Pior, o candidato da direita ao Governo do Estado, José Fogaça (PMDB)…

…ainda tem o mau gosto de tirar um foto de Dia dos Pais ridícula como essa. Isso só depõe a favor de nosso provincianismo. Eu nunca votaria num sujeito desses, credo.

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O Porque hoje é sábado foi adiado…

… porque fiquei até tarde com amigos e cheguei em casa com sono.

livro

Fiquem com esta imagem roubada ao incansável Eduardo Lunardelli e que nos dá a ideia clara de que o ser humano é dotado não apenas de exterioridade e de interioridade como também de profundidade. É óbvio que me refiro à profundidade no sentido mais amplo e alto do termo, desprezando as noções de leitores mais simples e chãos. Assim, tudo é símbolo e metáfora de outras realidades, muito mais importantes. Pois uma montanha não é apenas montanha. Em sendo montanha, traduz majestade. O mar evoca grandiosidade; o céu estrelado, o infinito; os olhos de uma criança, a alegria da única imortalidade possível a nós; a camiseta do Grêmio, a mediocridade; a nossa, o absoluto. E se colar, colou.

Vejo/sinto a obra acima como uma Obra Aberta, conceito de Umberto Eco divulgado em obra homônima que vocês devem, evidentemente, conhecer de cabo a rabo.

Enquanto isso, em obra que também evoca outras camadas de compreensão, nossa amiga Sandra Pontes, — que mora em São Paulo — , fez questão de referir realidades superiores em seu ambiente de trabalho. Sua atitude, prenhe de filosofia e espiritualidade, foi construir a seguinte e provocadora instalação.

Trata-se de um belo trabalho artístico que merece o prestígio do seleto público sabatino deste blog. Parabéns à Sandra.

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Tudo sobre ontem à noite

Publicado pela manhã no Sul21.

Check-up realizado, ainda algo ressentidos com os testes a que os submeteram Renan e Tinga, os colorados puderam sair às ruas comemorando a sobrevivência na Libertadores e a continuidade do sonho. Foi um tremendo jogo de futebol: além de bem jogado, teve ingredientes dramáticos que não se viam desde O Exorcista e O Iluminado. Afinal, apesar do roteiro batido, baseado na decisão contra o Estudiantes, ontem tudo foi cuidadosamente preparado para iludir o espectador.

O frango de Renan num cruzamento meio besta do extraordinário Hernanes (que jogador!) foi tão surpreendente e apavorante quanto Jack Nicholson escrevendo repetidamente a frase All work and no play makes Jack a dull boy por laudas e laudas naquele hotel. Que coisa, você demite o zelador anterior para evitar surpresas e o novo começa a agir estranhamente… Há algum alucinógeno no gol colorado? Logo após a maracujina do intervalo, o Inter fez o mais esquisito dos gols. D`Alesssandro deu o chute de sempre e o desligado Alecsandro fez o gol de costas, mais ou menos como Linda Blair fazia ao descer as escadas em O Exorcista. Depois, livre do demo, declarou que todos os seus movimentos foram friamente calculados. Aqui, ó!

Dois minutos após o empate, outro chute bisonho – desta vez do São Paulo – encontrou Ricardo Oliveira na frente do gol acompanhado de Nei, que lhe dava condições caminhando em direção ao campo do São Paulo em ritmo e espírito de morto-vivo. Nova vantagem paulista. Ao estoque de mágicas foi acrescentado o déjà vu da expulsão de Tinga. No final do jogo, Rogério Ceni protagonizou a última grande cena: agarrou-se apaixonadamente a Renan como se não houvesse amanhã, impedindo um escanteio que poderia ser a tábua de salvação de seu time.

Os destaques do Inter ficaram por conta de Bolívar – que decididamente evoluiu de sua condição de ex-lateral manhoso – , Sandro, Tinga e Giuliano, o qual entrou em campo como se não tivesse ocorrido nada de anormal. Do lado são-paulino, Hernanes demonstrou que deixará imensas saudades no Morumbi. Considerando-se que o Inter demonstrou mais apetite fora de casa, a classificação foi justa, apesar de estranha.

O Inter enfrenta o Chivas Guadalajara na final. O primeiro jogo da decisão será na próxima quarta-feira, no México. A CBF adiou sine die a partida do próximo domingo contra o Santos.

São Paulo 2 x 1 Internacional

São Paulo: Rogério Ceni; Jean, Alex Silva, Miranda e Junior Cesar; Rodrigo Souto (Marcelinho Paraíba); Hernanes e Cléber Santana (Marlos); Ricardo Oliveira, Fernandão e Dagoberto (Fernandinho). Treinador: Ricardo Gomes

Internacional: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kléber; Sandro e Guiñazu; D’Alessandro (Giuliano), Tinga e Taison (Wilson Mathias); Alecsandro. Treinador: Celso Roth

Cartões amarelos
São Paulo: Fernandão
Internacional: Tinga, Kléber

Cartão vermelho
Internacional: Tinga

Gols: São Paulo: Alex Silva, aos 30 min do 1º tempo, Ricardo Oliveira, aos 8min do 2º tempo. Internacional: Alecsandro, aos 6min do 2º tempo

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Sayad diz que a TV Cultura perdeu qualidade, e tornou-se cara e ineficiente

O estranho é a falta de inteligência do pessoal do PSDB. Então, após 8 anos de adminstração do estado de São Paulo — leia-se José Serra — , o presidente da TV Cultura João Sayad vem à público e, numa nota oficial que é uma confissão de incompetência, avisa que a Cultura é altamente deficitária — sempre foi, não? — e que vai demitir 1400 funcionarios para ficar com 400, número que considera “mais do que suficiente”. Juro que não entendo esta atitude ao apagar das luzes, principalmente se considerarmos que a lei, por causa das eleições de outubro, o impede de demitir antes dezembro.

Além da ineficiência, há o grave problema de ordem social, pois são 1400 funcionários que serão colocados no olho da rua. Eu também admito que, provavelmente, 1800 seja um número alto de profissionais, mas pensemos: Sayad, em sua nota, fala em “perda de audiência e qualidade”. Meu caro Sayad, aí tem segunda e terceira intenção. Em primeiro lugar, a TV Cultura nunca competiu com as TVs comerciais, em segundo lugar, se a Cultura é hoje uma porcaria — e é — é por culpa do abandono de projetos que, um dia já foram muito bem-sucedidos. Não preciso dizer que meus filhos adoravam o Castelo Rá-tim-bum e o notável e educativo O Mundo de Beakman.

Meu caro (e ineficiente) Sayad, com 1800 funcionários, com estúdios, alguma inteligência e pouco dinheiro, qualquer um monta dezenas de programas como o americano Beakman, algo baratíssimo que divulga ciência às crianças de forma divertida. Mais: com boa negociação, um dos seus 1800 funcionários poderia fechar contrato com a OSESP (também estatal) a fim de registrar, divulgar e até vender DVDs de concertos. Com outro grupo, o Sr. poderia refazer o Cartão Verde dos domingos, não?

Se houvesse um mínimo de boa vontade, o Sr. proporia o que propõe em sua nota …

uma “revitalização dos programas admirados, a modernização dos processos administrativos, bem como dos equipamentos, e contando com os talentos que a emissora possui e com a contratação de novos apresentadores e jornalistas.”

… ANTES das demissões e não depois.

Há toda uma cultura de descarte em nossa sociedade, mormente nas pessoas de direita. Eles não veem que reconstruir coisas pode ser ecológico para a alma e para os seres humanos. E… Nossa, Sr. João Sayad, o Sr. detesta o Serra, hein? Eu também! Que fanfarronice!

O brilhante João Sayad preparando o enterro da TV Cultura

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Coisas (muito) engraçadas

Observem o torcedor que tenta agarrar o cruzamento errado de Pujol…

O “logotipo” roubado do Gustavo faz referência…

… a John Cleese, que protagoniza uma das obras-primas do Monty Python,  nem sempre tão nonsense, mas sempre engraçadíssimo. Não coloquei aqui o vídeo porque o Youtube proíbe a incorporação. Clica no Cleese para ver, rapaz!

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Porque vou, mas não gosto de ver a OSPA

Ontem, a OSPA esteve em grande dia. Tocaram muito, o solista e o regente eram ótimos e tudo estava bem ensaiado, mas …

Bem, o programa era o seguinte:

Obras:
W.A.Mozart: Sinfonia nº 25, KV 183, em sol menor
R.Schumann – Concerto para Violoncelo, op.129, em Lá menor
M.Mussorgsky: Quadros de uma exposiçao

Solista: Rodrigo Andrade – Violoncelo
Regente: Karl Martin
Local: Salão de Atos da UFRGS

Há nas escolhas da orquestra um problema de repertório, não? A OSPA repete seus programas de forma muito frequente. OK, sei que Quadros de uma Exposição e que o Concerto de Schumann fazem parte do repertório tradicional das orquestras, mas parece que o da OSPA é mais curto. Por exemplo, apenas uma Sinfonia de Shostakovich é repetida, a 5ª. Já ouvi a 8ª (foi maravilhoso), mas apenas uma vez, há uns dez anos. Haja 5ª! Nunca ouvi a OSPA tocar um Bruckner que não fosse a 4ª Sinfonia e, no ano em que Mahler completa 150 anos de nascimento, dá-se importância aos 200 anos de Schumann, um compositor bem mais fácil e, digamos, menor. Era o ano de se programar uns 3 ou 4 Mahler, certo?

Mais: se quiserem realmente nos fazer chafurdar num repertório repetitivo, há a surpreendente versão de Vladimir Ashkenazy para Quadros de Exposição, a qual apresenta outro colorido, tão fascinante quanto a versão orquestral de Ravel para a obrinha pianística de Mussorgsky. Acho que está mais do que na hora da OSPA decidir seus programas anuais com representantes de seu público, pois o que há hoje é um certo desconhecimento dele por parte da orquestra. (Não, não sou candidato. MESMO! Minha mulher me mataria se eu arranjasse mais um compromisso não remunerado!)

O público da OSPA é formado por eventuais, velhos viciados que gostam da música ao vivo (eu) e jovens. Os eventuais são eventuais. Os velhos viciados ou não conhecem música ou a conhecem. Os que não conhecem engolem qualquer coisa, os que conhecem acabam rindo das mancadas e reclamam e ironizam tudo. Os jovens são jovens e estão numa idade em que as lembranças nos impregnam e permanecem> talvez este seja o momento de formar o público do futuro, sabe-se lá. Mas o grave que ocorre com eles é que a pobreza do repertório acaba forçando com que terminem suas “formações” como ouvintes com gravações, deixando a Orquestra na mão. Quando eles envelhecem, referem-se à OSPA com indulgência e certa pena. Faço esta pequena digressão porque acompanho a Orquestra há 40 anos e sei que seu público diminui, enquanto o interesse pelos eruditos aumenta no Brasil — tenho dados que comprovam o fato.

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É

Lula prepara sua vingança contra Uribe…

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Dostoiévski, de novo

Um pedido do Pedro, através de comentário:

Caro Milton, Conhecedor de Dostoiévski como és, dê essa dica para nós, pequenos mortais, que ainda não o leram por inteiro: há algum tradutor melhor que o outro, alguma edição mais nobre, ou tudo dá no mesmo? Gracias!

Pedro, farei de tudo para manter, nas próximas linhas, este falso conhecimento que me atribuis. Na verdade, li todas as obras de Dostô quando era jovem. Nasci em 1957 e devo tê-las lido nos anos 70. Na época, não havia edições saindo e até era complicado encontrar os livros do autor russo. Tanto que, após ler Os Irmãos Karamazov numa edição da Abril Cultural (Imortais da Literatura, Vol. 1) bati muita perna pelos sebos a fim de encontrar os outros livros. Um dia, recebi um telefonena de um sebo, mais exatamente da Livraria Aurora, avisando que tinham recebido a coleção completa das obras de Dostoiévski da José Olympio. Hoje sei que não era NADA COMPLETA, porém era vendida como se fosse e eu acreditei. Supliquei à minha mãe por uma grana, fui lá e arrematei a coisa. Como busquei de ônibus, fiz duas doloridas viagens para buscá-los. Era bonitos, vermelhos, de capa dura, um show.

E eram o que havia de melhor. Imagine: os tradutores eram Rachel de Queiróz, Ledo Ivo, Brito Broca, etc. Todos os livros vnham com esplêndidos prefácios de gente como Otto Maria Carpeaux e Wilson Martins. Posso te dizer que comi e amei aqueles livros, comi-os como se fossem o melhor Dostô possível, mas não eram. O que tinha de bom eram os prefácios…

Lá pelos anos 80, começaram a aparacer novas traduções, totalmente diferentes. A explicação era incrível. As traduções antigas, aquelas da José Olympio, eram feitas a partir de outras traduções, francesas, feitas no início do século XX. Soube que os tradutores franceses da época não eram nada respeitosos e que açucaravam expressões e até criavam algumas frases facilitadoras. Ou seja, eles adaptavam Dostô para o gosto do leitor francês, aparavam as arestas, retiravam espinhos, deixavam-no … beletrista! Caraglio! Comecei a ler exclusivamente as traduções de Boris Schnaiderman para Tchékhov e Dostô (logo vi que eram muito superiores às segunda mão) e, nos anos 90, a abençoada Editora 34 resolveu montar um time de tradutores para retraduzir todo o Dostoiévski. Antes, aqui e ali, já aparecera o verdadeiro Dostô: nos anos 80, Moacir Werneck traduziu O Jogador e O Eterno Marido direto do russo. O resultado foi um autor muito mais direto e sem firulas. Muito melhor, limpo e impactante, certamente. Fiquei desconfiado… Mas acho que a revelação do verdadeiro Dostô veio com Paulo Bezerra na Editora 34. Digo com a maior tranquilidade que quem leu O Idiota e Crime e Castigo nas traduções antigas, leu outros livros. Dizem meus olhos e minha mente que estes romanções só foram verdadeiramente traduzidos há pouco. As novas versões são Dostô, por mais que Brito Broca tenha feito milagres com sua versão francesa.

Então, meu caro Pedro, a solução é comprar a Coleção da 34 ou outras traduções diretas. Acho que posso pôr minha mão no fogo por Moacir Werneck e Paulo Bezerra. Se não faço outras indicações de tradutores é por não ser o especialista que pensas que sou. Mais: creio que a Coleção Dostoiévski da Editora 34 foi realizada com tanto interesse,  respeito e amor por Dostô que eu a colocaria em primeiro lugar.

Completando este texto meio desorganizado, te afirmo que O Idiota só se tornou a obra-prima quase insuperável que é hoje para mim após a leitura da tradução de Bezerra. A tradução da José Olympio tem todos os méritos associados ao pioneirismo e às parcas possibilidades dos anos 50, mas vão me desculpar, os dois Idiotas não têm nada a ver um com outro. Toda a transcedência e o valor altamente filosófico da obra perdeu-se na passagem para o francês ou para o português. Tanto assim, que li O Idiota da 34 como se fosse totalmente inédito.

Dostoiévski não é nada romântico, nada. É um escritor bem mais duro do que fazem crer as antigas traduções. Porém — e agora falo a todos — , se não houver grana e você encontrar uma das antigas traduções que têm reaparecido ainda hoje a preços módicos, compre do mesmo jeito. Um mau Dostô é superior a quase tudo que haverá em torno.

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Leitura de fim-de-semana

Não por eu ter feito a entrevista, mas por ter um BAITA CONTEÚDO, vale a pena ler.

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O Espermograma

Por motivos estritamente médicos que não declinarei neste espaço, meu amigo foi obrigado a fazer um espermograma. Sim, era simples. Ele se masturbaria e deixaria o resultado material dentro de um vidrinho. Tudo bem, mesmo para um desajeitado como ele… Foi à clinica indicada pelo médico e contou-me que ficou meio escandalizado com o aspecto demasiadamente próspero do local. Tudo bem, mesmo para um duro como ele…  Entrou, entregou a carteira do plano de saúde e ficou esperando chamarem. Demorou. Tudo bem, mesmo para um impaciente como ele… Tratou de armar sua cara mais séria, mas sabia que qualquer coisinha o faria rir. Uma voz feminina chamou pelo Sr. Samuel Weller (ou Veller, remember Pickwick) e ele se ergueu — refiro-me ao corpo — , desejando que a moça fosse bem séria e mal humorada. Era. E ela lhe entregou um vidrinho e um controle remoto.

— O Sr. suba a escadaria. À frente, há um banheiro.

— Sim.

Meu amigo observou o controle remoto em sua mão e não leu nada como Automatic Mastubator, Penis Control, Erection ou Up. Aquilo seria mesmo uma espécie de facilitador? Era.

— Para que serve isto aqui?

— Se o Sr. quiser ver um vídeo…

Sabe quando alguém está pronto para rir e aí lhe dão uma chance? Pois é, ele explodiu. A moça também. Passada a crise, ele disse OK e dirigiu-se à escadaria. O tal banheiro era minúsculo, havia um LCD dos pequenos sobre a privada, uma pia e o local das toalhas estava crivado de revistas pornográficas. Bem, já que estava rindo… Tudo bem, só que, para um lugar tão fino, o Masturbation Room, segundo meu amigo, era acanhado pacas. Nada daquela decoração de motel, nada. Era um reles banheirinho com TV e revistaria. Folheou a Playboy. Tinha fotos de uma mulher da TV. Uma loira de bom traseiro, mas que não era grandemente inspiradora, contou.  Olhou uma outra. O nome era algo parecido com As Estudantes. Meninas trajando e depois tirando roupas escolares. De última categoria. Pegou outra. Nova decepção. Então, mesmo contra seus rígidos princípios, resolveu apelar para a TV, pensando que não gostava tanto das coisas por demais explícitas.

Lá, uma mulher tão atraente quanto a atendente da clínica atendia ao mesmo tempo dois homens de pênis descomunais  (a frase de medonha musicalidade é uma exclusividade de Milton Ribeiro — serve para indicar que o pênis de meu amigo não apontaria tçao facilmente em riste). Puta merda. Guardou as revistas em seus lugares, desligou a TV e apelou para  sua imaginação. Com a graça do criador, disse-me, sua abençoada fantasia nunca o deixou na mão, mesmo nos momentos mais decisivos. Não pretendo declinar neste espaço com quem meu amigo fantasiou, pois é casado com mulher ciumenta. Mas ele disse que funcionou novamente. Colocou  a coisa no vidrinho frio, tampou bem tampado, pegou seus pertences e saiu.

Uma nazista o esperava lá fora. Perguntou-lhe com voz audível quatro andares acima e dois abaixo (pois o som sobe mais do que desce, sabiam?):

— HOUVE DESPERDÍCIO DE MATERIAL?

A gente sempre fica um pouco sonhador e bobo após o… ato e ele caiu alguns degraus de seu devaneio. Logo pensou naqueles insidiosos pingos que fazem parte da plenitude de uma vida masculina e que tanto incomodam mães e esposas, mas achou que a nazista não merecia explicações tão óbvias quanto alongadas.

— Não, acho que não.

As mulheres sempre parecem querer que a gente torça o dito cujo após o uso! Caralho! Elas esperam que, logo após uma mijada, a gente ponha um algodão na ponta a fim não salpicar a cueca? Que merda. E seguiu seu caminho, sentindo o restante daquilo que os poetas chamam de sêmen marcar suas cuecas samba-canção, pois, assim como eu, prefere assim:  nada de deixar o bicho preso. Afinal, somos democratas.

Narrativa ouvida ontem à noite, após o comício de Lula, Dilma, Tarso e Paim no Gigantinho.

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Música para mal formados

Hoje, acompanhei pelo twitter uma discussão sobre música que me deixou curioso, tanto que procurei ouvir aquilo do qual falavam com tanta reverência. Peço desculpas a quem reconhecer a discussão, mas a música discutida era primária. Não vou entrar nessa de avaliar se era boa ou ruim, provocativa ou new age, monótona ou intrigante; vou apenas dizer que era constrangedoramente simples.

Haydn e Bruckner eram também assim só que na vida civil. Os registros históricos tratam de Haydn — um gênio que chegou a inventar novas formas musicais, como o quarteto de cordas — como um bobo alegre. Já sobre Bruckner, que faleceu ao final do século XIX, temos informações certeiras. Era um carola que não sabia nada do mundo, era meio tolo mesmo, mas ouvir suas sinfonias e achar seguir achando o cara simples é impossível! O cara era, do ponto de vista musical, de complexidade e profundidades abissais. Então, penso que haja uma inteligência específica voltada à musica. Esta transcende gêneros, pois, por exemplo, Frank Zappa foi roqueiro brilhante, Charlie Mingus um jazzísta e Steve Reich… O que faz mesmo Steve Reich?

Desculpe se pareço nojento ou elitista, normalmente sou mais gentil, mas é que quedei-me boquiaberto que aqueles escritores ficassem abobalhados por músicas que, antes de revelarem determinadas etnias, vivências ou culturas, demonstravam estruturas que tornariam qualquer frase SVO (Sujeito-Verbo-Objeto) digna de estudos. OK, tudo é diversão. Também acho. Só que a gente pode se divertir com Bergman ou Zé do Caixão, com Coetzee ou Paulo Coelho. São escolhas, vivências e cultura. Mas, engraçado, não consigo imaginar um papo semelhante entre escritores argentinos, ingleses, portugueses ou, pior, alemães. E tenho certeza de que isto é muito, mas muito significativo.

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Larissa Riquelme teve AQUELE celular roubado

Os cariocas, comprovando seu perfil geral de irremediáveis criminosos lombrosianos sem remissão, roubaram a ínclita modelo paraguaia Larissa Riquelme em Ipanema. A modelo, que, não obstante a procedência, parece ser real, reagiu aos gritos, pois os cariocas típicos meliantes malvados levaram o excelso celular na moça. Porém, pergunto eu, quem não gostaria de ter em mãos o CELULAR DE LARISSA RIQUELME? Qual o ladrão que não gostaria de tocar e cheirar a maravilha tecnológica que frequentou o mais quente e estofado colo da Copa do Mundo? Só para enganar a torcida, os terríveis cariocas proto-assassinos levaram também duas máquinas fotográficas e documentos. Bobagens. Só para enganar, claro, pois após várias concorridas sessões coletivas de reconhecimento do celular, amanhã à noite haverá o leilão do aparelho na filial da Christie´s da Rocinha.

A paulista Playboy ameaçou rasgar o contrato de nudez que assinara com a musa. Faltava o celular original. Conta-se que Larissa causou grande espanto e decepção entre os contraventores cariocas pelo fato de seu celular ter sido rebaixado nos últimos dias para outros sítios. Pergunta: de onde os adrões tiraram o celular de Larissa? Detalhe: no momento do roubo, a paraguaia — que garante ter feito apenas duas cirurgias na vida (uma no septo nasal) — estava de biquini. Ahhhh! Algumas pessoas dizem que o referido celular é daqueles falsificados de 2 chips que vivem dando problema. Mas eu garanto que ele está funcionando, tanto que eu ligo e quem atende é outra pessoa.

Enquanto isso, acabo de ler no twitter de meu filho — ele se encontra em Buenos Aires — que ele foi “alvejado por uma pomba que mais parecia um condor com diarréia”.  Sei lá, tudo isso deve ser um sinal. Não sei do que, mas é indiscutivelmente um sinal.

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Dez falsos motivos para não votar na Dilma

Por Jorge Furtado

Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.

Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)

Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.

Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.

1. “Alternância no poder é bom”.

Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.

2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.

Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.

3. “Dilma não é simpática”.

Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.

4. “Dilma não tem experiência”.

Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.

5. “Dilma foi terrorista”.

Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.

6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.

Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.

7. “Serra vai moralizar a política”.

Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista – no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC – foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.

8. “O PT apóia as FARC”.

Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?

9. “O PT censura a imprensa”.

Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.

10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.

Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.

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(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.

Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões

Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78

Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.

Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%

Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%

(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:

José Serra começou sua campanha dizendo: “Não aceito o raciocínio do nós contra eles”, e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.

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Armando`s Rhumba e algumas das Children Songs, de e com Chick Corea

Quando surgiu em 1976 no álbum duplo My Spanish Heart, Armando`s Rhumba tinha solo de piano (Corea) e violino (Grappelli), acompanhamento de baixo e bateria e ainda palmas. É impossível pedir a um músico de jazz que mantenha uma composição tal como o original. Com os anos, a parte “rumba” foi ficando cada vez mais breve e Corea foi colocando uma introdução maior e diminuindo o tamanho do resto. Hoje, a rumba quase inexiste, Armando`s Rhumba é totalmente outra coisa mas permanece boa de ouvir. Acho legal a cara dos músicos quando, após a execução, levantam satisfeitos com jeito de “mandei bem”. Corea faz essa cara no filme abaixo.

No seguinte, algumas das Children Songs com Chick Corea e Gary Burton (vibrafone). Vale a pena assistir até o fim. Afinal, em minha opinião, só essas miniaturas bastam para enfrentar as obras de Philip Glass e Michel Nyman — os Paulo Coelhos da música erudita atual — , os quais costumam ser tratados com incompreensível indulgência. Para comprovar, confira a Children Song que começa a 7min55.

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Baita mentira

Ah, o cinema…

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Como sempre, El Roto …

… maravilhoso no El Pais.

Agora, às 14h25, acrescentei mais uma charge abaixo.

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Günter Grass relembra passado e se diz otimista com futuro da Polônia

O autor Günter Grass tem, ao mesmo tempo, fortes conexões com a Alemanha e com a Polônia. Entretanto, em entrevista para a Deutsche Welle, diz que não tem um lar. Este espaço, segundo ele, foi preenchido pela literatura.

O prêmio Nobel de Literatura Günter Grass é autor de obras como O Tambor (1959), Meu Século (1999) e Nas Peles da Cebola (2006). O autor conversou com a Deutsche Welle sobre suas impressões a respeito da identidade polonesa e revisitou alguns eventos políticos importantes que influenciaram seu trabalho.

Deutsche Welle: Como polonês que veio para a Alemanha depois da Segunda Guerra, de que forma você avalia sua recepção na Polônia? As pessoas lá não o temem, mas o celebram e o defendem contra alguns difamadores.

Günter Grass: Eu fico feliz, é claro. É uma história longa para alguém como eu, que vem de uma família desterrada, e claro que não foi fácil naquele tempo imediatamente depois da guerra, quando você considera a história entre Alemanha e Polônia.

Os meus livros ajudaram a apresentar a história desse país à geração que cresceu em Danzig [nome da cidade durante a dominação germânica entre 1793 e 1945 – hoje a cidade polonesa se chama Gdansk] depois da guerra – a propaganda e 1945 eram assuntos de séculos passados para eles. As pessoas adotaram tudo isso, o que foi bem recebido. E isso também culminou no fato de as pessoas aceitarem quando eu fazia críticas sobre a Polônia ou sobre o nacionalismo polonês. Porque as pessoas sabiam que eu fazia comentários também em certos círculos aqui na Alemanha.

Você estava lá em 1970 quando o então chanceler federal alemão Willy Brandt se ajoelhou diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia. Qual foi a sua sensação e como você a avalia hoje?

Eu estava num canto da multidão, e eu tenho que dizer que fiquei chocado porque imediatamente imaginei como aquilo seria recebido na Alemanha. E não foram poucos os comentários de escárnio sobre isso.

Muitos anos depois, eu escrevi sobre quando Brandt se ajoelhou no livro Meu Século, sob a perspectiva de um jornalista reservado que presencia a cena, e que vê o fato parcialmente, como um tipo de propaganda feita por parte de Brandt, mas que também pensa em como escrever sobre isso de modo que um jornal queira publicar.

Aqueles não eram exatamente os meus pensamentos, mas o evento certamente provocou muitas coisas. Mesmo muitos poloneses tiveram um tempo difícil para compreender a motivação de Brandt, e eles refletiram extensivamente sobre esse significado.

Você acha que há um risco no sentido de a História ser reinterpretada de maneira que os alemães, de repente, se vejam como vítimas do período da Segunda Guerra?

Eu vejo a divisão das pessoas entre vítimas e perpetradores como um assunto artificial. Os alemães se tornaram simultaneamente os perpetradores e as vítimas de suas políticas. Quando penso nos jovens alemães que foram deportados, claro que eles são vítimas da política dos alemães. Qualquer ato de desterro é um crime, e o desterro de alemães também foi um crime e uma consequência terrível daquele período. Isso é um fato que você tem que reconhecer. Fazer a distinção entre vítimas e perpetradores não ajuda nesse ponto.

Você nasceu em Danzig  e se tornou uma personalidade na cidade. Você também tem muitos amigos na Polônia. Mas onde é o seu lar?

Para mim, lar é algo que foi perdido, mas eu tento transformar essa experiência em algo positivo. Para mim, a literatura oferece essa possibilidade, desde que você persista nesse propósito com certa obsessão.

A história de Gdansk é de destruição e revitalização e de lembrança. Depois de ter escrito O Tambor, eu voltei várias vezes para Gdansk para encontrar os vestígios dessa cidade. A fase de reconstrução e os primeiros sinais de agitação nos anos de 1970, e a revolta dos trabalhadores – tudo isso entrou nos meus escritos. Nesse sentido, eu sou um polonês que está na Alemanha.

Recentemente, Bronislaw Komorowski ganhou a eleição presidencial na Polônia contra Jaroslaw Kaczynski. O que você acha desse resultado?

É um grande alívio para mim, esse é o futuro da Polônia. O país tem que deixar de ser uma vítima absoluta. Há uma geração nova que terá um papel importante na Europa, e estou convencido que o novo presidente representa bem isso.

Com Deutsche Welle (ho, ho, ho) / Entrevista: Barbara Cöllen / Revisão: Roselaine Wandscheer

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Pouca pressão

Não queria estar na pele do pessoal do Vox Populi hoje. Ontem, vários sites anunciaram que Dilma apareceria com 43% contra 37% de Serra. A diferença é grande, mas o pior para Serra é que Marina teria caído muito, deixando bem consistente a possibilidade de tudo se resolver no primeiro turno.

A pesquisa, encomendada pela Band, sairia ontem à noite. Só que ainda não foi publicada… São 13h20 do dia seguinte.

Já imaginaram a pressão? Será que ela aparecerá com os números anunciados? Não, não desejaria estar na pele de ninguém do Vox Populi. Nem dos chefes, nem dos técnicos.

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Dê só o melhor a seu cão

É o que todo veterinário indica!

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O mais puro Kafka…

Aqui.

E, segundo o jornal israelense Haaretz, tem mais…

The German Museum of Modern Literature Thursday rejected a demand from Israel’s National Library that it return the manuscript of Franz Kafka’s novel “The Trial,” saying it acquired the manuscript legally.

The National Library claims the manuscript was illegally sold to Germany by Esther Hoffe, former assistant to Kafka’s friend Max Brod, and that it is the manuscript’s legal heir.

The museum, however, said the manuscript was bought transparently, at a public auction, without objections. It added that as far as it knows, Brod gave the manuscript to Hoffe as a gift.

??? Se metem em tudo…

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