Bom dia, Abel Braga (e esquece o fio-terra, tá?)

Bom dia, Abel Braga (e esquece o fio-terra, tá?)
Abel Braga falando sobre Wianey Carlet na ESPN
Abel Braga falando sobre Wianey Carlet na ESPN

Se as pessoas fossem mais versadas nas disciplinas das bagaceirices deste mundo, teriam entendido melhor o que Abel Braga disse sobre Wianey Carlet ao referir-se a ele como eletricista “especialista em fio-terra”. Bem, tirem as crianças da frente da tela do computador: há homens que curtem fio-terra, ou seja, gostam que suas parceiras lhes enfiem o dedo no ânus durante o ato sexual. E paramos de explicar por aqui. Não, Abel, não foi legal. Tu nunca deverias ter dito isso. Se a diretoria do Inter tivesse alguma ascendência sobre a tua todo-poderosa figura, ela deveria te advertir, talvez punir, pois és um representante do clube. Foi pesado, Abel. (Aliás, deverias fazer um regime. Estás com certo sobrepeso, não?).

Wianey Carlet, para quem não sabe, é um comentarista esportivo aqui de Porto Alegre. É ruim, repetitivo, cego e insistente como só ele consegue ser. Como ouço com mais ou menos isonomia as quatro estações da rádio da cidade que transmitem esporte, sei que WC é o pior de todos os argumentadores futebolísticos da cidade — o time da Guaíba-Record é o melhor, atualmente. Mas ninguém merece a resposta de Abel.

Outra vez, Abel acusou David Coimbra de ser gremista. Bem, tal acusação não é ofensiva, pode ser lida pelos familiares do David sem maiores problemas. Agora, invadir ou inventar detalhes da privacidade alheia é feio pacas, Abelão.

Sobre o jogo de ontem: bem, a opção do clube foi a de abrir mão da Copa do Brasil e da Sul-Americana. E será cobradíssimo pela torcida para ser campeão brasileiro ou para acabar o Brasileiro no G-4. Aguardamos os próximos capítulos.

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Retrospectiva: os melhores filmes e livros de 2013

Publicado em 24 de dezembro de 2013 no Sul21.

Ah, as listas de fim de ano… Como suportá-las? E como não lê-las, nem que seja para se irritar com a ausência do filme querido ou com a presença daquilo que se detestou visceralmente? Como resultado de ampla discussão no ambiente Sul21, chegamos a dez livros, mas, devido aos muitos e exaltados apartes, não obtivemos chegar ao mesmo número de filmes. Resultado: são dez livros e onze filmes. Os filmes foram comparados e colocados em ordem de preferência. É a cultura pública e comum de nosso tempo. Já os livros não foram lidos por todos, o que tornou a discussão menos drástica.

Aliás, na lista de livros, tivemos a colaboração de Lu Vilella, da Bamboletras, que não apenas fez sua lista como repassou a lista dos livros mais vendidos de sua livraria, talvez a de público “mais literário” de Porto Alegre. E, nos filmes, algo de estranho: contrariamente aos últimos anos e em contrariedade à legenda da foto abaixo, temos onze filmes consistentemente bons.

Cena de abertura da obra-prima Holy Motors: todos dormem assistindo a chatice do cinema atual...
Cena de abertura da obra-prima Holy Motors: todos dormem assistindo a pasmaceira do cinema atual…

Além de Lu Vilella, colaboraram os jornalistas Iuri Müller e Débora Fogliatto, além do historiador Éder Silveira e diversos sites de editoras, dos quais utilizamos textos.

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Os onze melhores filmes de 2013:

~ 1 ~
Tabu

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Tabu é grande cinema. E esta afirmativa vem carregada de significados. Pois são as imagens da segunda parte do filme, “O Paraíso Perdido” — trecho com som, mas sem diálogos –, que dão sentido a esta elogiadíssima obra do português Miguel Gomes. Aliás, a seção “O Paraíso Perdido” é uma arrebatadora reconstrução da memória de tempos idos. Tabu foi filmado em glorioso preto e branco e conta uma história de amor. Dele emana um charme passadista, mas sem ranço, devido a uma estrutura narrativa lotada de artifícios inteligentes e de bom gosto. Tudo em Tabu trabalha para a poesia e para a história. Um filme imperdível.

~ 2 ~
Holy Motors

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Leos Carax filma pouco, infelizmente. Seus Sangue Ruim (1986) e Os Amantes de Pont-Neuf (1991) são filmes de referência para os cinéfilos. Holy Motors (2012) não é uma obra destinada àqueles que desejam uma história linear e convencional. O Sr. Oscar — vivido por Denis Lavant, ator onipresente nos filmes de Carax — tem um estranho trabalho. Anda de limusine por Paris, recebendo ordens para atuar em diversos papéis que lhe são passados por uma estranha organização. E percorre a cidade cumprindo uma série de compromissos sem nexo entre si, onde humor e drama não estão ausentes. Há uma cena de dança, outra em esgotos e cemitérios, há outra em o Sr. Oscar morre de forma tocante (e subitamente acorda para o próximo compromisso), outra é um crime e assim vamos visitando diversos gêneros cinematográficos que deságuam numa intrigante cena final, onde várias limusines comentam que o mundo não quer mais emoção, no que parece uma crítica ao cinema atual. Quem é sua plateia? Onde estão as câmeras? Qual sua verdadeira identidade?

~ 3 ~
A Bela que Dorme

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A Bela que Dorme, o último filme de Marco Bellocchio, tem como eixo narrativo a história real de Eluana Englaro, italiana que passou vinte anos vivendo de maneira artificial e gerou enorme debate sobre a eutanásia no país. Assim, diversos personagens e situações convergem para o drama de Eluana – como o senador que se vê em crise com a política e se posiciona de forma contrária ao seu partido sobre a questão, a filha religiosa do político que se apaixona por um manifestante, e a suicida que busca as janelas de um hospital italiano para pôr fim à vida. Em A Bela que Dorme, estão contidos os temas pendentes da Itália de hoje e o direito à salvação – da ou pela morte – dos seus taciturnos personagens. (Por Iuri Müller.)

~ 4 ~
O Cavalo de Turim

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O que Béla Tarr propõe é uma experiência sensorial e semântica inteiramente distinta do que é possível em qualquer outro gênero artístico. O jogo que o diretor estabelece com o tempo apenas é possível no cinema, talvez no teatro. O Cavalo de Turim mostra seis dias de dois personagens — pai e filha — que vivem numa casa de pedra na zona rural da Hungria entre a aridez, o vento e o frio constantes. Falta tudo, tudo é monotonia e tudo é vida, dor e trabalho. (Coincidência, não?) Eles só têm batatas para comer, têm também um poço minguante, um destilado que deve ser parecido com a vodka, creio, e um cavalo velho e doente. Seus dias são iguais, com poucas variações, sempre no aguardo de condições melhores. Talvez a melhor descrição de O Cavalo de Turim seja a de um filme de cenas quase iguais — mas sempre filmadas de forma diferente — sobre a pesada rotina de vidas sacrificadas. Tarr vai curiosamente acumulando tempo sobre tempo e sua insistência acaba por mostrar a força e o cansaço, equilibrando-se entre a tão somente sobrevivência e a provável aniquilação, numa compassiva melancolia da resistência. Duro, mas imperdível.

~ 5 ~
O Som ao Redor

kleber mendonca filho

Filmaço. A narrativa é um mosaico de histórias de moradores de uma rua de classe média do Recife. Nela, re­side o empresário que expandiu seus negócios na base da especulação imobiliária — e que antes era um senhor de engenho — , o filho temeroso da violência urbana, os dois netos — um que trabalha alugando os apartamentos da família e outro um estudante que arrom­ba carros –, outra família gerida por uma mãe estressa­da que não suporta os latidos de um cão de guarda. Ou seja, pessoas rotineiras, comuns. Então, o que faz de O Som ao Redor um filme tão significativo e bom? Ora, os excelentes diálogos, as boas atuações e a ousadia e inventividade do diretor Kleber Mendonça, que fez uma inteligente abordagem de alguns temas como o preconceito de classe, a especulação imobiliária, a violência, o racismo estilo Brasil, o consumismo. O Som ao Redor não é um filme experimental, ao contrário, ele abre portas para o diálogo com o público, ao estabelecer um corpo-a-corpo com seu tempo histórico. Filmaço.

~ 6 ~
Amor

Michael Haneke Emmanuelle Riva Jean-Louis Trintignant na rodagem de Amor

Justamente elogiado e premiadíssimo — a fim de dar chance a outras produções, Michael Haneke pediu para ficar de fora de algumas disputas após vencer Cannes e o Globo de Ouro — , Amor é um retrato realista e digno da velhice. É a história de Anne (Emmanuelle Riva, 85 anos, a mais velha indicada ao Oscar de melhor atriz) e Georges (Jean-Louis Trintignant, 82), dois professores de música aposentados que vivem tranquilamente em Paris. O casal faz compras, vai a concertos, cozinham, tomam café da manhã e convivem após décadas de amizade, cumplicidade e amor. É quando Anne tem um AVC, ficando com um lado do corpo paralisado e precisará de auxílio. O filme é extraordinário. Michael Haneke é um dos raros diretores contemporâneos que têm acumulado filmes relevantes, nada esquecíveis. Código Desconhecido, Caché, Violência Gratuita, A Professora de Piano e A Fita Branca são claras comprovações de que este austríaco veio para marcar deixar sua marca no cinema do início deste século.

~ 7 ~
A Caça

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Thomas Vinterberg é um grande cineasta. Talvez sua produção seja superior — qualitativamente — a de seu conterrâneo e ex-companheiro de Dogma 95 Lars von Trier. Penso até que Vinterberg seja o que von Trier pretende ser. O diretor tem duas obras-primas em seu currículo: Festa de Família (1998) e Submarino (2010). Neste A Caça, Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Boa praça e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia, a pequena Klara (Annika Wedderkopp), de apenas cinco anos, diz à diretora da creche que Lucas lhe mostrou suas partes íntimas. Klara na verdade não tem noção do que está dizendo, apenas quer se vingar por se sentir rejeitada em uma paixão infantil que nutre por Lucas. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive.

~ 8 ~
Um Toque de Pecado

um toque de pecado

Um filme extraordinário. Quatro histórias que dialogam entre si, todas elas tiradas da crônica policial, retratando a violência e a mudança de valores na China. Há a cena do funcionário que tenta denunciar a corrupção em sua vila — o resultado é que toma uma surra espetacular e acaba decidindo pegar em armas. Há a cena da moça que, confundida com uma prostituta, recusa os avanços de um “cliente” e é por ele esbofeteada com um maço de cédulas de dinheiro. Pois bem, o capitalismo toma conta do país e o simbolismo de confundir e esbofetear alguém com dinheiro é claro. Aqui, Jia Zhang-Ke faz seu filme mais universal, abordando a criminalidade de um país emergente, misturando gêneros — o policial, a ação taiwanesa, o filme de samurai — para construir uma crônica polifônica da China atual, que é, na verdade, um faroeste.

(Só encontramos o trailer do filme com legendas em inglês. Pedimos desculpas).

~ 9 ~
Azul é a Cor mais Quente

Adele Exarchopoulos Lea Seydoux

Primeiro filme baseado em quadrinhos a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, Azul é a cor mais quente narra a história de amadurecimento, amor e sofrimento da jovem Adèle (chamada Clementine no livro). No início da trama, ela é uma adolescente insegura que encontra uma menina de cabelos azuis e, ao se aproximar dela, entra em conflito com sua própria ideia de sexualidade, com sua família e colegas. O relacionamento de Adèle e Emma, intenso e conturbado, é interpretado de forma realista e sensível pelas atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, que também foram reconhecidas com o prêmio de Cannes. As cenas de sexo explícito entre as duas garotas causaram polêmica e geraram críticas da autora da história original ao diretor Abdellatif Kechiche, chegando a classificá-las como pornográficas e a dizer que foram claramente pensadas do ponto de vista de um homem heterossexual. Apesar das pesadas críticas, o coração da HQ de Julie Maroh está no filme: o retrato de uma garota apaixonada lidando com a sua sexualidade, suas angústias e a intolerância da sociedade. (Por Débora Fogliatto).

~ 10 ~
Tatuagem

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Com Irandhir Santos em dia ainda mais brilhante do que em “A Febre do Rato” e “O Som ao Redor”, Tatuagem tem na desenvoltura dos seus atores o motivo para os maiores elogios. Ambientado em Recife, o filme de Hilton Lacerda narra a história de amor entre o líder do grupo de teatro “Chão de Estrelas” e um jovem soldado do Exército brasileiro – durante a ditadura militar. A nudez onipresente, a forma com que a dramaturgia toma conta do enredo e as cores do insólito relacionamento (entre cálido, inocente e impossível) fazem com que o encantamento permaneça firme durante os 110 minutos. (Por Iuri Müller).

~ 11 ~
Depois de Maio

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Em 1971, nos arredores de Paris, Gilles é um jovem estudante imerso na atmosfera criativa e política da época. Como os seus colegas, ele está dividido entre o investimento radical na luta política e a realização de desejos pessoais. Entre descobertas amorosas e artísticas, sua busca o leva à Itália e ao Reino Unido, onde ele deverá tomar decisões essenciais ao resto de sua vida. Antes de ser o painel de uma geração, Depois de Maio é um filme sobre escolhas. Na primeira cena, um professor diz que entre céu e inferno existe a vida. Na cena seguinte, Gilles já está panfleteando na frente da escola, lembrando que a manifestação foi proibida pela polícia. A manifestação e uma batalha campal acontecem. Os policiais batem a valer. Para onde ir? Belo filme de Olivier Assayas.

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E os dez livros, em ordem alfabética:

Antologia da literatura fantástica,
de Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares, Silvana Ocampo

Antologia da Literatura Fantástica
Numa noite de 1937, ao conversar sobre ficções fantásticas, três amigos – Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo – resolveram criar uma antologia com seus autores preferidos. Três anos depois, foi lançada a Antologia da literatura fantástica, consolidada em sua edição definitiva 25 anos depois, obtendo enorme sucesso não só de estima como de público. Do filósofo Martin Buber ao explorador Richard Burton, passando pela tradição dos contos orientais, além de Cortázar, Kafka, Cocteau, Joyce, Wells e Rabelais, são 75 histórias – não só contos, como fragmentos de romance e peças de teatro – que nos apresentam uma literatura marcada pelo imaginário e por um modo diferente de representar a realidade. (Do site da Cosac Naify).

Assim na terra,
de Luiz Sérgio Metz

Assim na Terra
A longa viagem de Luiz Sérgio Metz pelo sul – viagem talvez de toda vida, mas certamente de um romance – foi publicada ainda em 1995, poucos meses antes da morte do escritor. Editado outra vez em 2013, pela Cosac Naify, Assim na terra pode agora ir além dos elogios da crítica especializada, algo que de alguma maneira já havia conseguido na época do lançamento, para então alcançar os leitores que o romance não teve na década em que foi pensado e escrito. Em Assim na terra, desfilam ideias e escritores, aparecem modernos tratores e seres perdidos no caminho, surgem as transformações que impactam no ambiente rural e no homem. Romance distinto de quase todos os outros, Assim na terra reaparece para os leitores quase vinte anos depois – com a impressão de que ali estão palavras novas, frases que ainda não haviam sido lidas. (Por Iuri Müller).

Barba ensopada de sangue,
de Daniel Galera

Barba Ensopada de Sangue
Neste quarto romance de Daniel Galera, um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista (cujo nome não conhecemos) se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, o misterioso Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores. Sempre acompanhado por Beta, cadela do falecido pai, o professor esquadrinha as lacunas do pouco que lhe é revelado, a contragosto, pelos moradores mais antigos da cidade. Portador de uma condição neurológica congênita que o obriga a interagir com as outras pessoas de modo peculiar, o professor estabelece relações com alguns moradores: uma garçonete e seu filho pequeno, os alunos da natação, um budista histriônico, a secretária de uma agência turística de passeios. Aos poucos, ele vai reunindo as peças que talvez lhe permitam entender melhor a própria história. (Do site da Companhia das Letras).

Barreira,
de Amilcar Bettega

Barreira
Fátima mostra Istambul através da janela, como que alcançando a cidade com a mão. Aponta o Haliç, os bairros de Fener e Balat, identificáveis apenas através das luzes. Quem observa do outro lado da câmera é Ibrahim, pai de Fátima, que está em Porto Alegre. Ele logo viajará a Turquia, mas Fátima não estará no aeroporto e tampouco na pensão onde costumava se hospedar. Barreira, primeiro romance do escritor gaúcho Amilcar Bettega, começa com o desespero de Ibrahim, mas se esparrama pelas ruas de Istambul, chega a Paris e não para de encontrar situações mal resolvidas. “Eu queria um livro intencionalmente construído a partir de e entre buracos e pontos obscuros, de maneira que ao final fosse impossível ter-se uma versão incontestável daquilo que o romance contava”, disse o autor sobre o livro que integra a coleção “Amores Expressos”, da Companhia das Letras. (Por Iuri Müller).

Divórcio,
de Ricardo Lísias

Divórcio
O ponto de partida de Divórcio é bastante simples: com cerca de quatro meses de casamento, Ricardo Lísias encontra o diário de sua esposa. Ao abri-lo, lê uma passagem e fica estarrecido. A mulher com quem acabara de se casar, uma jornalista da área de cultura e critica de cinema, se revelava nas páginas de seu diário uma fria arrivista, que via Ricardo com desprezo. Afinal, apesar de ser um escritor promissor, ele passava os seus dias lendo e escrevendo e não possuía grandes ambições materiais. A partir dessa descoberta, acompanhamos pari passu a luta do autor para se recuperar e voltar a escrever e a desconstrução que ele opera do lugar de onde a sua ex-esposa saiu, a redação dos grandes jornais e revistas do país, a partir de um retrato duro de seus atores, os jornalistas. (Por Éder Silveira)

Essa coisa brilhante que é a chuva,
de Cíntia Moskovich

Essa Coisa Brilhante que é a Chuva
Depois de lançar Por que sou gorda, mamãe?, um dos mais apreciados romances brasileiros em 2006, Cíntia Moscovich apresenta ao público Essa coisa brilhante que é a chuva, volume que reúne contos inéditos escritos ao longo de seis anos e que teve o patrocínio de Petrobras Cultural e do Ministério da Cultura. Com muita originalidade e impressionante sensibilidade, Cíntia Moscovich aborda temas corriqueiros e inevitáveis: o ciúme do filho pela mãe, a adoção de um cachorro abandonado, um jovem casal às voltas com uma reforma na casa. Valendo-se de muito humor — e da tragédia sempre correspondente —, a autora conseguiu uma reunião de contos tão coesos, e tão divertidos, que mais parecem uma só narrativa, tornando a leitura uma experiência única. (Do site da editora Record).

Poética,
de Ana Cristina César

Poética
Ana Cristina Cesar deixou em sua breve passagem pela literatura brasileira do século XX uma marca indelével. Tornou-se um dos mais importantes representantes da poesia marginal que florescia na década de 1970, justamente pela singularidade que a distanciava das “leis do grupo”. Criou uma dicção muito própria, que conjugava a prosa e a poesia, o pop e a alta literatura, o íntimo e o universal, o masculino e o feminino – pois a mulher moderna e liberta, capaz de falar abertamente de seu corpo e de sua sexualidade, derramava-se numa delicadeza que podia conflitar, na visão dos desavisados, com o feminismo enérgico, característico da época.  Entre fragmentos de diário, cartas fictícias, cadernos de viagem, sumários arrojados, textos em prosa e poemas líricos, Ana Cristina fascinava e seduzia seus interlocutores, num permanente jogo de velar e desvelar. Cenas de abril,Correspondência completaLuvas de pelicaA teus pésInéditos e dispersosAntigos e soltos: livros fora de catálogo há décadas estão agora novamente disponíveis ao público leitor, enriquecidos por uma seção de poemas inéditos, um posfácio de Viviana Bosi e um farto apêndice. A curadoria editorial e a apresentação couberam ao também poeta, grande amigo e depositário, por muitos anos, dos escritos da carioca, Armando Freitas Filho. Dos volumes independentes do começo da carreira aos livros póstumos, a obra da musa da poesia marginal – reunida pela primeira vez em volume único – ainda se abre, passados trinta anos de sua morte, a leituras sem fim. (Do site da Companhia das Letras).

Toda poesia,
de Paulo Leminski

Toda Poesia
Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes onstruções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e superinformada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”. Ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, o autor praticou ao longo de sua vida um jogo de gato e rato com leitores e críticos. Se por um lado tinha pleno conhecimento do que se produzira de melhor na poesia – do Ocidente e do Oriente -, por outro parecia comprazer-se em mostrar um “à vontade” que não raro beirava o improviso, dando um nó na cabeça dos mais conservadores. Pura artimanha de um poeta consciente e dotado das melhores ferramentas para escrever versos. Entre sua estreia na poesia, em 1976, e sua morte, em 1989, a poucos meses de completar 45 anos, Leminski iria ocupar uma zona fronteiriça única na poesia contemporânea brasileira, pela qual transitariam, de forma legítima ou como contrabando, o erudito e o pop, o ultraconcentrado e a matéria mais prosaica. Não à toa, um dos títulos mais felizes de sua bibliografia é Caprichos & relaxos: uma fórmula e um programa poético encapsulados com maestria. (Do site da Companhia das Letras).

Todos nós adorávamos caibóis,
de Carol Bensimon

Por Bernardo Jardim Ribeiro -_-6
Cora e Julia não se falam há alguns anos. A intensa relação do tempo da faculdade acabou de uma maneira estranha, com a partida repentina de Julia para Montreal. Cora, pouco depois, matricula-se em um curso de moda em Paris. Em uma noite de inverno do hemisfério norte, as duas retomam contato e decidem se reencontrar em sua terra natal, o extremo sul do Brasil, para enfim realizarem uma viagem de carro há muito planejada. Nas colônias italianas da serra, na paisagem desolada do pampa, em uma cidade-fantasma no coração do Rio Grande do Sul, o convívio das duas garotas vai se enredando a seu passado em comum e seus conflitos particulares: enquanto Cora precisa lidar com o fato de que seu pai, casado com uma mulher muito mais jovem, vai ter um segundo filho, Julia anda às voltas com um ex-namorado americano e um trauma de infância. Todos nós adorávamos caubóis é uma road novel de um tipo peculiar; as personagens vagam como forasteiras na própria terra onde nasceram, tentando compreender sua identidade. Narrada pela bela e deslocada Cora, essa viagem ganha contornos de sarcasmo, pós-feminismo e drama. É uma jornada que acontece para frente e para trás, entre lembranças dos anos 1990, fragmentos da vida em Paris e a promessa de liberdade que as vastas paisagens do sul do país trazem. Um western cuja heroína usa botas Doc Martens. (Do site da Companhia das Letras).

Vida querida,
de Alice Munro

Vida Querida
Os contos de Vida querida são ricos como romances – com personagens, tramas e vozes desenvolvidas em toda sua potencialidade -, mas, precisos como pede a tradição do gênero, prescindem de qualquer elemento que não seja essencial. O leitor, conduzido por narradores capazes de segurar a tensão do começo ao fim, se entrega a percursos surpreendentes, anunciados com sutileza e maestria em pistas esparsas. É o caso do conto que abre o livro, “Que chegue ao Japão”: Greta se despede do marido e parte com a filha numa viagem de trem que acaba se tornando uma aventura conflituosa pelos caminhos do desejo feminino; em “Dolly”, um casal de idosos decidido a acabar com a própria vida num gesto de cumplicidade e harmonia recebe uma visita inesperada do passado que irá abalar profundamente seus planos. Como nas demais coleções de contos da autora, mestre da forma breve, nos vemos diante de personagens que caminham nas beiradas da existência, arrancadas do cotidiano por golpes incisivos do destino e da loucura. Mas este Vida querida tem um diferencial que o coloca num nível novo; coroando uma carreira brilhante, a última parte do livro traz as quatro únicas narrativas autobiográficas já publicadas por Munro, que emprega toda a sua habilidade literária para refletir sobre o ato de narrar, a ficção e os temas que regem sua obra: memória, trauma, morte. Vida: vida. (Do site da Companhia das Letras).

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A arte de relativizar o racismo

A arte de relativizar o racismo
Só cinco
Só cinco, meia dúzia no máximo

Do ponto de vista ético, creio ser muito feia a reação de alguns setores à punição sofrida pelo Grêmio na tarde de ontem. Esta teria sido exagerada e a moça já teria sofrido o bastante. Porém, examinando-se as punições, vê-se que não foram nada demais. O Grêmio foi excluído da Copa do Brasil — punição inócua, pois o time já tinha perdido por 2 x 0 em casa e cairia provavelmente fora –, foi multado em R$ 54 mil — menos de 10% do salário do técnico Felipão — e os envolvidos nos xingamentos proibidos de entrar em estádios por 720 dias. Árbitro e auxiliares foram punidos e suspensos por 45 e 30 dias por não relatarem o ocorrido. Pagarão também uma multinha de manos de R$ 1000. Ou seja, foi uma punição de nada. A moça vai prestar depoimento hoje à polícia, pois racismo é crime. Ou não? Talvez transforme-se em vítima amanhã na imprensa…

Me aboba a reação de Fábio Koff e de alguns envolvidos. Pobre Grêmio, coitadinho do time reincidente específico neste gênero de denúncias. No fundo, estão começando a relativizar o racismo, a compreendê-lo e aceitá-lo. Ontem, ouvi no rádio uma longa arenga na qual um jornalista explicava que foram cinco torcedores proferindo ofensas num universo de 32 mil. Céus, como gritavam, não? Os microfones da ESPN teriam captado os gritos racistas de cinco malucos que faziam uh, uh, uh? Não, gente, menos. Concordo que não era o estádio inteiro, mas era um bom punhado de torcedores da organizada Geral. Faziam barulho pacas, tinham sede no clube e apoio dos dirigentes.

Outros dizem que, pô, é só futebol, é só diversão. Só que o futebol é uma representação de nossa sociedade. O futebol é um palco onde nos vemos e um microcosmo a ser melhorado de modo a atingir a sociedade. Melhorar nosso espelho faz com que mudemos. Já disse que ninguém mais atira objetos em campo em função das punições. Neste caso, a multidão aprendeu a se autorregular. O povo foi educado pela repetição das punições, havendo agora concordância de que não é legal atirar bombas, paus, pilhas e pedras em jogadores e árbitros.

Mas, se, em direção contrária, a sociedade repensa e relativiza os atos de racismo, só posso concluir que ela não os acha graves, que ela não está convencida de que são hediondos nem da dor de ser negro em nosso país. Concluindo, a sociedade quer permanecer do modo como está, agredindo a dignidade de quem é negro.

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Histórias do Futebol – Bira Burro, Centroavante do Internacional

Histórias do Futebol – Bira Burro, Centroavante do Internacional
Ubiratan Silva do Espírito Santo, o Bira Burro, o maior jogador de futebol do Amapá de todos os tempos
Ubiratan Silva do Espírito Santo, o Bira Burro, aos 59 anos: o maior jogador de futebol nascido no Amapá de todos os tempos

Bira foi contratado pelo Inter em 1979. Foi o centroavante titular do time tricampeão brasileiro invicto no mesmo ano. Dia desses, ele deu uma entrevista maravilhosa. Cometo aqui o abuso de reproduzir um trecho dela de memória. É uma bonita história.

Cheguei a Porto Alegre com o apelido de Bira Burro. Na verdade, ganhei este lindo nome porque escolhi vir para o Inter e não para o Flamengo. O Mengo tinha Zico, Adílio, Tita, Junior, mas eu queria jogar com o Falcão, Mário Sérgio, Valdomiro e ser treinado pelo Ênio Andrade. Disse isso para uma rádio do Rio e os caras começaram a me chamar de Bira Burro. Nem me importei, estava deslumbrado. Com 23 anos, eu mal sabia assinar o meu nome e nunca tinha saído de Belém. Imagina, eu só tinha jogado no Remo e, de repente, todo mundo me queria!

Quando cheguei ao Inter, fiquei apavorado quando recebi meu primeiro salário. Era uma dinheirama incrível. O Falcão veio falar comigo e perguntou o que eu ia fazer com a grana. Respondi que ia gastar, ué. O Falcão me falou super-educadamente que eu precisava de alguém para cuidar de mim. Passou dois dias e me ligou a Dona Delmira, mãe do Batista, me convidando para almoçar. Durante o almoço, ela começou a fazer um monte de perguntas: “Meu filho, quanto tu ganha no Inter?”, “O que vai fazer com os bichos por vitória?”, “Tu sabe que a vida de jogador é curta?”. Me deu um monte de lição de moral e MANDOU eu lhe dar toda a grana que eu ganhava.

Ela passou a mandar em mim, era minha empresária. Olha, a Dona Delmira me deixava à míngua! Eu almoçava na casa dela e ela me deixava o dinheiro justo para eu ir treinar e  para pequenos gastos. Um dia, ela escolheu um apartamento para mim e disse: “É lá que tu vai morar, Bira. É um lugar que está se valorizando. Um bom negócio.” E foi assim que eu arranjei uma mãe gaúcha. Uma baita mãe. Era dureza, mas eu obedecia.

Não fosse ela, o Falcão e o Batista, eu não teria uma filha advogada e um filho administrador de empresas. Teria jogado tudo fora. É gozado como as coisas acontecem. Depois eu me machuquei, fui para outros clubes, rodei o país, mas aprendi a me preparar para o futuro.

Tenho 59 anos, sou daquele grupo que foi o único campeão brasileiro invicto. Vai ser difícil nos bater, né? Ninguém chega perto. A gente era bom mesmo. Que time nós éramos. Que Flamengo que nada!

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Acho que ela viu alguma coisa aqui…

Acho que ela viu alguma coisa aqui…

Anotações de Susan Sontag em sua cópia pessoal de Finnegans Wake, de James Joyce.

Susan Sontag's personal copy of Finnegans Wake by James Joyce

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Um ano

Um ano

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E as coisas mergulhadas no sem-nome
Da sua própria ausência regressadas
Uma por uma ao seu nome respondiam
Como sendo criadas

Sophia de Mello Breyner Andresen

O 31 de agosto de 2013 foi um dia de surpreendentes mudanças. Eu e ela estávamos muito deprimidos e machucados. Obedecendo minhas irmã e filha, eu estava quieto, proibido de contar tudo o que via, lia e de transcrever as conversas maravilhosas que tive. Enquanto isso, íamos lambendo as feridas um do outro e, naquele dia, resolvemos ir adiante por nós mesmos. Eu desejava isso há algum tempo e dizia isso de meu modo nada discreto. Um dia, meio bêbado durante um jantar, fui pretensioso o suficiente para pedir que ela me desse um pouco de tristeza para que eu pudesse devolvê-la na forma de boas lembranças. E ela terminou aceitando, numa estratégia para livrar-se do passado. Curiosamente, depois do dia 31, aqueles poucos sorrisos hostis de ironia — Salve, Paulinho da Viola, outro traído! — transformaram-se em esgares de ódio. E passei a amar a decadência, pois ela se manifestava de modo indiscreto, cumprindo meu papel de forma mais eficiente e autônoma.

Então, o 31 de agosto de 2013 foi o dia em que descobri que sobreviveria ao luto. Foi o dia em que vi iniciar um lento e novo processo, para o qual tínhamos exigências pragmáticas e potencialmente injustas. Desta vez, queríamos a qualidade de não precisar mudar muito para se adaptar um ao outro. Mas, apesar de rirmos demais quando juntos, estávamos mudados e esquisitos. Eu perdera a vontade de ler — coisa estranhíssima em mim –; ela, a vontade de tocar violino só por tocar, passando a manter apenas o estritamente necessário à sua profissão. A natureza do que nos acontecera cobrava sua conta e sempre voltávamos ao nosso começo de lamber feridas um do outro, pois a natureza é circular como este texto, além de não ser nada harmônica, mas caótica, predadora e violenta. E assim, indo e vindo, lentamente, fomos subindo como um casal de Chagall, observando o redemoinho no mar sob nosso voo. E, subindo, fomos adquirindo enorme confiança em nossos abraços e em nosso recomeço, nomeando-nos novamente como Elena e Milton, duas pessoas mais ou menos ímpares, frágeis e apaixonadas.

Estamos muito bem. Vivo um período inédito, realmente diferente de tudo o que vivi antes. Deve ser a felicidade possível, pois…

Sobre a cidade, do bielorrusso -- assim como a Elena -- Marc Chagall
“Sobre a cidade”, do bielorrusso — assim como a Elena — Marc Chagall.

… não é normal ver pessoas voando por aí.

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Porque hoje é sábado, Eva Green

Porque hoje é sábado, Eva Green

E então vemos esta mulher de delgada e interessante silhueta sob uma roupa leve…

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…e não conseguimos acreditar na frase da foto abaixo.

Timidez? Olha até pode ser. Mas Eva Green não desaponta ninguém.

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Ops!

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Você fica desapontado ou desconcertado com ela?

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Mais para o desconcertado e atraído, não?

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Só para variar, ela é francesa, filha da atriz Marlène Jobert com um dentista sueco.

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Na verdade, ela é loira e resolveu ser atriz ao ver Isabelle Adjani em A História de Adèle H., de François Truffaut, aos 14 anos. Então, pintou os cabelos como os de Isabelle.

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Nos créditos de Os Sonhadores, de Bertolucci — uma grande estreia! –, ela figura…

Eva Green

…como co-autora do roteiro. E considera-se uma nerd, outro equívoco.

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Seu filme favorito é Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman.

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E é fã dos diretores François Truffaut, Ingmar Bergman, Lars von Trier e David Lynch.

Mas, apesar de seus gostos, atualmente costuma estrelar maus filmes americanos.

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Dão $, claro. O destino das novas estrelas europeias é fazer filmes com diretores…

Eva Green

…sem personalidade. Green, Eva Green, Bond girl.

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Sabemos que um dia, se quiser ficar na história, voltará a fazer bons filmes.

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Isto é necessário para que possamos — sem achar que estamos perdendo tempo –, …

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… conviver com este verdadeiro sorvedouro de olhares.

Eva-Green

Né?

Post de fevereiro de 2008, totalmente recauchutado.

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Desta vez o Grêmio será finalmente punido? (com imagens dos insultos)

Desta vez o Grêmio será finalmente punido? (com imagens dos insultos)
Aranha protesta contra os insultos.
Aranha protesta contra os insultos.

A maioria de meus amigos é gremista e acho que nenhum deles chegou próximo de me fazer alguma consideração que  roçasse o racismo. Nunca. Porém, quando determinados torcedores gremistas se juntam e ficam com raiva, seu descontrole cai nesta direção. Digo isso, porque tais posturas já se tornaram rotineiras. Por que sua comoção torna-se ódio?

Vou a estádios e sei o quanto irrita quando o goleiro adversário para o jogo atirando-se ao gramado, simulando uma lesão. É uma atitude comum na América Latina e considero-a altamente desonesta. Mas estamos num jogo, senhores, e, se o juiz permite, pode ser usado. Com isso, digo que A CULPA É DO JUIZ.

Infelizmente, acho que a única forma de acabar ou diminuir tais insultos — já houve um caso semelhante com o Paulão, do Inter — é a de punir o clube. Por exemplo, por que os torcedores não jogam mais objetos nos jogadores adversários? Ora, porque é punição é severa e um regula o outro na arquibancada. Já se “naturalizou” o fato de que não é para atirar objetos em campo — as punições ensinaram que tal comportamento é incorreto. Sabe-se do prejuízo que pode acarretar ao clube. Ora, um objeto jogado no gramado é menos grave do que um insulto racista? Certamente não. Racismo não caso para se relativizar. É caso para punir e extirpar.

Namoro antigo com o racismo
Um namoro antigo com o racismo

Desta forma, sou favorável a clube seja punido. Se fosse com o meu Inter, teria a mesma opinião. Punir apenas os que gritaram é inútil. Como disse a gremista Mayara Bacelar em seu perfil do Facebook, o histórico de aberrações cometidos por parte da torcida gremista é tão vergonhoso — basta lembrar o recente coro “O Fernandão morreu” — que não tem como continuar a apoiar ou se identificar com ela. Ela envergonha todos os gaúchos, gremistas ou não.

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ATENÇÃO, SÓCIO COLORADO! Você decide sobre novo estatuto. O Luigi só nos tortura por causa dele

ATENÇÃO, SÓCIO COLORADO! Você decide sobre novo estatuto. O Luigi só nos tortura por causa dele
Risadinha que me fode... Se a clausula de barreira não existisse, teríamos outro presidente
Risadinha que me fode… Se a clausula de barreira não existisse, teríamos outro presidente

Retirado do blog da Convergência Colorada.

No próximo, sábado, dia 30 de agosto de 2014, ocorrerá Assembléia Geral de sócios do Sport Club Internacional para aprovar a reforma do estatuto do Clube. Todos os sócios maiores de 16 anos e em dia com suas obrigações até 4 de agosto desse ano podem participar por meio virtual ou presencial.

A votação virtual se dará por meio de inscrição prévia no site do clube, em data a ser publicizada pelo Inter. A presencial, a partir das 8h em primeira chamada, com pelo menos 2/3 dos associados votantes e, em segunda e última chamada, 9h, com a presença de qualquer número de associados.

A votação será secreta, tendo as opções de aprovar (voto sim) ou rejeitar (voto não) a reforma e consolidação estatuária proposta pelo Conselho Deliberativo. O movimento Convergência Colorada recomenda a aprovação da reforma estatutária, pois o novo texto apresenta redução da cláusula de barreira para a escolha do presidente do Clube, restringe as reeleições a presidente e assegura direito a voto do Sócio Patrimonial do Parque Gigante.

(Lembrem de como Luigi chegou à reeleição!). <– Inserção de Milton Ribeiro.

Além disso, a reforma é necessária para atualizações legais de adequação ao Código Civil. Assim, atualiza-se o texto sobre a competência da Assembleia Geral para alterações estatutárias, atualiza-se as possíveis fontes de receitas do Clube, reorganiza o texto e valoriza os Regimentos Internos.

O Convergência Colorada apresentou suas propostas, através de seus conselheiros e institucionalmente como movimento quando foi aberto o trabalho de grupo técnico do Conselho Deliberativo. Ainda que com o Convergência representado neste grupo, nem todas as nossas propostas foram aceitas pela maioria, como a criação de um Conselho de Administração para viabilizar a profissionalização do Clube e a responsabilização para descumprimentos ao estatuto. Seguiremos defendendo nossas propostas em debates futuros, mas entendemos que o importante agora é assegurar o voto do sócio para presidente já para a eleição de 2014.

Esta reforma do estatuto foi a possível para o momento, respeitando as diferentes opiniões representadas no Clube, mas o importante: ela não veda reformas futuras. Ao contrário, facilita. Já conhecendo o rito, Clube e sócios saberão como proceder. Em um Clube Democrático, sempre existirão pontos a serem discutidos e aprimorados, contudo não há porque eternizar a discussão sem avançar, um passo de cada vez. E é por isso que recomendamos a aprovação da reforma, por acreditarmos que este é um primeiro passo de uma caminhada contínua.

Toda a regulamentação e demais atos relativos à assembleia estarão disponíveis no site do Clube. Fique atento e participe.

Saiba mais sobre a Reforma do Estatuto

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Como surgiram as propostas de alterações no estatuto?
Um grupo e trabalho foi designado pelo Conselho Deliberativo para adequar o Estatuto do Clube às alterações legais, bem como compatibilizar alterações para uma reforma. Este grupo recebeu as sugestões de conselheiros e sócios, analisou e debateu, sendo levadas adiante aquelas que foram de acordo com a maioria do grupo.

O sócio participa deste processo? 
Sim, o estatuto só será alterado se aprovado em assembleia geral, que é formada pelos sócios. Se não aprovada a reforma, permanece em vigor o estatuto atual.

A reforma estatutária prevê alteração na cláusula de barreira da eleição para presidente?
Sim, ela prevê extinção da cláusula de barreira para eleição presidencial que hoje é de 25% na votação de primeiro turno realizada no Conselho Deliberativo, passando com a nova proposta para segundo turno os dois mais votados, desde que nenhum deles alcance uma votação superior a 85% dos votantes presentes no Conselho.

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Bom dia, Abel Braga

Bom dia, Abel Braga
O derrotado recebeu homenagens. Por que Rafael Moura não lhe entregou o mimo? | Foto: Alexandre Lops / Internacional)
Tu recebeste homenagens ontem. Por que não trouxeram o Rafael Moura para te entregar o mimo? | Foto: Alexandre Lops / Internacional)

Vamos falar sério: acho que ainda não é o caso de te demitir, mas também não é o caso de renovar teu contrato. A notícia de que tu já negocias a renovação é um absurdo, ainda mais que não se sabe qual será o novo presidente. Lembras de que haverá eleições no final do ano? Talvez o novo presidente deseje um técnico com menos bruxos no time. Talvez ele goste de jovens, sabe-se lá.

É válido escolher um campeonato — nossos bons jogadores são tão velhinhos que é melhor protegê-los –, mas é mais válido ainda observar que teus erros estão nos dois times que escalas. Aránguiz se posiciona erradamente nos dois times, ambos não criam chances e os dois deixam o centroavante isolado. Culpar a má fase é tentar explorar a ingenuidade do povo colorado. Agora, eliminados da Copa do Brasil e mortos na Sul-Americana, ficamos como tu querias que ficássemos, só com o Brasileiro. Não vou te cobrar o título porque o vejo como impossível, considerando-se que continuarás com teus bruxos, teus repetidos testes furados e teu mau posicionamento em campo, mas é razoável te cobrar um G-4, não?

De resto, Abel, sei que estás louco para voltar a escalar o Rafael Moura e eu te digo: o centroavante do Inter joga isolado, tem poucas chances e, quando perde gols, não pode se recuperar porque seu próximo chute a gol será só no jogo seguinte, se for. Nosso time está uma merda, Abel, uma merda.

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Os caminhos mentais de uma pessoa rigorosamente saudável…

Os caminhos mentais de uma pessoa rigorosamente saudável…
A caneta está ali, viram?
A caneta está ali, viram?

Tem alguma coisa me incomodando. Acho que sou eu. – WOODY ALLEN

Primeiro Movimento – Molto Vivace Paroxístico: É ridículo utilizar extrair a pasta de dentes apertando-se no meio do tubo, o correto é vir de baixo para cima. É ridículo tomar banho sem começar por cima, ou seja, pela cabeça, pescoço, tronco e assim por diante. É ridículo não se ouvir a-ten-ta-men-te todos os CDs que se compra ou ganha para só depois guardá-los. É ridículo não possuir uma montanha de livros sobre o criado-mudo. É patético ler sem uma caneta ou lápis na mão. É ridículo sair de casa sem antes dar uma olhada nos e-mails. É ridículo não comer tudo o que está no prato. É ridículo tomar vinho sem um copo d`água ao lado. É ridículo pôr o cinto de segurança com o carro parado. É equivocado não dizer todos os dias para a Elena que a amo. É ridículo não ficar cuidando o taxímetro (pois este pode disparar a qualquer momento como um ventilador). É ridículo não usar as roupas pela ordem – colocando embaixo a recém lavada e pegando sempre a de cima. É natural escrever o texto caminhando ou correndo e dizer que já está pronto, mesmo quando ainda não se passou para o computador. É maníaco achar que tenho que responder a todos os comentários. É reparação maníaca achar que toda a brincadeira pode ofender e que é bom fazer um agrado depois. É maníaco decorar fatos e datas, mesmo sem querer. É compreensível esconder algumas opiniões. É lógico pensar que as pessoas que não gostam de crianças são potencialmente más. É inteligente explicar para uma criancinha que estar doente e com dor não é uma punição. É maníaco acusar mentalmente todos os entediados de deprimidos. É maníaco achar que todos os deprimidos são muito chatos. É ridículo achar que todos os chatos têm pais chatos, apesar do que mostra a experiência. É lógico pensar que os de língua alemã são os melhores (Bach, Musil, Mann, Beethoven, Brahms, Bernhard, Kafka, Mozart, Goethe, Heine, Haydn, Handel, quem tem isso?). É lógico pensar que alemães podem ser também os piores. É paradoxal achar que uma mulher ou mostra parte das pernas ou parte dos seios. É ridículo pensar que se ela mostrar os dois estará denotando vulgaridade, principalmente quando se tem interesse em ver tudo. É paradoxal torcer apaixonadamente pelo Inter e achar estranho que alguém possa torcer da mesma forma por nosso adversário. É paradoxal achar docemente rídiculas as brincadeiras amorosas entre pais e filhos quando passamos nos gosmeando com os nossos. É paradoxal sonhar com a megasena quando nunca se aposta. É lógico pensar que os adultos que dizem não gostar de presentes estão negando sua infância. É ridículo fantasiar sobre jogos de futebol. É lógico que nos sentimos aliviados quando fazemos um personagem de ficção sofrer. É lógico pensar que o mundo é injusto. É lógico pensar que os melhores seres humanos normalmente se ralam. Mas será maníaco — ou é apenas experiência? — percorrer tantos caminhos mentais pouco menos que pré-moldados?

Segundo Movimento – Adágio Periódico: Não há como fazer Milton Ribeiro ler ou folhear uma revista ou jornal da primeira à última página. Normalmente, a seção cultural e a esportiva estão no final e estes assuntos são os que mais me interessam. Daí, a mania. Irrita-me quando divido a leitura de uma publicação com outra pessoa e esta quer lê-la da página 1 para a 2 e assim por diante. Ninguém parece entender que tenho idéias claras e procedimentos rigorosos e que estes indicam que o correto é de trás para a frente. Melhor ler sozinho.

Terceiro Movimento – Surdo Assai: A música deve ser ouvida como se fosse ao vivo. Esta coisinha de música ambiente é para enfastiados e para cobrir silêncios em reuniões sociais. Se a orquestra soa ensurdecedora, devemos ouvir também assim em nossa casa. O mesmo vale para um grupo de rock ou samba. Mas não podemos ouvir um violoncelo solando de forma ensurdecedora, pois este nunca soa assim. Não devemos distorcer. Então, ouço intimamente as Suítes para Violoncelo de Bach — na gravação de Bruno Cocset, de preferência, pois Rostropovich e Bach não são miscíveis –, mas as obras sinfônicas são fruídas por todo o edifício. Gosto de me sentir no meio da orquestra. É lógico e cartesiano, não concordam?

Quarto Movimento – Allegretto de Funes: A memória é uma coisa que se treina, principalmente a musical. Nunca abandonei uma mania que adquiri com meu pai. Tínhamos um jogo que durou de minha adolescência até sua morte. Toda a vez que ligavámos na Rádio da Universidade — especializada em música erudita –, tratávamos de identificar o mais rapidamente possível qual era a música que estava sendo executada. Isto podia acontecer várias vezes ao dia. Com isto, sou, até hoje, super-treinado em descobrir tudo o que toca no rádio. Quando a obra terminava e o locutor dizia seu nome, comentávamos o resultado e desligávamos o aparelho para não ouvir o nome da próxima e seguirmos na luta. Nunca apostamos, ou melhor, apostamos muitas vezes, mas os valores eram de um real, um cruzeiro, um cruzado, etc. Como ficamos anos nesta briga… hoje mesmo liguei o rádio e disse rapidamente, para mim mesmo: “Sarabanda da Suite Nº 2 da Música Aquática de Handel”. Angustia-me muito não saber qual é a música ou, no mínimo, o compositor. Ele faleceu em 1993. Ainda estou disputando com ele..

(*) Os confusos conceitos de “mania” aqui externados, comprovam que meus conhecimentos da área psi são de farmácia. Espero que os profissionais mantenham-se longe, mas duvido muito. Sem pensar muito já encontrei quatro psicanalistas, psicólogos, psiquiatras, etc. entre meus sete leitores. Ainda bem que o método de retaliação preferido deles é o silêncio.

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João Saldanha, Nelson Rodrigues, etc.

João Saldanha, Nelson Rodrigues, etc.

Roubado daqui.

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Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante, existiu um programa de TV chamado Grande Resenha Facit. O conceito de mesa redonda sobreviveu à passagem dos anos e chegou, ainda que envelhecido e amargurado, aos dias de hoje. Já as máquinas de escrever Facit, que patrocinavam o falecido programa dos anos 70, bem como a TV Rio, que o lançou em 1963, ficaram pelo caminho. O que não se discute é que a cultuada mesa foi a gênese de tudo o que veio depois no universo da cobertura esportiva. Os titulares da resenha eram: Armando Nogueira, Nelson Rodrigues, João Saldanha, José Maria Scassa, Hans Henningsen (o célebre “Marinheiro Sueco”),Vitorino Vieira, o ex-jogador Ademir e, como âncora, Luiz Mendes, “o comentarista da palavra fácil”.

Não tenho idade para ter visto a Resenha, o que é uma falha grave na biografia de qualquer cronista esportivo, mas conheço histórias formidáveis sobre grandes ideias, frases, tiradas e pancadarias verbais que floresceram naquele covil de craques. Quem mais brigava – além do João Saldanha, que batia boca até com presidente milico – eram Nelson Rodrigues e Armando Nogueira. Isso porque, enquanto Nelson era um autêntico Policarpo Quaresma, defensor da indiscutível supremacia futebolística do Brasil, Armando não conseguia disfarçar sua admiração pelas escolas europeias, algo que vinha dos tempos da gloriosa Hungria de Puskas. E foi antes mesmo da Resenha Facit, ainda na copa de 1958, que Nelson, mestre dos mestres dos mestres cronistas, eternizou em um texto antológico a rixa com o colega.

Na tal crônica de 1958, o pernambucano tricolor desancou as teorias do acriano botafoguense, que defendia com devoção a supremacia física dos atletas soviéticos (outra coisa que o tempo varreu das nossas vidas). Para Armando, com férrea disciplina e jogadores com saúde de vaca premiada, a União Soviética aplicaria uma inapelável sova nos talentosos, porém pouco preparados brasileiros. Ocorre que, para azar das teorias sobre a superioridade física e espiritual do Velho Continente e para sorte de Nelson e do Brasil, Garrincha e Pelé estrearam em copas do mundo justamente naquele jogo. Como gostava de dizer Didi – que, aliás, bancou a escalação dos dois gênios –, o que corre é a bola. E assim foi. Em poucos minutos, Garrincha desmontou o Sputnik do Armando e, com dois de Vavá, a Seleção ganhou sem fazer força. O título da crônica do Nelson não podia ser mais explícito: “As vacas premiadas somos nós”. Uma obra-prima, cujo recheio eu nem preciso comentar.

Catorze copas e cinco títulos mundiais brasileiros depois daquele jogo, é deprimente constatar que não somos mais as vacas premiadas. A coisa, no entanto, é bem pior do que parece. Sim, porque o Brasil podia ao menos ter cumprido tardiamente a profecia do Armando para a Copa de 1958: um time brilhante e talentoso que acabaria derrotado por outro mais forte atleticamente e mais organizado taticamente. Foi assim que perdemos em 1982, por exemplo, sem que sentíssemos um pingo de vergonha, embora náufragos em um oceano de dor. O problema da Seleção Brasileira que levou a maior goleada de sua história centenária foi que não apenas os alemães foram as vacas premiadas como também carregaram o estandarte do jogo bonito. Isso sim, é o que me causa profunda depressão – no sentido tarja preta da palavra.

A Alemanha da última e já saudosa Copa do Mundo (embora definitivamente não por isso) varreu o nosso time do mapa jogando como uma espécie de cruzamento do Brasil de 1982 com a União Soviética de 1958. Confesso que, ao ver os alemães treinando na sauna para simular o calor dos jogos de uma da tarde, o moderno centro de treinamento construído por eles, os reservas que davam piques em campo logo após o apito final dos jogos oficiais, não me impressionei. Ao contrário: tive foi um acesso de Nelson Rodrigues. Disse para mim mesmo que aquilo tudo era visagem, que os alemães eram os novos soviéticos, que nosso talento ia falar mais alto, que o malemolente menino Neymar – qual um Macunaíma emo de óculos de aros grossos – resolveria a parada e que, ao fim e ao cabo, as vacas premiadas continuariam sendo nós. Pura ilusão.

Quando eliminamos os valentes Chile e Colômbia, deixei o estádio com aquele velho chavão na cabeça: jogaram como nunca, perderam como sempre. Depois do 7 x 1, com o mundo como conhecemos já totalmente devastado, o que me veio à cabeça, além de uma puta dor, foi o seguinte: perdemos como nunca porque jogamos como nunca. De fato, nunca jogamos tão mal uma partida de futebol. Simplesmente não é suposto que o Brasil perca um jogo daquela maneira. Nem nos mais doces sonhos dos alemães, nem nos meus mais atrozes pesadelos. Nem quando eu sou o Brasil e meu filho João – um sarilho do FIFA 14 – opera o joystick pela Alemanha.

Tenho quase 50 anos, o que me credencia como um ser meio velhusco que já viu o Brasil perder a bagatela de nove copas. Nenhuma delas – repito: nenhuma! – com mínimos vestígios de desonra. Inventário breve: Em 1974 perdemos de 2 x 0 para o time que inventou o futebol moderno; em 1978 não perdemos um jogo sequer e fomos mesmo é roubados; em 1982 perdemos e o mundo chorou conosco a morte definitiva do futebol sublime; em 1986 perdemos em uma decisão por pênaltis; em 1990 perdemos nosso melhor jogo para um passe de Maradona; em 1998 e 2006 perdemos para Zidane e a melhor geração da história do futebol francês; e finalmente em 2010 dominamos o jogo, mas perdemos para uma espetacular Holanda. Arrependimentos? Alguns. Vergonha? Absolutamente nenhuma.

O inapelável saldo final é que nós não somos mais as vacas sagradas. E, pior, que os arautos do futebol-arte agora são eles. Nossa lápide da Copa de 2014 poderia trazer a seguinte inscrição: “Aqui jaz o Brasil que tentou jogar como Alemanha, humilhado por uma Alemanha que ousou jogar como Brasil”. Mais devastador do que isso, impossível. Que a terra nos seja leve. Porque derrotas são passageiras, mas vergonhas são eternas.

P.S.: Nelson Rodrigues não era dado a jabás e, por isso, escrevia seus textos em uma máquina Remington.

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Breves e apressadas anotações sobre o concerto de uma Osesp cansada, amassada e perfeita

Breves e apressadas anotações sobre o concerto de uma Osesp cansada, amassada e perfeita
Foto do concerto realizado na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, com o mesmo repertório de Porto Alegre
Foto do concerto realizado na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, co o mesmo repertório de Porto Alegre (clique na imagem para ampliar)

O concerto da Osesp da última sexta-feira no Theatro São Pedro tinha tudo para dar errado. O voo que trouxe a orquestra de Belo Horizonte atrasou 4 horas e eles chegaram em Porto Alegre apenas ao final da tarde. Sendo mais exato, entraram no hotel às 18h com a ordem de que estivessem prontos às 18h15, pois o concerto era às 20h. Ou seja, os músicos chegaram em roupas de viagem, vestiram-se com a maior pressa e foram para o concerto sem descanso, concentração ou banho. Tudo deve ter sido montado muito rapidamente pelo staff da Osesp, pois não houve atraso. Porém, apesar de o programa comemorativo pelos 60 anos da orquestra não ser tudo aquilo…

— Antônio Carlos Gomes: Lo Schiavo: Alvorada
— Edvard Grieg: Concerto Para Piano em Lá Menor, Op.16
— Piotr I. Tchaikovsky: Sinfonia nº 5 em Mi Menor, Op. 64

Dmitry Mayboroda, piano
Marin Alsop, regente

… o resultado artístico foi excelente.

Voltando no tempo, conto que foi curioso o modo como descobri o problema do atraso. Sentado nas galerias do São Pedro, ouvindo e vendo o concerto, logo observei que as mulheres da orquestra não estavam produzidas como o habitual. Mais: notei que algumas estavam vestindo calças jeans pretas. Para os homens, é mais fácil fazer de conta que está tudo normal, basta pentear-se e enfiar um terno preto. Mas as musicistas costumam vir vestidas para matar. Não era o caso e logo pensei que tinha ocorrido algum problema. Bingo! O paradoxal era que via um grupo alegre, feliz até, trocando sorrisos e tocando com precisão e talento. Então, o primeiro elogio vai para o profissionalismo da orquestra que, mesmo cansada e apertada no pequeno palco do nosso querido São Pedro, foi com tudo.

Quando a Osesp iniciou a Alvorada de Carlos Gomes, pudemos sentir uma categoria à qual não estamos habituados. Estava tudo afinadinho, o uníssono vinha claro, sem percalços. Parecia que eu estava em outra cidade que não Porto Alegre. A Osesp veio nos mostrar que, aos 60 anos de vida, é mesmo o melhor conjunto orquestral do país. No intervalo, um amigo dizia-se esmagado em seu provincianismo. Que bobagem. Mas posso afirmar que há maior cultura e conhecimento naqueles músicos, algo que não se obtém simplesmente da habilidade, do esforço hercúleo ou do grito.

Detesto o concerto de Grieg, mas com um solista como Dmitry Mayboroda e uma orquestra daquelas, a gente quase se convence de que o concerto é legal. Porém, alguma coisa em Mayboroda fazia-me pensar que estava ouvindo mais o compositor russo czarista Griegov e não Grieg. Só que, como disse, estava apaixonado demais pelo som e vagava de forma acrítica.

Na Sinfonia de Tchaikovsky, quaisquer resistências caíram por terra. Foi uma apresentação entusiasmada e eletrizante. Achei maravilhosos os solos de trompa e a interpretação de uma das obras mais redondas, bem desenvolvidas e acabadas do compositor russo. Tchai disse horrores a respeito dela:

A sinfonia é muito colorida, pesada, hipócrita, medíocre geralmente desagradável​​. Com a exceção de Taneyev, que insiste que a quinta é minha melhor composição, todos os meus amigos honestos e sinceros pensam mal dela. Poderíamos dizer então que eu fracassei, que estou acabado como compositor? Já começou o meu fim?

Para variar, falava totalmente sem razão. Há grande poesia na Quinta Sinfonia e Marin Alsop a trouxe por inteiro para nós, juntamente com a Osesp. Quando eu falo em poesia, falo daquele momento, daquele movimento, contexto ou clima de revelação que pode estar presente na música, no cinema, na literatura; enfim, em qualquer forma de arte. Digo até que, se não houver poesia, o cinema não é cinema, o teatro não é teatro, a música não é música. E, como começo a divagar, deixo vocês por aqui, reafirmando que foi uma bela noite.

Ah, e no bis bateu um pé de vento!

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Bom dia, Abel Braga (veja os melhores — e os piores — lances)

Bom dia, Abel Braga (veja os melhores — e os piores — lances)
Rafael Moura: sou o teu artilheiro, Abel
Rafael Moura: sou o teu artilheiro, Abel

Bem, querido, o que te dizer depois daquilo? Que podíamos ter vencido? Que tu és uma mula teimosa? Pois o Rafael Moura é teu novo Michel. Ele jogou fora todo o esforço do time em dois lances de rigorosa bisonhice. Por que tu não arranjas uma distensão de terceiro grau para o He-Man? Claro, tudo fingimento. Não desejo o mal de ninguém. Mas, imagina, o cara recebe 400 mil por mês para ficar em casa fingindo-se lesionado! A torcida, tu e ele seríamos mais felizes. Porque o Wellington Paulista, que não é nenhuma Brastemp, sempre entra melhor. E o Aylon? Cadê o guri que pintou tão bem? Essa tua mania de proteger os velhos do time em detrimento dos guris vai contra qualquer lógica, Abel. Os “cascudos” que se virem e se responsabilizem por suas cagadas. Quem tem que ser protegidos são os garotos.

Nem vou falar do resto, Abel. Tu já sabes que o Aránguiz está fora do lugar, que o Wellington Silva deveria ser reserva do Winck (o WS se machucou mesmo? recebemos esta Graça Divina?), etc.

Enche o saco repetir a mesma coisa, né?

http://youtu.be/ARxtdo5enWI

A opinião de Alexandre Perin (roubada por mim no Facebook):

Chegou o momento de uma intervenção na comissão técnica por parte dos dirigentes do Internacional.

Com números e fatos, quatro pessoas tem o poder e ou a experiência de exigir explicações do Abel por suas escolhas individuais e sobre o esquema tático do time.

O presidente Giovanni Luigi, o vice de futebol Marcelo Medeiros e os diretores Eduardo Lacher e Roberto Melo tem hierarquia e a obrigação com os torcedores de exigir do Abel os motivos pelos quais jogadores como Rafael Moura, Ygor e Jorge Henrique são sistematicamente utilizados. Otávio, que nao joga nada ha um anos, virou primeira opção ao invés do Alan Patrick. Absurdo.

Desde a parada da Copa, Rafael Moura jogou muito mal todos os jogos. Todos. Fez um gol e tem ridículas oito conclusões nos últimos sete jogos. Neste mesmo período, o Wellington Paulista(tb muito limitado) tem mais conclusões e so jogou uma vez como titular.

O esquema com um atacante é o pior pra ele, e isso e culpa do Abel. Mas o fato dele nao se antecipar e se movimentar é responsabilidade exclusiva dele, Rafael Moura.

Ja está claro que existe um a insatisfação dos jogadores. Quem conhece futebol sabe que eles tb nao estao satisfeitos com os critérios do treinador.

Em um campeonato de nível técnico lamentável, o Inter fica fácil no G4.

Mas é necessária uma intervenção. Urgente.

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Porque hoje é sábado, duas lindas cantatrizes, Letícia Sabatella e Maria de Medeiros, mais Chico Buarque

Porque hoje é sábado, duas lindas cantatrizes, Letícia Sabatella e Maria de Medeiros, mais Chico Buarque

Sim, tive preguiça de resumir o título. Vai grande assim mesmo. E é merecido, pois hoje trato de duas grandes mulheres: a brasileira Letícia Sabatella e a portuguesa Maria de Medeiros. São dois belos, queridos e talentosos rostos de mulheres que convivem em nossa trincheira política. E há mais coisas em comum entre elas: além de excelentes atrizes, elas cantam, como vocês poderão ver e ouvir abaixo. 

Leticia_Sabatella_01

O rosto de Letícia Sabatella é um poema colocado por engano na TV Globo.

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Shakespeare dizia que, às vezes, boas filhas apareciam em más familias e que cumpria

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corrigir a natureza. Referia-se a alguns plágios que cometera, mas eu aplico aqui.

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E a convido para o PHES. Imaginem que hoje ela possui um sítio em Nova Friburgo,

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onde planta alimentos orgânicos em regime de cooperativismo com os empregados.

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Ah, Letícia… Canta pra nós?

http://youtu.be/jG28MYTxtIw

Já Maria de Medeiros é uma portuguesa que teve o bom gosto e a correção de nascer

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num glorioso 19 de agosto, a verdadeira data máxima do humanismo universal.

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Maria formou-se como atriz. Nunca terminou sua licenciatura em Filosofia, na Sorbonne.

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Isto revela outro fato em comum com este blogueiro, outro especialista em deixar

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cursos pela metade. Ela é filha do maestro e compositor português

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António Victorino de Almeida. Ou seja, há música em sua vida. E chega de falar, né?

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Canta Sentimental pros meus sete leitores, Maria?

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Bom dia, professor Abel Pardal

Bom dia, professor Abel Pardal
A frase da noite foi de Wianey | Imagem do celular de Andreas Müller
A frase da noite de ontem foi de Wianey | Imagem do celular de Andreas Müller

É duro admitir: a frase na noite foi de Wianey Carlet. Não gosto muito do comentarista de futebol Wianey, ele é o principal motivo de eu ter me mudado para a Rádio Guaíba, mas ontem ele resumiu numa pergunta a incompetência do Inter, a incompetência do teu time, Abel. Só podemos ganhar dos pequenos e dos absolutamente ruins. O motivo é simples: só somos melhores do que eles.

O jogo de ontem foi mais do mesmo. Aránguiz jogando fora de posição, sempre de costas para o gol adversário, Rafael Moura sem receber bolas decentes — além do fato de que o médio Wellington Paulista ser muito superior ao He-Man –, Jorge Henrique e Ygor novamente abaixo do aceitável e Wellington Silva… Mas o titular já não era o bom e jovem Cláudio Winck?

Aliás, cada vez que tu colocas um garoto no time, ele responde bem. Ontem foi a vez de Bertotto. O guri segurou a barra com sobras. Então, a tendência é a de manter na equipe os velhos de maus resultados como Jorge Henrique, Wellington Silva e Ygor, né? Acho curioso. Não, na verdade, acho muito chato, Abel.

Sobre o São Paulo: é um time que vai crescer, ainda mais recebendo o gênero de chances que deste a eles. Pato foi uma bela aposta do clube, ele está querendo voltar a mostrar seu futebol. Bem, então, vamos recuperar o Atlético-MG já no sábado, Abel? Eles estão mal, perderam para o Flamengo, merecem ter Jorge Henrique, Ygor, Rafael Moura e Wellington Silva contra si.

Aránguiz como atacante: a invenção fracassada de Abel
Aránguiz como atacante: Abel em versão professor Pardal

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Julie Christie e Dirk Bogarde em Darling

Julie Christie e Dirk Bogarde em Darling

Dois grandes atores, um excelente filme de John Schlesinger, um Oscar de melhor de atriz, uma boa história. Tudo isso faz de Darling (1965) um filme muito querido a este blogueiro de sete leitores. Como se não bastasse, Julie Christie e Dirk Bogarde são grandes referências deste que vos escreve. Se o segundo é uma referência cultural, a primeira é sexo-cultural, por assim dizer. Sim, o adolescente e o jovem Milton Ribeiro amavam Julie Christie. Aliás, até hoje não podemos deixar de observar com interesse sua extraordinária beleza. Fiquem com ela.

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A acadêmica é a mais violenta das vaidades II

A acadêmica é a mais violenta das vaidades II

haterDia desses, lembrei muito deste post que foi muito lido em 2013. Um amigo me avisou que estou sambando errado. Explicando melhor, um acadêmico me escreveu para dizer que estou me relacionando com os acadêmicos errados. Os últimos seriam pessoas desonestas e perigosas. Explicando ainda melhor, e pegando a coisa desde meu foco, uma pessoa com a qual convivia muito antigamente e que hoje infelizmente pouco vejo, solicitou que eu me afastasse de amigos que me tratam há anos com respeito e carinho. Estranhei, né?

Tentei por panos quentes. Respondi que não tinha negócios com eles, que eram apenas agradáveis amigos de jantares e festas, que meu contato não era profissional e que minha carteira ainda não fora roubada. Tentando deixar a coisa engraçada, completei dizendo que ficava com os ovos, conforme a piada de Groucho Marx.

O sujeito vai ao psiquiatra e diz: ‘Doutor, meu irmão enlouqueceu, acha que é uma galinha.’ O médico pergunta: ‘Por que você não o interna?’ E ele responde: ‘Eu preciso dos ovos.’

A resposta veio direto na jugular. Meu amigo estava decepcionado comigo, não sabia que minha vida era tão segmentada. Foi ofensa que me atingiu só de raspão. Toda a minha vida — essa notável sucessão de erros e poucas vitórias –, demonstra que meu percurso tem um conceito, provavelmente equivocado, que o apoia. Dentro dele há boa dose de tolerância. Só me ralo por ser assim, mas vejo como mudar. A tolerância não me deixou dar grande importância ao fato, mas sei que houve uma tentativa de ofender gravemente o dono da vida “tão segmentada”. O curioso é que não pedi conselho nenhum.

O genial poeta e ensaísta Joseph Brodsky ensina que as pessoas costumam ignorar o que vem após o vaticínio “e se alguém lhe solicitar acompanhá-lo por uma jarda, vá com ele mais cem”. Ele diz que vem a humanidade. Não desisto facilmente de ninguém. Nem do conselheiro. Mas seu conselho ficará arquivado, esquecido.

Agora, que os títulos e diplomas são alucinógenos altamente nocivos, disso não tenho dúvidas. Ainda bem que os sintomas não se manifestam em todos.

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57

57

Milton RibeiroEu acho altíssimo o número, quase 60, mas é impossível acordar e pensar nestas coisas de finitude e no vazio cada vez mais próximo quando, logo de manhãzinha, ouvimos isso:

— Feliz aniversário, meu menino querido. Que seja feliz e saudável por muitos anos.

O último ano foi muito bom. Em 19 de agosto do ano passado não estava nada bem. Alguém estava organizando um fracasso público para mim com o objetivo de se fazer de vítima. Deu tudo errado. Para o outro lado. Porém, doze dias depois do meu aniversário, tudo começou a virar de forma realmente cabal. Ou seja, se tirarmos esses doze dias, foi um ano no qual recebi um fluxo de carinho que me deixa realmente pensar que sou um jovem, um guri desses que passeia pelas ruas e parques abraçado em sua menina.

Não somos exatamente meninos, mas ainda estamos (ou somos) meio bobos. Os últimos meses foram marcados por tamanha intersecção de vontades e planos que houve espaço para pouca coisa mais. Ou seja, o ano em que tive 56 anos foi de notável sorte. Estou naquela situação de fazer tudo com cuidado para não estragar nada. Não que mude de atitude para me adaptar, só tento reprimir um pouco meu humor anárquico, já que, surpreendentemente, o espírito crítico é bem recebido.

Um amigo hoje me disse que já se passaram duas vezes 57 anos desde o ano 1900. Putz. Minha irmã lembrou de nosso pai, que ficaria fascinado por alguém nascido em 1957 que faz 57 anos. Jogaria no bicho, na Megasena, sei lá. Números à parte, o importante é manter a boa forma intelectual e física. Sempre gostei dos velhos de espírito jovem e desejo ser — se já não sou — um deles.

Imagem enviada por minha filha no dia de hoje...
Imagem enviada por minha filha Bárbara no dia de hoje…

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Bom dia, Abel Braga

Bom dia, Abel Braga
Foto: Leonardo Cantarelli FutNet
Pouco futebol, muitos pontos | Foto: Leonardo Cantarelli / FutNet

O Inter é vice-líder do Brasileiro; o Inter venceu seus últimos cinco jogos; nestes, não tomou nenhum gol; o Inter é demais! Só que a verdade é que o desempenho do futebol desenvolvido em campo está abaixo do aceitável… Não, não é corneta. É fato facilmente comprovável — estamos com uma sorte incrível, é só rever os jogos. Deste cinco, ganhamos bem do Grêmio e do Flamengo. Só. As vitórias contra o Bahia, o Santos e o Goiás foram casuais. O resultado mais normal para os jogos contra o estes times seria o empate. Neles, não criamos NENHUMA chance de gol. Nosso mérito foi o de ter imposto o mesmo a nosso adversário. Só que dois gols irrepetíveis, resultados de falhas incríveis do adversário, deram-nos as vitórias. Já contra o Santos, poderíamos podíamos ter empatado ou até perdido.

Não pense, Abel, que com isso desvalorizo tua sequência de vitórias. Ao contrário, penso que sejam fundamentais, pois dão tranquilidade e boas condições para que se melhore em campo. Se tivéssemos uma pontuação baixa, teríamos que resolver as questões de jogo sob mau tempo. Não é o caso. Todo o Brasil está acompanhando nossa perseguição ao Cruzeiro como se fôssemos um adversário real. E somos, mas só pelos insistentes resultados.

Abelito, veja bem, coração: o jogo de sábado demonstrou que Aránguiz fica meio perdido jogando na linha de três, com D`Alessandro e Alex. Eu também achava que ali seria o lugar dele, mas não é. Ele é bem melhor vindo de trás, mais livre, de surpresa. É claro que isso não significa a reentrada da enceradeira Jorge Henrique, nem de Alan Patrick, uma enceradeira sem energia elétrica. É a hora de testar Leandro, Valdívia e… onde está o Luque? O argentino que acabamos de contratar é tão ruim assim?

Outra coisa, por ora, nosso guichê não aceita críticas ao Fabrício. Ele pode ser isso ou aquilo, mas seus cruzamentos resultam em gols, vários gols. Ele é a única esperança para o Rafael Moura, centroavante totalmente inadequado aos meias que temos. Aliás, aí está outro problema. Moura serve para receber cruzamentos ou para fazer parede. Como não há nem um nem outro, é melhor pensar em outro para a função.

Elogios? Sim, vão todos para a marcação. Desde o trio de meias até a extraordinária dupla de zagueiros Ernando e Juan, todos marcam. E bem. Até Winck, célebre por não marcar, está fazendo direitinho seu papel. E poucos recebem cartões, o que comprova o bom posicionamento de todos. O problema é o ataque e os erros de passe. Lembra da Primeira de Lei de Andrade? A que diz assim: “Quem não tem a bola corre o dobro?”. Pois é.

Boa sorte aí, meu querido.

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