literatura pode ser tão árdua quanto respirar. De que entender é uma tarefa menor diante da experiência. Porque Bloom, Molly, Stephen — todos eles são o que resta quando a história desiste de nos salvar. Não há redenção em “Ulysses”. Há apenas o tempo. O corpo. O pensamento. A solidão desfiada em frases longas, sujas, belas, impossíveis.

Dizem que há algo de religioso no Bloomsday. Mas é um culto sem dogmas. Uma fé em ruínas. As pessoas não vêm rezar. Vêm participar do abismo. Um abismo cheio de palavras. E ninguém precisa saltar. Basta ler. Ou fingir que lê. Ou fingir que entende. E continuar andando. Pelas ruas que não mudam. Pelos cafés que já não existem. Pelas livrarias que vendem mais chaveiros do que livros. Não importa. Porque há algo em repetir esse gesto — de acordar com Bloom, de seguir seus passos, de habitar esse dia como se fosse real — que cura sem remédio.

Num banco de praça, um garoto de quinze anos tenta ler a primeira página. Franze a testa. Olha ao redor. Fecha o livro. Depois abre de novo. E ri. Talvez tenha entendido algo que nenhum professor saberia ensinar. Talvez só tenha gostado da palavra “yes”. Porque “Ulysses” termina assim. Com esse sim que é corpo, memória, excesso. Um sim que não explica. Que não justifica. Que apenas diz: estou aqui. Estou vivo. E isso basta.

Hoje é 16 de junho. E, mais uma vez, Bloom está entre nós. Ele respira onde não há fôlego. Ele anda onde não há mapa. Ele pensa como quem não sabe se volta para casa ou se já está em casa. Dublin se dobra em sua homenagem — não como quem reverencia, mas como quem se confunde. Porque Bloom não é personagem. É presença. Uma presença que atravessa o tempo, rindo baixo. Como se soubesse que todos nós, no fundo, só queríamos encontrar um dia que fizesse sentido.

E nunca encontramos. Mas seguimos procurando.

James Joyce e Nora Barnacle, no dia de seu casamento, Londres, 1931

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Daniel Deronda 1

Daniel Deronda 1

Quando a Elena esteve no hospital, adquirimos o hábito de eu ler livros em voz alta para ela. Claro, agora ela pode lê-los sozinha — aliás, mesmo no hospital ela podia ler, tanto que lia Nabôkov no original “para não perder a inteligência” –, mas ela diz que é fácil se acostumar com o que é bom. Chega a dizer que gosta da minha voz, o que julgo ser totalmente impossível.

Mas o que interessa é que estou lendo o maior de nossos calhamaços até hoje: trata-se de “Daniel Deronda”, de George Eliot e 700 páginas. DD não é um “Middlemarch”, mas é ótimo e cheio de detalhes inusitados para um romance vitoriano.

Quando do primeiro encontro de um casal, ela coloca as falas de cada um e, entre parênteses, o que um está pensando e observando no outro. É um trecho onde brilha o enorme virtuosismo da autora. Disse Marcelo Coelho que George Eliot não é uma artista que nos faça ver o mundo segundo uma perspectiva original, como Kafka fazia, mas, como Tolstói, é uma artista que nos faz ver o mundo de acordo com nossos próprios olhos. Só que “nossos próprios olhos” parecem ganhar lentes de aumento; e em toda a literatura ocidental poucas lentes são tão claras, tão penetrantes, como as que George Eliot nos oferece.

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O bem que a leitura faz para o cérebro

O bem que a leitura faz para o cérebro

Pesquisa realizada em conjunto entre as universidades de Michigan e Stanford garante que a leitura de ficção traz diversos benefícios, entre eles a redução do stress e a empatia. Mas vamos nos ater hoje aps fatos médicos. Ela também proporciona uma melhoria na área da memória, pois coloca teu cérebro para trabalhar a imaginação, fundamental para a memorização de longo prazo. O processo de envelhecimento reduz pouco a pouco nossas habilidades cognitivas, entretanto essa perda pode ser recompensada com atividades intelectuais estimulantes. Uma outra pesquisa feita pela Dra. Natalie Phillips (Montreal Cognitive Assessment) investigou o papel da atenção nas modificações que a leitura faz no cérebro. Ela comparou uma leitura dispersa com uma leitura mais engajada, onde entramos pra valer na história. A conclusão foi que a leitura dispersa não aumenta muito a atividade cerebral. Mas aquela em que você se gruda na história faz você aumentar sua atividade cerebral de maneira significativa. Ou seja, a leitura que desperta mais o seu interesse, que mais envolve, é justamente aquela que vai trazer maiores benefícios. Em outras palavras, LÊ AQUILO QUE TU GOSTA, VIVENTE!

Esta é uma ótima notícia para os clientes da Livraria Bamboletras. Afinal, aqui nós temos uma curadoria que pode auxiliar você a encontrar aquele livro que vai grudar em ti que nem chiclete.

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Sarinha

Até os 13, 14 anos, eu era um mau aluno, só lia quadrinhos e jogava futebol. Minha mãe ficava louca na certeza de que estava criando um idiota. Não que ela estivesse de todo errada, ainda mais quando me comparava com minha irmã, brihante em tudo até hoje.

Mas então veio a Sarinha, a professora de português e literatura que todo mundo deveria ter. A Sarinha mandou a gente ler O Tempo e o Vento. Minha mãe pegou O Continente da estante e me entregou a coisa com aquele sorrisinho tipo agora eu quero ver.

Não comecei a ler imediatamente, mas alguns colegas sim. A Sarinha reservava os 15 minutos finais de cada aula para sentar com os alunos que estavam lendo o livro a fim de discuti-lo com eles. As discussões eram de igual para igual, ela usava os nossos termos, a nossa expressão. Aquilo foi se tornando tão bom que logo todos estavam lendo para poder participar. A Sarinha tinha 1,50m com carisma de muitos centímetros a mais. Logo me agreguei ao grupo de leitores e não saí dele até agora, mais de 50 anos depois.

Hoje de manhã, lembrei daquela professora do ensino público. (Aliás, fui 100% do tempo do ensino e universidade públicas).

Grande Sarinha!

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Minha lista de melhores livros brasileiros do século XXI

Minha lista de melhores livros brasileiros do século XXI

Sem tentar ser politicamente correto, aí vai minha lista de melhores romances brasileiros do século XXI, em ordem alfabética. Lá vai:

Budapeste, de Chico Buarque
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino
Leopold, de Luís Antônio de Assis Brasil
Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite, de Fal Azevedo
O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório
O Cheiro do Ralo, de Lourenço Mutarelli
O Drible, de Sérgio Rodrigues
Os Supridores, de José Falero
Pornopopeia, de Reinaldo Moraes
Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves

Onde enfiar Torto Arado?

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Apresentando Middlemarch

Apresentando Middlemarch

Middlemarch é um mistério. Muitos clássicos do século XIX são de conhecimento quase geral entre leitores contumazes, mas o livro de George Eliot — que era uma mulher, nascida Mary Anne Evans — permanece ignorado pela maioria.

Acertando como sempre, Virginia Woolf escreveu que Middlemarch era “um dos poucos romances ingleses escritos para adultos”. Eu diria: “escrito exclusivamente para adultos”. O livro aborda temas muito atuais: o status das mulheres perante à sociedade, a ascensão da classe média e a crítica da moralidade, da religião e do casamento.

Sem exagero, trata-se de um livro estupendamente inteligente, publicado em 1871.

Middlemarch é o nome de uma cidade fictícia do interior da Inglaterra a a ação se passa lá volta de 1830. Como Anna Kariênina, o livro tem enredo múltiplo, centrando-se em dois casais, montando um quadro da vida rural inglesa e uma análise dos relacionamentos humanos em geral, especialmente das relações amorosas e do casamento.

O núcleo são os casais Dorothea e Edward Casaubon, Rosamond e Tertius Lydgate.

Dorothea, mulher excepcionalmente independente, politizada para sua época e de grande sede intelectual, casa-se com Casaubon, homem erudito e quase 30 anos mais velho. Ela o admirava, ele prometia muito, mas se revelou frio e chato. Um desastre.

Por outro lado, Lydgate é um médico entusiasmado, amante da ciência, que casa com a fútil Rosamond, que o faz gastar o que não tem. Outro desastre.

O curioso é o afastamento dos dois casais. algo muito semelhante novamente à Anna Kariênina. Um drama aqui, outro lá.

Mas nada desta apresentação faz sentido se não levarmos em conta as intervenções da narradora, com comentários cheios de ideias, pensamentos revolucionários e a colocação de situações morais muito originais.

Nas suas 800 páginas, há um bom número de personagens e tramas que encontram os temas subliminares, incluindo a situação das mulheres, a natureza do casamento, o idealismo e o interesse pessoal, religião e hipocrisia, reforma política e educação. Esse livro é maravilhoso!

Ah, tem algo que não era uma novidade no romance vitoriano, mas que Eliot professa como ninguém: sua profunda simpatia pelos personagens secundários, pelas pessoas simples, feias e pobres,

Vamos a um pouco mais de Virginia Woolf?

“A luta das heroínas de George Eliot, por conta da suprema coragem do empreendimento a que se dedicavam, termina em tragédia ou num compromisso que é ainda mais melancólico”.

Tudo porque, ainda nas palavras de Woolf, “o fardo e a complexidade da condição feminina não lhes era suficiente. Elas desejavam sair do santuário e colher para si mesmas os estranhos frutos da arte e do conhecimento”.

Temos Middlemarch na Livraria Bamboletras. Sim, a tradução da Martim Claret é boa.

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Compre o livro na Livraria Bamboletras, na Av. Venâncio Aires, 113. Ah, não mora em Porto Alegre? Use o WhatsApp 51 99255 6885. A gente manda!

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Newsletter de 14 de dezembro de 2023

Newsletter de 14 de dezembro de 2023

Olá!

Estamos retomando nossa newsletter lembrando você de que temos a solução para quem foge de shopping lotado e precisa comprar um presentinho de final de ano — nem que seja para si mesmo.

A Bamboletras tem livros para todos os bolsos e mais: neste fim de semana haverá dois recitais sen-sa-cio-nais cujos ingressos são a compra de um livro para cada um deles. Ou seja, você vê um baita espetáculo e ainda fica com um livro! Onde mais tem isso?

Confira abaixo porque tem muita coisa — livros e música!

Este é o primeiro recital:

Homenagem ao Centenário do Compositor Bruno Kiefer

I – Canção de garoa (1957/76)
II – Canção de inverno (1957/76)
III – Canção para uma valsa lenta (1958/76)
para voz aguda e piano – poemas de Mário Quintana

IV – Terra Selvagem (1971), para piano

V – Saudade (1956), para clarinete e piano

VI – Monólogo (1981), para clarinete solo

VII – Notas Soltas (1978), para flauta solo

VIII – Música para Dois (1984/1985), para flauta e clarinete

– Traquinice
– Pequena Fuga
– Espirituoso

IX – Pobre velha música! (1957/76)
X – No ouro sem fim da tarde morta (1958/76)
para voz aguda e piano – poemas de Fernando Pessoa

Soprano: Luciana Kiefer (I, II, III, IX e X)
Flauta: Henrique Amado (VII e VIII)
Clarinete: Diego Grendene de Souza (V, VI e VIII)
Piano: Guilherme Goldberg (I, II, III, IV, V, IX e X)

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E este é o segundo:

Recital em Fá – Pela Saúde da Terra 🌎

BACH, J. S.
Concerto Italiano em fá maior
Allegro / Andante / Presto

MOZART, W. A.
Sonata Nº 12, K. 332 em fá maior
Allegro / Adagio / Allegro assai

BEETHOVEN, L. von
Sonata Op. 57, Appassionatta, em fá menor
Allegro assai / Andante con moto / Allegro ma non troppo

PROKOFIEV, S.
Sonata, Op. 1, em fá menor
Allegro

André Carrara, piano

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E é claro que agora vamos deixar três dicas de livros para você.

A mais recôndita memória dos homens, de Mohamed Mbougar Sarr — Esse livro foi indicado pelo Chico Buarque, que disse que não sabia como continuaria a escrever após ler esta maravilha. Não bastou? Bem, O livro recebeu o prêmio Goncourt e foi traduzido para mais de trinta idiomas. Em 2018, Diégane Latyr Faye, um jovem escritor senegalês, descobre em Paris um livro mítico publicado em 1938: O labirinto do inumano. Seu autor, o misterioso T.C. Elimane, desapareceu sem deixar vestígios depois que uma escandalosa acusação de plágio mobilizou a comunidade literária francesa dos anos 1940. De Dakar a Paris, passando por Amsterdam e pela Buenos Aires dos salões literários das irmãs Ocampo, que verdade o espera no centro deste labirinto?

Livros de Annie Ernaux — Aqui você pode escolhar entre os vários livros da autora, publicados desde que ela recebeu o Nobel. Todo mundo que lê um, acaba lendo mais um e mais um. Experimente! Os que mais são elogiados? Ora, Os Anos, A Vergonha, O Acontecimento, O Lugar, A Outra Filha, etc. Sua obra descortina as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos — principalmente os femininos — da memória pessoal. A autora é um referencial inquietante de coerência, rompendo não apenas com tudo que podia, no passado, ser escrito por mulheres, como invadindo questões de classe. Imperdível!

Oblómov, de Ivan Gontcharóv – Desconfie de quem diz conhecer os russos e não conhece a obra-prima Oblómov. O livro trata de um indolente latifundiário russo que passa seus dias fazendo planos para enfrentar seus muitos e graves problemas, principalmente os relativos a sua fazenda, que cada vez mais gera menos benefícios e onde é claramente roubado por seu administrador e servos. Só que ele não age. Oblómov é um Ulisses de roupão que opta por ficar imóvel, na contracorrente dos eventos. Quando deita no sofá, sente-se protegido de toda a grosseria e da confusão que rege as ações humanas. Porém, sua atividade mental é grande. Não nasceu para ser um gladiador na arena, mas um pacífico espectador que deixa a inércia guiar sua vida. Só não pense que é um livro monótono. Bah, aí é que você se engana!

📍 Visite-nos na Av. Venâncio Aires 113, de segunda à sábado, das 9h às 19h, e aos domingos, das 13h às 19h.
🚴🏾 Pede tua tele ou converse conosco: (51) 99255 6885 (WhatsApp).
📱 Ou nos contate nas nossas redes sociais, no Instagram ou no Facebook.

Ah, temos convênio com o estacionamento que fica aqui logo depois, no número 133 da Venâncio.

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SESSÃO DE AUTÓGRAFOS COM JAZZ E SOUL MUSIC !!!

SESSÃO DE AUTÓGRAFOS COM JAZZ E SOUL MUSIC !!!

Sabem aquele livro que é uma gostosura? Pois é. “A ilusão de um instante — Inventário de uma etnografia amorosa e musical”, sétimo livro de Eduardo Rodrigues, é uma leitura leve e cheia de casos altamente saborosos a respeito dos principais nomes do jazz.

O livro reúne 60 artigos ilustrados sobre cantores, instrumentistas, discos e filmes. Na última página, o leitor encontra como acessar a playlist da obra no Spotify. Um show!

O autor estará autografando o livro na Livraria Bamboletras e, entre uma dedicatória e outra, comandará a trilha sonora do evento, lembrando os velhos tempos em que trocava os discos de Billie Holiday, John Coltrane e Miles Davis no carrossel do Zelig Bar.

Música em volume baixo, é claro, para não atrapalhar a conversa, mas alta o suficiente para inspirar e tocar os corações. Haverá água e cerveja à venda durante o culto aos livros na pequena igreja onde está instalada a livraria.

Apareçam! O mundo não é só a Copa do Mundo.

Quando: 30/11
Horário: das 19h às 20h (mas pode chegar um pouco antes)
Onde: Livraria Bamboletras (Av. Venâncio Aires, 113, Cidade Baixa)
Autor: Eduardo Rodrigues
Livro: A ilusão de um instante — Inventário de uma etnografia amorosa e musical

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Os mais vendidos de junho na Bamboletras

Os mais vendidos de junho na Bamboletras

Os mais vendidos na Bamboletras no mês de junho 🤩

1 – Querido Lula: cartas a um presidente na prisão, de Maud Chirio (Boitempo)
2 – O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras)
3 – Os Supridores, de José Falero (Todavia)
4 – A Boa Sorte, de Rosa Montero (Todavia)
5 – Escravidão vol. 3, de Laurentino Gomes (Globo Livros)
6 – Violeta, de Isabel Allende (Bertrand Brasil)
7 – Gabo & Mercedes: uma despedida, de Rodrigo García (Record)
8 – Ulysses, de James Joyce (Penguin)
9 – Tudo é rio, de Carla Madeira (Record)
10 – Com quantos rabinos se faz um Raimundo, de Nurit Bensusan (Confraria do Vento)

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Bamboletras recomenda rabinos, esculturas de Porto Alegre e o fim da trilogia Escravidão

Bamboletras recomenda rabinos, esculturas de Porto Alegre e o fim da trilogia Escravidão

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Nurit Bensusan

Olá!

Três importantes livros. A ‘Escultura Pública de Porto Alegre’ mostra os 250 anos da cidade através das obras que são instaladas em praças, viadutos, fachadas, cemitérios, trazendo 1900 fotos, além da história de cada trabalho. Já o Volume III de ‘Escravidão’ finaliza a grande obra de Laurentino Gomes sobre esta definidora chaga de nosso país. E ‘Com quanto rabinos se faz um Raimundo’ é um grande livro de ficção sobre nosso preconceito de classe. Confiram!

Uma excelente semana com boas leituras!

Corre para garantir seu exemplar aqui na Bamboletras!
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📍 De segunda à sábado, das 10h às 21h. Domingos, das 15h às 21h.
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🖥 Confere o nosso site: bamboletras.com.br
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A Escultura Pública de Porto Alegre, de José Francisco Alves (Edição do autor, 412 páginas, R$ 220,00)

Um livraço incrível! Focando-se especificamente nas obras de arte pública da capital, mas tendo por fundo a história da cidade, são abordados centenas de trabalhos, dos primeiros exemplares instalados em 1865 (chafarizes franceses) às peças instaladas em logradouros públicos, em 2022. Com 412 páginas e cerca de 1900 imagens a cores, atuais e históricas, o volume não é meramente um álbum fotográfico. Trata-se do fruto de mais de 25 anos de pesquisa do historiador de arte José Francisco Alves. Como obra comemorativa do 250 anos de Porto Alegre, o livro demonstra a evolução da escultura pública de Porto Alegre; aspectos teóricos da arte pública e políticas da arte pública de Porto Alegre, do Brasil e do Mundo. Também traz verbetes com históricos resumidos (ou estendidos, dependendo do caso) sobre centenas de exemplos de escultura pública, organizados conforme a tipologia. Grande dica para quem ainda ama esta cidade e seu patrimônio artístico em praças, parques, ruas, avenidas, viadutos, fachadas, cemitérios e outros locais.

Escravidão — Volume III, de Laurentino Gomes (Globo, 592 páginas, R$ 69,90)

O último livro da trilogia Escravidão é dedicado ao século XIX; à Independência; ao Primeiro e ao Segundo Reinados; ao movimento abolicionista, que resultou na Lei Áurea de 13 de maio de 1888; e ao legado da escravidão, que ainda hoje emperra a caminhada dos brasileiros em direção ao futuro. A escravidão era, na definição de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, “um cancro que contaminava e roía as entranhas da sociedade brasileira”. Disseminado por todo o território, o escravismo perpassava todas as atividades e todas as classes sociais. Maior território escravista da América em 1822, o Brasil assim se manteria até o final do século XIX, com sua rotina pautada pelo chicote e pela violência contra homens e mulheres escravizados. Nenhum outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade nacional quanto a escravidão. Conhecê-lo ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente. Em um texto impactante e ricamente ilustrado com imagens e gráficos, Laurentino Gomes lança o terceiro volume de sua obra, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluíram viagens por 12 países e 3 continentes.

Com quantos rabinos se faz um Raimundo, de Nurit Bensusan (Confraria do Vento, 180 páginas, R$ 50)

Um livro estupendo! No Alto de Pinheiros — bairro da elite paulistana –, um sem-teto chamado Raimundo vive solitário numa praça próxima a uma sinagoga e a edifícios residenciais. Como não incomoda, mora na praça também sem ser importunado. Mas um dia ele pede para que o rabino distribua alimentos para os pobres. A proposta é aceita. É um estranho pedido de quem não fala com quase ninguém, parece viver de ar e que passa seus dias escrevendo em cadernos e mais cadernos. A aceitação por parte do rabino também é inesperada. A partir deste ponto, a ação bondosa vira problema, pois os habitantes do bairro nobre não veem aquilo com bons olhos. É esquisita aquela gente que vem pegar comida, eles sujam tudo e, mesmo que o rabino contrate pessoas para fazer a limpeza diária, não adianta, os moradores querem o fim daquilo. Ou seja, a fila de famintos tem que ser retirada dali. Mesmo as domésticas e diaristas acham que aquilo não é para aquela região. Ou seja, o preconceito de classe é algo mais complexo e enraizado do que parece. Puro suco de Brasil!

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O Bloomsday do Institulo Ling 2022

O Bloomsday do Institulo Ling 2022

Neste sábado, dia 18, no Instituto Ling, serei o mais incapaz dos membros das mesas do Bloomsday. Imaginem que lá estarão Jeferson Tenório, Donaldo Schuler, Edson Luiz André de Sousa, Carlos Gerbase, Elida Tessler, além do ator João Petrillo, da Banda Irish Fellas e da Cervejaria FIL.

Sim, você não é trouxa e entendeu: haverá cerveja da boa em evento sobre o Ulysses de Joyce. Bebam com moderação, mas o bastante para esquecer tudo que eu disser. COMPAREÇAM!!!

Abaixo, a programação:

15h45 – Banda Irish Fellas mais Cervejaria Fil abrem a festa
16h – Leopold Bloom dá as boas-vindas aos presentes

16h10 – Painel Literatura
Ulysses 100 anos e o legado de Joyce: Jeferson Tenório e Donaldo Schuler, com mediação de Milton Ribeiro

16h40 – Banda Irish Fellas
16h50 – Performance Teatral, com Leopold Bloom

17h – Painel Arte e Psicanálise
James Joyce era louco? Divagações sobre Arte e Psicanálise: Edson Souza, Elida Tessler e Carlos Gerbase, com mediação de Milton Ribeiro

17h40 – Banda Irish Fellas
18h – Encerramento

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Bamboletras recomenda hooks, Lula e afetos

Bamboletras recomenda hooks, Lula e afetos

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

bell hooks (1952-2021)

Olá!

Três importantes livros de não-ficção fazem nossa newsletter de hoje. Os temas são variados. bell hooks visita a masculinidade negra, o livro da Boitempo explora as cartas (25 mil!) que Lula recebeu na prisão e Emocional abre uma discussão a respeito da importância do afeto em nossas decisões.

Uma excelente semana com boas leituras!

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A gente é da hora — homens negros e masculinidade, de bell hooks (Elefante, 272 páginas, R$ 63,00)

“As mulheres negras não podem falar pelos homens negros. Nós podemos falar com eles.” Essa é uma das muitas razões que motivaram bell hooks a escrever A gente é da hora, em que tece duras críticas à adesão da maioria dos homens negros à masculinidade falocêntrica e patriarcal propagada pela sociedade capitalista imperialista supremacista branca. Segundo a autora, ao adotarem uma pose “legal” pautada pelo machismo e pela violência — em grande medida, veiculados pela cultura gangsta —, e não pela construção de formas de masculinidade nas quais o sentimentalismo e a vulnerabilidade são permitidos, os homens negros estão atentando contra si mesmos. Em dez ensaios e um prefácio, acompanhados por textos de Lázaro Ramos e Túlio Custódio, hooks pretende somar-se ao pequeno coro que fala em nome da libertação masculina negra. E o faz declarando todo o seu amor aos homens negros, partindo de experiências pessoais — com o pai, o irmão, o avô, amigos e amantes — para construir análises estruturais das forças que oprimem os homens negros e das maneiras pelas quais eles podem abandonar o vitimismo em busca de autenticidade e autodeterminação.ocorre em uma cultura de dominação é a confusão entre temor e amor.

Querido Lula: Cartas a um presidente na prisão, de Maud Chirio (org.) (Boitempo, 240 páginas, R$ 53,00)

De 7 de abril de 2018 a 8 de novembro de 2019, o ex-presidente Lula ficou encarcerado na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Foram 580 dias de cárcere, que marcaram definitivamente o rumo da história pessoal de Lula e também do Brasil: enquanto o país elegia um representante da extrema direita, um acampamento em frente à prisão se formou, organizações nacionais e internacionais lutavam na arena jurídica para reverter as injustas condenações, e milhares de brasileiros e brasileiras se solidarizaram com a situação do ex-presidente, seja por manifestações via internet ou pelo meio de comunicação mais antigo entre nós, as cartas. Durante esse período, aproximadamente 25 mil cartas foram endereçadas a Lula. Um impressionante acervo, ao qual se soma o envio também de objetos variados como livros, revistas sobre futebol, poemas e cordéis, Bíblias, fotografias, desenhos, roupas e cobertores para evitar o frio (alguns tecidos pelas próprias remetentes), bordados e gravuras, estatuetas de divindades de todas as religiões, flores secas e outros materiais decorativos. Em Querido Lula: cartas a um presidente na prisão, é possível ter acesso a 46 missivas selecionadas pelos organizadores, bem como a um cuidadoso caderno de imagens com fotografias das cartas e dos objetos enviados.

Emocional — A Nova Neurociência dos Afetos, de Leonard Mlodinow (Zahar, 328 páginas, R$ 74,90)

Durante muito tempo acreditamos que o pensamento racional era a influência dominante em nossos comportamentos. As emoções, por sua vez, seriam prejudiciais nas tomadas de decisão. Agora, graças ao enorme progresso das pesquisas em neurociência e psicologia, sabemos que a emoção é tão importante quanto a razão para orientar nossas escolhas e atitudes. Mas o que é a emoção? Como nossas ideias sobre os sentimentos evoluíram? Como regular as emoções para utilizá-las a nosso favor? Estas são as grandes questões abordadas em Emocional, do brilhante físico Leonard Mlodinow, que nos orienta aqui por uma novíssima área de pesquisa: a neurociência afetiva. De laboratórios de cientistas pioneiros a cenários do mundo real em que o domínio sobre as emoções foi decisivo para evitar uma tragédia, Mlodinow mostra o quanto essa revolução científica tem implicações significativas também na vida cotidiana, no tratamento de doenças, na compreensão das relações pessoais e em nossa percepção a respeito de nós mesmos.

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Bamboletras recomenda “Abandonar um gato” de Murakami, CDs de Vitor Ramil e ainda Pilar Quintana

Bamboletras recomenda “Abandonar um gato” de Murakami, CDs de Vitor Ramil e ainda Pilar Quintana

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Haruki Murakami (1949)

Olá!

Calma gente, o gato acaba bem. O novo Murakami, Abandonar um gato, é formado por cenas corriqueiras da infância e da juventude do autor. Ao longo da narrativa, Murakami também traz à tona traumas familiares e de guerra, além contar sobre sua relação com o pai, com quem passou anos sem contato. Um baita livro! Também recebemos vários CDs — saudades dos CDs, né, gente? — de Vitor Ramil e recomendamos Os Abismos, de Pilar Quintana.

Uma excelente semana com boas leituras!

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Abandonar um gato (o que falo quando falo do meu pai), de Haruki Murakami (Alfaguara, 112 páginas, R$ 64,90)

“Claro que tenho muitas lembranças do meu pai. É natural, considerando que vivemos sob o mesmo teto de nossa casa não exatamente espaçosa desde o momento em que nasci até sair de casa aos dezoito anos. E, como é o caso da maioria das crianças e pais, imagino, algumas das minhas lembranças do meu pai são felizes, outras nem tanto. Mas as memórias que permanecem mais vívidas em minha mente agora não se enquadram em nenhuma das categorias; envolvem eventos mais comuns. Quando morávamos em Shukugawa, um dia fomos à praia para nos livrar de um gato. Não um gatinho, mas uma gata mais velha. Por que precisávamos nos livrar disso, não me lembro. (…) Em casa, descemos da bicicleta – discutindo como sentimos pena do gato, mas o que poderíamos fazer? – e quando abrimos a porta da frente o gato que acabamos de abandonar estava lá, nos cumprimentando com um miado amigável.”

CDs de Vitor Ramil — Campos Neutrais / Avenida Angélica / Ramilonga – A Estética do Frio / Foi no mês que vem (coletânea)

Com preços variando entre R$ 39,90 a R$ 59,90, recebemos boa parte da obra de Vitor. Ele precisa de apresentação? Compositor, letrista, cantor e escritor brasileiro, nascido em Pelotas, Ramil é autor de doze álbuns, um melhor do que o outro. “Avenida Angélica” é seu último trabalho, onde ele coloca música em poemas de Angélica Freitas. “Foi no mês que vem” é uma coletânea de trabalhos anteriores regravadas por convidados especiais como Fito Páez, Jorge Drexler, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Pedro Aznar, os manos Kleiton e Kledir, a cantora Kátia B, o percussionista Marcos Suzano, o violonista argentino Carlos Moscardini e, entre outros, as revelações da nova geração porto-alegrense Bella Stone e seu filho Ian Ramil. Smos apaixonados por “A Estética do Frio”. Nossa que CD bom!!! Explora nossas rapizes de um modo muito especial. Para completar “Campos Neutrais” foi indicado ao Grammy Latino na categoria de “Melhor Álbum de Música Popular Brasileira”. É mole?

Os Abismos, de Pilar Quintana (Intrínseca, 270 páginas, R$ 69,90)

A menina Claudia mora com os pais em Cáli, na Colômbia, em um apartamento tomado por plantas. O ambiente, exuberante e bem cuidado, é um contraste, uma oposição à mãe indiferente que está em conflito com os caminhos de sua própria vida. Como muitas famílias, a de Claudia passa por uma crise, e basta o casamento de seus pais estremecer para que ela comece a entender a fragilidade dos limites que mantêm seu cotidiano. A partir da expectativa e de seu olhar atento e ao mesmo tempo inocente de criança, é a menina que narra os acontecimentos que abriram as fendas por onde entraram seus piores medos, aqueles que são irreversíveis e podem levar à beira dos abismos.

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Entrevista concedida à TV Assembleia Legislativa RS

Textinho de apresentação que a TV colocou no YouTube:

Quem transita pelo universo literário certamente conhece a livraria Bamboletras, que já está há 26 anos no mercado porto-alegrense. O apresentador Gustavo Machado conversou com Milton Ribeiro, proprietário da Bamboletras, e que está lançando Abra e leia, título bem sugestivo de seu primeiro livro.

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Bamboletras recomenda o novo livro de Rosa Montero, mais Haddad e Fuks

Bamboletras recomenda o novo livro de Rosa Montero, mais Haddad e Fuks

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Um novo romance da grande Rosa Montero, um ensaio político de Fernando Haddad e as reflexões e sentimentos de Julián Fuks durante a pandemia são as sugestões da Bamboletras para a semana. Não é pouca coisa. Três gêneros, três importantes livros.

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A Boa Sorte, de Rosa Montero (Todavia, 256 páginas, R$ 69,90)

Desde o lançamento de A ridícula ideia de nunca mais te ver, todo livro novo de Rosa Montero é um acontecimento. Agora, a inquieta espanhola chega pela primeira vez com um romance cujo personagem principal é masculino. O que leva um homem a saltar de um trem em uma cidade sem maiores atrativos, que não era seu destino original, e se esconder ali? S. eu objetivo é recomeçar a vida ou simplesmente acabar com ela? Seja qual for a resposta, o destino o trouxe para uma cidade que está lentamente definhando. A ruína parece mais perto a cada dia, porém… (Sem spoilers). Na cidade, todos parecem arrastar algum segredo, alguns sombrios, outros simplesmente ridículos. Também há humor naquela cidade triste, porque a vida tem muita comédia. E pessoas que fingem ser quem não são, ou que escondem o que planejam. É o grande jogo das falsidades enquanto uma intriga hipnotizante revela o mistério daquele homem.

O Terceiro Excluído, de Fernando Haddad (Zahar, 288 páginas, R$ 64,90)

Em outubro de 2018, o então candidato à presidência da República Fernando Haddad recebeu o professor do MIT Noam Chomsky em sua casa. O Brasil vivia seu momento mais dramático desde a redemocratização e a ameaça de uma guinada autoritária não era percebida por grande parte dos eleitores. Da conversa sobre política e linguística surgiu a provocação que originou O terceiro excluído. A teoria universalista de Chomsky afirma que é possível nos entendermos independentemente da cultura em que estejamos inseridos. O que explica então o atual surto de incomunicabilidade, em que não parece haver denominador comum para o debate público? O que nos impede de construir um futuro melhor para todos, com menos carências materiais e espirituais? Neste estudo denso e provocador, Haddad apresenta uma nova contribuição para as teorias da emancipação humana, a partir da qual pode emergir uma abrangente linha de ação política.

Lembremos do Futuro, de Julián Fuks (Cia. das Letras, 136 páginas, R$ 69,90)

Em trinta crônicas selecionadas, escritas nos períodos mais críticos da pandemia, Julián Fuks reflete sobre a perda e a solidão, a fragmentação do tempo e as incertezas futuras de um país. Mas nestas linhas há também esperança: pelo que podemos construir, ou reconstruir, a partir de nossas experiências. Suas incertezas e medos, a insegurança com a saúde da família e de amigos, se somaram ao que ocorria do lado de fora: as arbitrariedades do governo, a distância dos conhecidos, a contagem diária de mortes. Valendo-se de Virginia Woolf a Drummond, de Natalia Ginzburg a Clarice Lispector, Julián Fuks busca compreender as sensações conflitantes, a incerteza do tempo e os vazios na convivência com os outros. É nas frestas do horror que o autor procura as belezas menores, para com elas construir algo novo, a nova identidade do que queremos ser, no futuro que ainda não devemos esquecer. 

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Bamboletras recomenda só livros sensacionais

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A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Silvina Ocampo (1903-1993)

Olá!

Ah, vocês pensam que a gente está exagerando? Pois não estamos não. Estamos indicando o início da Quadrilogia das Estação de Karl Ove Knausgård, o segundo livro lançado no Brasil da grande Silvina Ocampo e o delicado relado dos dias finais de García Márquez (com fotos). Viram? Não estávamos brincando! Veja abaixo!

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Outono, de Karl Ove Knausgård (Cia. da Letras, 208 páginas, R$ 69,90

Quem leu a série Minha Luta, sabe que Karl Ove Knausgård faz descrições como ninguém. E agora ele retorna com uma sensível e encantadora Quadrilogia das Estações. Outono, primeiro volume da nova série, é uma coletânea da aguçada observação do autor sobre a vida que o cerca. “28 de agosto. Agora, enquanto escrevo, você não sabe nada a respeito de nada – o que a espera, em que tipo de mundo você há de surgir.” Assim começa Outono: com uma carta de Karl Ove Knausgård para a filha que ainda não nasceu, contando-lhe o que deve esperar ao vir à luz. Com breves capítulos que tratam do mundo material e natural, ele descreve os mais diversos elementos com a precisão e a intensidade hipnotizantes que se tornaram sua marca. De forma sensível, relata também os dias ao lado de sua esposa e de seus filhos na zona rural da Suécia, baseando-se nas memórias de sua própria infância para dar uma perspectiva inigualável sobre a relação entre pais e filhos. Nada é pequeno ou grande demais para escapar de sua atenção.

As Convidadas, de Silvina Ocampo (Cia. das Letras, 264 páginas, R$ 79,90)

Segundo livro da autora argentina publicado no Brasil, As Convidadas reúne 44 contos breves em que fantasmas emergem de fotos, crianças surdas-mudas criam asas e o absurdo irrompe de fatos e objetos cotidianos para destroçar a monotonia das relações familiares. Uma das escritoras fundamentais do século XX, Silvina Ocampo vem sendo revalorizada com entusiasmo nos últimos anos. Seu nome é cada vez mais citado como referência por uma nova geração de autoras que tem alcançado protagonismo nas letras latino-americanas, e sua obra começa a sair da sombra de figuras como Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges, que faziam parte de seu grupo literário em Buenos Aires. As Convidadas, lançado originalmente em 1961, é considerado emblemático em sua maturidade estilística. As obsessões da escritora, como as crianças que agem de maneira enigmática e muitas vezes parecem mimetizar os adultos, chegam-nos já no primeiro conto, “Assim eram seus rostos”, até atingirem uma apoteose no texto que dá título ao livro. Nele, um garoto enfermo é deixado a sós com a empregada em seu aniversário de seis anos, quando recebe como convidadas meninas estranhíssimas, vindas sabe-se lá de onde. O desfecho é uma síntese do humor absurdo presente na prosa de Silvina, sempre atravessada por elementos insólitos e perturbadores.

Gabo & Mercedes: Uma despedida, de Rodrigo García (Record, 112 páginas, R$ 64,90)

O relato íntimo dos últimos dias de um dos maiores autores da literatura mundial, Gabriel García Márquez, e de sua esposa e musa inspiradora Mercedes Barcha, escrito pelo filho mais velho do casal, Rodrigo García. Em 2014, aos 86 anos, Gabriel García Márquez, um dos escritores de língua espanhola mais queridos do mundo e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, pegou um resfriado. “Desta, a gente não sai”, disse Mercedes Barcha, sua esposa havia mais de cinquenta anos, a Rodrigo, filho mais velho deles. Para tentar dar sentido ao período difícil que a família teria pela frente, Rodrigo começa a colocar em palavras detalhes daqueles dias que ficariam para sempre em sua lembrança. O resultado é uma crônica forte e emocionante dos últimos momentos do mestre latino-americano e de sua musa inspiradora, que nos deixou seis anos depois de perder seu amado Gabo. Com talento, respeito e delicadeza, Rodrigo García traça um retrato comovente e revelador de uma família que sofre com a perda de um ente querido e transforma uma das mentes mais brilhantes da literatura internacional em um memorável protagonista. Em um encarte com fotos, ele relembra os dias de glória do pai como escritor, momentos marcantes do casamento dele com Mercedes e da vida em família.

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Bamboletras recomenda Jessé, Sidarta e poesia

Bamboletras recomenda Jessé, Sidarta e poesia

A newsletter desta quarta-feira da Bamboletras.

Olá!

Desta vez, excepcionalmente, não recomendaremos nenhum livro de ficção, mas dois ensaios brasileiros e um livro de poesia em edição bilíngue. O de Jessé Souza fala de como o povo brasileiro foi estigmatizado por seus intelectuais. Sidarta Ribeiro fala sobre o fim do mundo e isto não é uma metáfora. Já a Prêmio Nobel Louise Glück vem com belos poemas que não chegam a ser leves, mas que se viram bem na escuridão (leia abaixo).

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Brasil dos Humilhados, de Jessé Souza (Civilização Brasileira, 252 páginas, R$ 39,90)

Com texto de fácil leitura, Brasil dos Humilhados mostra as bases elitistas do pensamento social brasileiro dominante. Aquele mesmo que culpa o povo, supostamente inferior, pelas mazelas do país. O livro expõe como as elites econômicas e políticas se apropriam dos “intelectuais” para aumentar seu domínio sobre a população. Essa visão depreciativa do povo brasileiro foi determinada pelas ideias dos intérpretes mais importantes do país, como Sérgio Buarque de Holanda, e trazida até a atualidade por outros pensadores fundamentais, como Raymundo Faoro e Roberto DaMatta, influenciando a maior parte da inteligência nacional até hoje. Com esta legitimação científica, tal tolice se alastrou por toda a sociedade: das elites industriais, financistas e da mídia aos partidos políticos, da direita à esquerda. Isso fez com que crescessem estigmas sobre a suposta corrupção do povo, sobre a miséria criada por culpa própria e sobre a preguiça, criando uma autoimagem do Brasil como nação sem futuro e da percepção dos brasileiros como seres desprovidos de virtudes.

Sonho Manifesto, de Sidarta Ribeiro (Cia. das Letras, 204 páginas, R$ 44,90)

Mantido o rumo atual da vida na Terra, o futuro é impossível. Em seu novo livro, o autor de O oráculo da noite compartilha conhecimentos de cientistas, pajés, xamãs, mestras e mestres de saber popular, artistas e inventores que nos lembram da importância de sonhar coletivamente com o futuro do planeta. Há cerca de 100 mil anos, um grupo da espécie Homo sapiens fundou a linhagem que veio a conquistar todo o planeta. Uma estirpe violenta em que os mais fortes frequentemente oprimem os mais fracos, mas que também são capazes de muito altruísmo e extremados cuidados parentais. A constatação desse paradoxo é o ponto de partida de Sidarta Ribeiro em seu novo livro. Em Sonho manifesto, o renomado neurocientista denuncia a profundidade da crise ambiental e social ao mesmo tempo em que celebra a oportunidade única que temos hoje de expandir a consciência planetária. O caminho para esse sonho coletivo, diz o autor, é o resgate do melhor de nossa ancestralidade. Pesquisador inquieto, Ribeiro reúne dezenas de histórias de griôs da África ocidental, mestres de Capoeira, babalorixás, xamãs e pajés dos povos originários, além de dados sobre pesquisas científicas recentes e relatos das mais diversas tradições como budismo e taoismo.

Receitas de Inverno da Comunidade, de Louise Glück (Cia. das Letras, 88 páginas, R$ 49,90)

Este é o primeiro livro da poetisa após ter sido laureada com o Prêmio Nobel de Literatura de 2020. Em edição bilíngue, esta é uma coletânea enxuta, de apenas quinze poemas. Neles estão os temas que consagraram Louise Glück como uma das maiores vozes da literatura contemporânea: a solidão, a exaustão, o trauma, as descobertas da juventude e as reflexões que acompanham o envelhecimento. Seus poemas — que mesclam ensaio, ficção, mitologia, psicanálise e filosofia, na forma de épicos condensados — são capazes de iluminar as fragilidades da alma humana. Receitas de inverno da comunidade é um livro poderoso sobre a vulnerabilidade. Ao refletir sobre a finitude, Louise Glück trata de dramas individuais que são comuns a todos nós: “Nunca fui muito boa com coisas vivas./ Com luminosidade e escuridão me viro bastante bem”.

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Os livros mais vendidos de abril na Bamboletras

Os livros mais vendidos de abril na Bamboletras

1. Torre das Guerreiras e outras memórias, de Ana Maria Ramos Estevão
2. Um itinerário íntimo pela psicanálise lacaniana, de Luciano Mattuella
3. Faróis do Rio Grande do Sul — Um Registro Histórico e Fotográfico, de Cláudio Tarta
4. Sobrevidas, de Abdulrazak Gurnah
5. Como cuidar de um familiar com Alzheimer e não adoecer, de Leandro Minozzo.
6. Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
7. O Avesso da Pele, de Jéferson Tenório
8. Os Supridores, de José Falero
9. Tudo sobre o amor, de Bell Hooks
10. Torto Arado, de Itamar Vieira Junior

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