Uma anticrítica do concerto de ontem à noite

Uma anticrítica do concerto de ontem à noite

Não tenho grandes conhecimentos musicais, sou apenas um melômano, um desses caras que pode ouvir o amigo Phil cantar o segundo movimento da quinta de Prokofiev e sair em dueto com ele, como ocorreu ontem à noite. Ou um trio, porque a Elena acabou cantando junto. Cantamos o tema principal e aquele trecho dos 5min06 em diante. Sorte de vocês não terem ouvido. Abaixo, tenho uma versão melhor.

Voltando ao assunto inicial, tenho um bom conhecimento de repertório e um programa mal planejado é uma coisa que me afeta muito. Augusto Maurer deu a explicação técnica de minhas restrições ao programa da última terça-feira (03 de junho), citou fatos que sinto mas que não tenho capacidade para explicar, etc. Então, nesta quarta-feira em que poderia ser mais produtivo, escolho um tema preguiçoso para encher o saco de meus sete leitores.

Pois, de forma enviesada, a programação musical faz parte de minha vida, e talvez isso seja surpreendente para alguns. Tenho ideias de programas de concertos que vocês nem imaginam. Então, vamos comentar algumas coisas. Minha formação como ouvinte teve muito de meu pai, do Dr. Herbert Caro de quem era amigo, além de enormes doses da Rádio da Universidade dos anos 70, 80 e 90. Os méritos da rádio ultrapassavam em muito seus problemas técnicos e foi ali, com o compositor e ex-diretor da emissora Flavio Oliveira e com Rubem Prates, que aprendi que uma programação não era sorteio ou livre-associação. É notável como eles conseguiam ligar inteligentemente cada música à próxima, fosse por seu tema, por sua evolução na história da música ou pela pura sensibilidade desses dois conhecedores, que viam parentescos em coisas aparentemente díspares. Só através do ouvido – há outro jeito? — aprendi como, por exemplo, o estilo de composição de Johann Christian Bach foi receber tratamento de grande música apenas com Mozart e também que havia várias formas de subir na grande árvore da história de música. Explico: pela manhã, a rádio iniciava por um compositor de música antiga ou barroco, depois ia para um clássico, daí para um romântico, e assim por diante, nos mostrando sempre os caminhos e os diálogos que um compositor travava com seu antecessor. Foi a maior das escolas e ali aprendi as muitas derivações que cada compositor passava a seus sucessores e aquilo, após milhares (mesmo!) de dias como ouvinte, tornou natural a leitura das histórias da música que fiz depois. De forma misteriosa, estranha e certamente gloriosa, aqueles dois homens silenciosos já tinham me ensinado tudo, colocando as coisas na ordem certa para que meu ouvido entendesse.

Minha segunda escola foi uma coluna da revista inglesa Gramophone. Assinei-a por anos. Lá havia uma coisa que só no jornalismo inglês: era a sensacional coluna “Who`s Next?”, de título obviamente inspirado no lendário vinil do The Who. Ali, um dos críticos da revista criava uma fantasia. Ouvia um CD qualquer e algo nele — um timbre, um acorde, um tema — o fazia lembrar de outra música, a qual o fazia lembrar de outra, e de outra até o fim da coluna ou dos tempos. Na coluna, o cara ia de Mahler para Gabrieli, de Bach para Charlie Mingus com a maior naturalidade e argumentos. Era uma brincadeira que estava longe da livre-associação da programação da Ospa, era algo que tinha uma poesia. Nossa que saudades da minha coleção de Gramophone! Minha mãe jogou todas as revistas fora no início de sua doença (Alzheimer).

Tenho o costume de caminhar pela rua inventando concertos. Ontem, iniciei um com a Fantasia Wanderer de Schubert, mas não fui adiante. Fiquei preso naquela fuga.

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Carrara brindou-nos com uma versão do Scherzo do Hammerklavier, 30 minutos antes do concerto.
30 minutos antes do concerto, André Carrara (primeiro plano) brindou-nos com uma versão do Scherzo do Hammerklavier. Um belo aquecimento. | Foto: Augusto Maurer

Com restrições — diferentes daquelas do concerto do dia 3 –, gostei do concerto da Ospa de ontem (10), principalmente do Ginastera final e do aquecimento do pianista André Carrara, tocando o Scherzo do Hammerklavier. Mas não estou a fim de escrever a respeito. A discussão da semana passada ficou lá longe com o meu “salário moral” sendo muito bem pago por uma longa série de importantes inboxes dizendo que eu tinha razão em reclamar do erros e da “dramaturgia da noite”. Pediram para eu tocar em frente, só que fiquei temporariamente de saco cheio da blitz dos defensores acríticos da… orquestra? Isto exige um compadrio ao qual não estou disposto. Gosto é de música, de literatura, do meu trabalho, dos meus amigos, filhos e da Elena, gente.

Brigar, fazer cara feia ou voltar o rosto não está entre as minhas prioridades. Mas sei que logo estarei disposto a rir destas coisas. E vou tirar um sarro.

A noite acabou maravilhosamente com zupa kapusta, mais pão, vinho, café e outros que tais, na casa da Astrid Müller e do Augusto. Minha ressaca de hoje e a citada cantoria de ontem é culpa deles. Nada a ver comigo, portanto. Zupa kapusta é uma sopa polonesa de carne de porco, salsicha, chucrute e repolho. Estava FANTÁSTICA!

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Fotos do “making of” da capa de Sgt. Pepper´s, dos Beatles

Fotos do “making of” da capa de Sgt. Pepper´s, dos Beatles

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi o oitavo álbum de estúdio dos Beatles. Lançado em 1º de junho de 1967, tornou-se um imediato sucesso comercial e de crítica, passando 22 semanas no topo da parada de álbuns no Reino Unido e 15 semanas nos Estados Unidos. Alguns pensam que foi o melhor álbum de rock de todos os tempos.

A capa recebeu todos os prêmios possíveis a este item. Ela foi projetada pelos artistas pop Peter Blake e Jann Haworth a partir de um desenho de Paul McCartney. O diretor artístico foi Robert Fraser e o fotógrafo, Michael Cooper. Os Beatles aparecem em ridículos trajes militares com um grupo de recortes de papelão de pessoas famosas em tamanho natural. O quarteto fica no centro, em pé, atrás de um tambor, no qual o artista Joe Ephgrave pintou as palavras do título do álbum. Na frente, há um arranjo de flores com o nome do grupo. Os uniformes de cetim de estilo militar foram fabricados por M. Berman Ltd, de Londres. As letras do álbum estão integralmente na contracapa. Na parte interna (última imagem deste post), há uma foto grande com um close dos meninos.

diana dors

beatlesclose

Making The Cover for Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band (3)

inkpots

george

Making The Cover for Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band (6)

hitler

ringo and john

Making The Cover for Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band (9)

Making The Cover for Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band (10)

Making The Cover for Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band (11)

Making The Cover for Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band (12)

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Três excelentes filmes no findi

Três excelentes filmes no findi

oloboatrasdaportaO Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra. Excelente filme, com um conflito muito bem construído pelo diretor Fernando Coimbra. Dentro de um filme de grande violência psicológica, seu único equívoco foi na escolha de Leandra Leal para um dos papéis principais. Estava sentindo alguma coisa estranha e a Elena Romanov matou a charada. Ela é classuda demais para uma história passada num subúrbio do Rio de Janeiro. Não funciona como amante de um funcionário de empresa de ônibus. Mesmo com roupas de segunda mão, ela parece uma princesa disfarçada. Elena não é alguém que apenas vê objeções, também sugere soluções! Então, indica Cleo Pires ou Débora Secco para o papel. Concordo que Leandra Leal não serve para ser chamada de gata, deusa, diva, pitéu, essas coisas. Insisto nisso só para deixar PERFEITO um filme que já é BONÍSSIMO. Há três cenas antológicas: a do cafezinho xexelento, a da agressão cometida por Bernardo e a da incompreensão do delegado sobre o não envolvimento emocional entre os amantes. Claro que RECOMENDO MUITO.

the-lunchboxThe Lunchbox, de Ritesh Batra. um filme cheio de delicadeza que fala poeticamente sobre a solidão. Merece ser visto e que está lá na Eduardo Hirtz. É raro ver dois filmes tão bons em sequência. Acho que ambos — este e O Lobo Atrás da Porta — vão para lista de melhores de 2014. The Lunchbox recebeu, compreensivelmente, Prêmio do Público no Festival de Cannes de 2013. Uma tele-entrega equivocada coloca em contato uma jovem dona de casa com um desconhecido. Juntos, eles constroem uma relação baseada em bilhetes deixados nas marmitas nas quais as comidas são entregues. Utilizando temperos que misturam comédia e romance, a história tem como coadjuvante o velho, complexo e infalível sistema de entrega de marmitas de Mumbai. São os Dabbawallahs, que permitem que milhões de maridos possam saborear a comida de casa durante o expediente. Certo dia, uma dona de casa infeliz no casamento envia quitutes especiais para o marido. Quando este chega em casa, não comenta nada. No dia seguinte, ela envia um bilhete junto com a refeição e recebe outro, só que do estranho. Então, começam uma inusitada troca de conselhos. Filme encharcado em humanidade.

o-palacio-francesO Palácio Francês, de Bertrand Tavernier, é uma brilhante sátira a essas pessoas cheias de energia e irreflexão que são 80% (75%?) dos políticos. Infelizmente, são essas pessoas, normalmente dotadas de imensa capacidade de trabalho e ignorância, que mandam em todos nós. Sua cultura vem de manuais ou de citações, mudam de opinião a cada momento, apenas tratam da preservação de si mesmos e de seus auxiliares, os quais torturam em busca de mais e mais divulgação. Sim, 80% (75%?) são assim, basta ver a lista de nossos deputados estaduais. Apenas o personagem Maupas pensa — e ri — no filme de Tavernier, que tem um final brilhante (o qual retiro daqui a pedido de Elena). Um excelente filme desagradável, de ritmo alucinante. Recomendo. (E fica a pergunta: existe mesmo democracia?)

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Latuff e a morte de Fernandão

Latuff e a morte de Fernandão

Obrigado, amigo Latuff, por ter escolhido meu blog para veicular esta charge.

fernandao latuff

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O dia em que o saudoso Antônio elogiou um professor

O dia em que o saudoso Antônio elogiou um professor

angry_teacherEssa história do Antônio é sensacional, mas temo ser um narrador muito inferior a ela. Vou tentar, tá?

Na engenharia, naquele final dos anos 70, nós tínhamos um semestre de Cálculo Numérico e duas opções de professores. A primeiro chamava-se Porto e a segunda Cláudio. Excelente professor, Porto era tido por um gênio e talvez fosse. Hoje, além de gênio, ele seria um grande riponga. Vinha para a aula de sandálias quando estas eram usadas somente por religiosos; usava cabelos compridos, mas não penteados como os nossos daquela época — os dele eram uma zona. As roupas eram andrajos e todos os caras mais inteligentes o escolhiam. Porém, ele tinha duas características da qual eu não gostava: evitava o olhar direto e parecia destituído de humor. Já Cláudio era considerado um sujeito muito competente, mas convencional. Era respeitado. Baixinho, careca, de óculos… Ninguém ousava referir-se a seu estrabismo convergente. E eu me matriculei junto com meu amigo Antônio para fazer a cadeira de Cálculo Numérico com Cláudio. As aulas eram terças e quintas no horário das 20h30 às 22h10.

O que ninguém tinha me contado era sobre a voz monocórdica do professor. Aquilo era pior do que ingerir um vidro inteiro de Dramin estando com o estomago vazio. O cara começava a aula e, em quinze minutos, via-se corpos esparramados pela sala. Se alguém tirasse uma fotografia de nossa sala durante aqueles momentos terríveis, veria todo o tipo de posturas cansadas: gente atirada com a cabeça e os braços sobre a mesa, gente olhando o vazio, gente com os pés para cima, bocejos, gente conversando, conversando, conversando. Cláudio tinha uma mania. Quando finalizava uma demonstração, olhava-nos com ar vitorioso. Então víamos um sutil sorriso manter-se por um longo minuto em seu rosto enquanto nos observava. Eu via aquilo e pensava no quanto ele nos ignorava. Ele era feliz explicando seus teoremas e isso lhe bastava. E a gente, vendo aquele perigoso sorriso, copiava rapidamente o conteúdo do quadro-negro para estudar tudo em casa, quando estivesse efetivamente acordado.

Um dia a coisa foi longe demais. Estava quente, úmido, insuportável como só Porto Alegre sabe ser e a atenção ao professor conseguia ser menor que o habitual. Para completar, parecia que ele não gostava daquele trecho da matéria. A aula estava tão ruim e desinteressante que ele não mostrara ainda seu ar vitorioso. O sofrimento encaminhava-se tristemente para o final quando o Antônio ergueu o braço para fazer uma pergunta. Cláudio atendeu-o de pronto. Para a surpresa de todos, Antônio levantou-se da cadeira. Pelo visto, não podia fazer a pergunta sentado. A coisa ficou ainda mais séria quando ele iniciou sua fala com um sonoro “Prezado professor Cláudio”:

— Prezado professor Cláudio. Gostaria de dizer algo muito importante para mim e que certamente o deixará feliz.

A turma começou a se mexer, acordando da longa aula, verdadeira cura para a insônia. Cláudio observou Antônio de pé e pediu:

— Sim, o que é?

Antônio fez uma cara de absoluta paixão pela ciência matemática e, com voz embargada, começou:

— Professor, eu gostaria de lhe dizer que esta foi a maior e melhor aula que já tive em toda minha vida. O Sr. foi de um brilhantismo irrepetível. Nunca, em minha experiência universitária ouvi observações de tanta pertinácia, explanadas com tanta didática, clareza e talento. O Sr. torna minha vida mais feliz.

É claro que já havia gente rindo, na verdade havia gente dando gargalhadas descontroladas, tal a surpresa e a inadequação àquilo que ocorrera em aula. A coisa era tão inacreditável que o professor quedou-se inteiramente paralisado, sério, no estrado, observando detidamente o autor do discurso, como se ele fosse um ET. Depois, ele passou a olhar também os alunos que riam, dentre eles eu. E passava o olhar de nós para Antônio e de Antônio para quem já chorava de tanto rir. Ator perfeito, Antônio mantinha-se contrito, com cara de devoção. Eu já estava me sentindo mal, quando o professor perguntou a Antônio:

— Tu estás falando sério?

Foi a pergunta mais tola possível. Foi a pergunta de uma pessoa que não está impermeável ao elogio mais chão. Ele queria acreditar no Antônio. A resposta do meu amigo foi mais uma torrente de elogios.

— Professor, faz algumas semanas que me embeveço suas aulas, mas a de hoje ultrapassou tudo o que eu tinha presenciado até hoje nesta universidade. Eu estou agradecido por sua competência e dedicação a nós — disse com toda a seriedade.

Todos estavam quase rolando de rir, quando o professor nos mandou calar a boca em voz tonitruante. A aula continuaria.

Antônio sentou-se. Antes de seguir a tortura, Cláudio ainda voltou-se novamente para o aluno e o encarou longamente. Sua vaidade estava perdendo a guerra interna e ele finalizou o olhar inteiramente vermelho. Viu-se claramente que ele passara a acreditar mais nas risadas.

Aqui, a primeira história de Antônio.

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Não tenho culpa

Não tenho culpa

Alguns dizem que Aécio significa águia, mas a acepção mais encontrada é a da imagem abaixo. O blog se exime da culpa.

Imagem encontrada e criada por Carla Carretta Kunze.
Imagem encontrada e criada por Carla Carretta Kunze.

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Ospa, Romeu e Julieta e a maravilhosa água do Báltico

Ospa, Romeu e Julieta e a maravilhosa água do Báltico
Renato Bal
Renato Bandel recebe os aplausos do público e do maestro Kiyotaka Teraoka | Foto: Carlos Latuff

Há talento de sobra em torno do Mar Báltico. Deve haver alguma coisa na água que corre dos rios da Polônia, Finlândia, Letônia, Lituânia e Estônia — estes três últimos chamados de Países Bálticos — para o mar, que faz com que nasçam compositores extraordinários na região. Quem contar a história da música erudita do século XX terá que passar por ali. Mais ainda se a história for dedicada ao final do século e ao início do nosso. Não consultei os anos de nascimento de cada um deles, mas quem pode ostentar um time com Witold Lutosławski, Karol Szymanowski, Krzysztof Penderecki, Henryk Górecki, Wojciech Kilar e Bogusław Schaeffer como a Polônia? E, se quiserem mulheres, o país ainda tem a excepcional Grażyna Bacewicz. Claro que o motivo do surgimento de tantos compositores é educacional e cultural, mas não deixa de ser curioso.

Sem citar compositores menores, a Finlândia, país que investe muito em música desde os tempos de Sibelius, hoje tem Kaija Saariaho — outra mulher — e Einojuhani Rautavaara. E a pequena Estônia ataca com o conhecido Arvo Pärt e Helena Tulve. Céus! Mas tergivesamos…

Krzysztof Penderecki (1933) foi um compositor pra lá de vanguardista nos anos 60 e 70 mas depois baixou a guarda, passando a obras de estética mais conservadora, retornando eventualmente ao sistema tonal. Sua música passou a caber no escaninho do classicismo pós-moderno. Ele é um dos poucos compositores vivos que tem plateias no mundo todo.

Longe da complexidade de sua famosa Paixão Segundo São Lucas (1967), o Concerto para Viola e Orquestra tem história ligada à América Latina. O concerto foi encomendado em 1983 pelo governo da Venezuela para marcar o bicentenário do nascimento de Simon Bolívar. Sua primeira performance foi em Caracas, no dia 24 de julho de 1983. Olha, é música de primeira linha. A obra tem pouco em comum com a monumentalidade e as texturas espessas de seus concertos anteriores. Ele fica mais próximo da música de câmara, porém preserva o caráter de um trabalho para virtuose. É muito contrastante (Lento – Vivo – Lento – Vivo) e tem duas belíssimas cadenze precedendo dois scherzi. Mas não é uma obra feliz, é antes pesada, contrapontística e reflexiva.

É óbvio que ela, como ponto alto do programa, deveria ser a última obra da noite. As opiniões dos músicos e estudantes de música na saída do concerto estavam de acordo comigo. O caráter das obras OBRIGAVA a quebra da tradição, colocando-se o concerto para viola no final da função. O violista Renato Bandel foi simplesmente fantástico. Tocou muito no ensaio de segunda-feira e só melhorou no concerto. A sonoridade quente da viola envolveu o velho teatro da tia Eva. Talvez tenha sido o melhor momento da Ospa em 2014. Há que explorar novos repertórios e territórios, gente!

Teraoka avisa que vai começar o Prokofiev | Foto: Milton Ribeiro
Teraoka avisa que vai começar o Prokofiev | Foto: Milton Ribeiro

O mesmo não diria da Suíte Nº 2 de Romeu e Julieta, retirada do balé de Prokofiev. Dado o tema, a música só pode ser romântica e trágica, mas soou meio boboca após a paulada de Penderecki. Só que nenhum Prokofiev é boboca. A orquestra também não rendeu o esperado, com erros aqui e ali, pois trata-se de uma obra falsamente fácil, cheia de repetições e denunciadora de problemas. O público amou, aplaudiu de pé, mas eu devo ser um chato: achei a coisa meia-boca.

No balanço geral, foi um excelente concerto, por Penderecki e porque deu muito assunto. E assunto é fundamental para quem vai assistir qualquer espetáculo.

Ah, Teraoka, volte sempre! Tu também, Bandel!

Ah, se a tia Eva vê isso!
Detalhe do público de ontem antes do concerto. Ah, se a tia Eva vê esses dois pezinhos… (Logo depois, os pés foram recolhidos, com a dona deles escolhendo Penderecki) | Foto: Augusto Maurer

O programa de ontem no Theatro São Pedro:

Krzysztof Penderecki: Concerto para viola e orquestra
Sergei Prokofiev: Romeu e Julieta – Suíte n° 2

Regente: Kiyotaka Teraoka
Solista: Renato Bandel

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O Clube do Suicídio e outras histórias, de Robert Louis Stevenson

O Clube do Suicídio e outras histórias, de Robert Louis Stevenson

O_CLUBE_DO_SUICIDIO_E_OUTRAS_HISTORIASAs rev(f)erências de outros grandes autores a Stevenson (1850-1894) são mais do que justas. Nabokov, Borges e James, fora alguns que se apaixonaram pela obra do escocês. O que impressiona é sua qualidade como narrador, coisa que Nabokov esmiúça ao final do volume ao analisar longamente todos os artifícios que tornam O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde a obra-prima que é. Stevenson tem uma arrebatadora capacidade narrativa que envolve não somente uma cuidadosa distribuição de spoilers — corretos ou dúbios — como dá ao leitor uma curiosa noção de espaço, o que o torna muito visual, como se escrevesse para o cinema.

O belo volume da Cosac Naify abre com O Clube do Suicídio, uma novela de quase 100 páginas que conta sobre um clube privado que apenas pode ser frequentado por quem quer morrer e ou não tem coragem de fazê-lo ou não deseja deixar sobre si ou sobre sua família a vergonha de um suicídio. E mais não digo sobre os esquemas ficcionalmente geniais do clube. O príncipe Florizel, da Boêmia, é um homem com gosto por aventuras. Ele fica sabendo da existência do clube e lá entrando convence a todos que deseja morrer. Então, tem sua morte providenciada, mas, contra toda a prudência e os conselhos de seu amigo e escudeiro, o Coronel Geraldine…

O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde é conhecidíssimo. Ao final do volume, há um texto de Vladimir Nabokov onde o russo examina os artifícios de Stevenson praticamente parágrafo a parágrafo. O médico e o monstro é um clássico de primeira linha da literatura fantástica.

Markheim é pura música de câmara, é uma pequena e rara joia. Um perdulário contumaz vai a um antiquário antes da noite de Natal, quer comprar um presente para uma mulher e ficamos por aqui. Por alguma razão, amo O demônio da garrafa, outro conto fantástico. O argumento do conto não é de Stevenson, mas de uma famosa peça teatral de sua época. Especie de Fausto matemático do qual todos desconfiam, no fundo é uma bela história de amor. A base é a história do gênio da lâmpada das 1001 Noites, só que a garrafa onde ele reside TEM DE SER vendida por um preço menor do que foi comprada da última vez. Seu dono pode pedir o que quiser ao gênio e será atendido, mas tem de vendê-la sempre por um preço menor, correto? Caso morra com ela, sua alma irá para o inferno. Bem, um dia, ela terá de ser vendida por um 1 centavo, concordam?

O ladrão de cadáveres é outro conto soberbo e terrível. Dois colegas trabalhavam na sala de dissecação de um grande médico, um certo Dr. K. Ele roubavam cadáveres para que ele os dissecassem em uma universidade. Mas descobrem que há mais do que o simples roubo. O que se passava? Uma bela história de horror, sem dúvida. O vestíbulo é a brevíssima, esplêndida muito original narrativa de um assassinato. Ela é muito, mas muito Jorge Luis Borges.

Ah, sim, Nabokov, James e Borges… Os três juntos jamais errariam. A tradução, excelente, é de Andréa Rocha.

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Bom dia, Abel Braga (veja os gols)

Bom dia, Abel Braga (veja os gols)
Abel Braga: o bom jogo merecia três pontos
Abel Braga: o bom jogo realizado merecia os três pontos

Jogamos melhor e não ganhamos. Espero que este não se torne nosso mantra, Abel. Ainda mais porque os empates, o resultado mais comum de quem deixa de ganhar, dá apenas 1 ponto, 33% dos buscados 3. Ou seja, qualquer empate é uma quase-derrota. Por exemplo, o Inter perdeu apenas uma vez, enquanto que o Fluminense perdeu três. Quem, está na frente? O Flu, pelo critério de desempate, que tem como item nº 1 o número de vitórias.

Alan Patrick devolveu criatividade a nosso meio-de-campo e acompanhou com grande produção a D`Alessandro. Por que saiu, estava machucado, Abel? Pergunto porque o Valdívia, que entrou em seu lugar, está se especializando em perder gols. Chato isso, o guri joga bem, é veloz, mas perde as jogadas que cria. Acho que ele tem que treinar mais esse negócio de chutar em gol. Isto cabe a ti fazer. Juan jogou um bolão, assim como Dale, Willians e até Fabrício. Mas perdemos gols demais. Desde o primeiro tempo tivemos que conviver com o inferno dos gols perdidos.

Agora há um período de folga seguido de outro treinamentos. Espero que o Luque se integre bem assim como nosso terceiro Wellington de 2014. O próximo jogo — contra o Corinthians no invicto Itaquerão — será só em 16 de julho.

Boas férias, querido. Abaixo os melhores lances de ontem.

http://youtu.be/IyXvvZZEepM

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Notinha sobre Shostakovich

Notinha sobre Shostakovich

Estava agora pensando sobre como os velhos amigos — incluindo-se aí Mravinsky — foram um a um abandonando Shostakovich antes da estreia da 13ª Sinfonia. Até o poeta Evtushenko tratou de mudar os versos para se proteger da repressão soviética. E Shostakovich, trêmulo e doente, após viver anos esperando ser preso, foi até o fim com o novo amigo Kondrashin. Não precisava fazer isso. Mas há pessoas nas quais é sempre maior o amor pela arte e pela verdade.

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A provocação de Glenn Gould

A provocação de Glenn Gould

Publicado no Sul21 em 28 de julho de 2013

Antigamente, a música — mesmo a mais grandiosa — era utilizada como pano de fundo para jantares e comemorações. Para nós é difícil conceber isto, mas a música de Vivaldi, por exemplo, era ouvida sob o provavelmente alegre som de comensais alcoolizados… Excetuando-se os saraus privados, o único local onde podia-se ouvir música em silêncio era nas igrejas. O ritual de deslocar-se até uma sala de concertos a fim de ouvir e ver silenciosamente a performance de orquestras, cantores e recitalistas é relativamente recente — começou há uns 150 anos. Sob uma forma mais barulhenta, a música popular aderiu a este ritual no século XX, porém hoje seus concertos visam mais a celebração do artista do que a finalidades “expressivas” ou “interpretativas”.

Alguns radicais, como o extraordinário pianista canadense Glenn Gould (1932-1982) – cujas interpretações de Bach são até hoje difíceis de superar — trilharam o caminho inverso, chegando ao extremo de abandonar suas carreiras de concertistas por não acreditarem mais que o formato de concertos e shows fosse aceitável quando comparado às vantagens oferecidas pelos estúdios de gravação. Não obstante o abandono dos holofotes e dos aplausos — em seu caso sempre entusiásticos –, Gould seguiu pianista e continuou produzindo discos cada vez melhores; mesmo sem ter marcado um mísero concerto em seus 27 últimos anos de vida. Gould contraiu voluntariamente uma Síndrome de Bartleby dirigida apenas às apresentações.

Apesar de interessante, a postura do pianista canadense talvez hoje seja ainda mais inaceitável, tanto para ouvintes como para músicos. Diferentemente da época de Gould, falecido em 1982, hoje um disco pode ser produzido como se produziam senadores biônicos na época da ditadura militar brasileira. Um produtor ou engenheiro de som pode corrigir tudo rapidamente, melhorando drasticamente o desempenho do intérprete. Além deste “ver para crer” exigido por boa parte do público, a pirataria reduziu as margens de lucro dos artistas, que agora são obrigados e darem concertos com a finalidade de aumentar seus ganhos.

Porém, nos anos 60 e 70, a realidade era outra e Glenn Gould acreditava que a tecnologia oferecida pelos estúdios o colocava mais próximo de seu ideal artístico, que colocava a técnica pianística em segundo plano. Apesar de ser um instrumentista absolutamente preciso e hábil, a impressão mais forte que temos ao ouvi-lo não é a do virtuosismo, mas a da expressividade. Com ele, pode-se ouvir a música. Gould pensava que existia somente uma interpretação perfeita de cada obra e que esta só poderia ser obtida em estúdio com auxílio da tecnologia.

A verdade é que as gravações revolucionaram inteiramente nossa abordagem à música. Em menos de um século, passamos do sarau ao CD, fomos do amadorismo afetuoso e comovedor de nossas residências ao sampler. Vejamos como:

1877: Thomas Edison constrói e dá nome ao primeiro fonógrafo, um aparelho que registra e reproduz sons, utilizando um cilindro de parafina.

1887: Emile Berliner inventou o disco e o gramofone para tocá-lo.

1888: É lançado o shellac, disco de cera de carnaúba, carvão e areia. Tratava-se de um tipo de cera endurecida, equivalente à Laca.

1925: Aparece o primeiro toca-discos elétrico, que funcionava com discos de 78 rpm. Um movimento – cheio de chiados – de uma sonata de Beethoven poderia ocupar vários discos… Meu pai tinha o Op. 111 do compositor alemão em 8 discos ou 16 lados de discos 78 rpm!

1940: O acetato e o verniz começam a ser substituídos pela fita magnética.

1948: Surge o LP, que podia receber até 30 minutos de música (uma sinfonia de Mozart!) de cada lado. Todos os discos de 78 rotações deveriam ser jogados fora. (Este é outro assunto…)

1958: O som estereofônico torna obsoletas as gravações anteriores, feitas em mono. Chegou a vez de jogar fora tudo o que não era estéreo.

1965: A fita cassete ameaça o disco, mas não o vence.

1979: Aparecem as fitas digitais (DAT) com som semelhante ao do CD; isto é, muito mais claras do que tudo o que já havia surgido antes. O som do DAT não era nem melhor nem pior do que o do CD, era igual ou melhor. As gravações digitais começaram bem antes, só que os discos eram gravados em digital e lançados em vinil.

1983: Chega o CD, mais uma vez desvalorizando todas as outras gravações realizadas em outros meios.

Século XXI: surgem os formatos mp3, flac e, com eles, todo o tipo de pirataria — distribuição gratuita — de música. Os lucros das gravadoras diminuem dramaticamente.

Gould falava em quão recente era a supostamente eterna tradição das salas de concerto e ridicularizava vários de seus aspectos. Por que haveria de ser necessário alguém atravessar a cidade — talvez com chuva ou sem a vestimenta adequada –, para ir sentar-se, com hora marcada, em cadeiras normalmente piores do que as de nossas casas, a fim de ouvir o mesmo velho e conhecido repertório tocado com acompanhamento de sussurros e tosses? Segundo ele, a única coisa que mantinha viva a tradição dos concertos era a oligarquia do mundo dos negócios musicais, acrescida do que Glenn Gould chamava de “uma afetuosa, ainda que às vezes frustrante, característica humana: a relutância em aceitar as consequências de uma nova tecnologia.”

Gould não era uma ativista pelo fim dos concertos, não era um inimigo das celebrações dedicadas aos músicos e à música; mas provocava, cutucava o sistema estabelecido. Dizia que era insatisfatório sair de casa para ver, muitas vezes, concertos constrangedoramente inferiores àquilo que temos em nossa discoteca. Outra coisa triste seria o conservadorismo do repertório apresentado. Se fosse brasileiro, ficaria irritado com o eterno fato de que estamos “educando o público para a música erudita”. Com este argumento, por exemplo, as orquestras obtém o aval para apresentarem somente o mainstream do repertório. (Há as exceções, mas são raras…) Enquanto isto, o LP e o CD abriram um leque de opções que mudaram nosso conhecimento musical. Obras extraordinárias puderam voltar a fazer parte de nossa cultura, grande parte da música de câmara (música escrita para pequenos grupos de instrumentistas) e da música antiga, inadequadas para as grandes salas, voltaram através dos discos.

Houve também importantes alterações na maneira de tocar a música e, por conseguinte, de ouvi-la e compreendê-la. Uma vez que, no estúdio, os músicos não tinham mais de preencher os grandes espaços das salas de concerto com som, todo o processo de fazer música passou a colocar mais ênfase na clareza e beleza do fraseado. Os microfones que fizessem o resto! Os antigos instrumentos – de som mais fraco – retornaram à vida e surgiram as gravações com interpretações históricas, utilizando instrumentos de época, que respeitam a dinâmica e a forma original das obras.

Tudo isso foi trazido pelas gravações e podemos dizer que a música barroca que ouvimos atualmente — gênero que hoje é divulgado quase só em instrumentos originais — é resultado da capacidade dos estúdios. Se a substituição dos concertos não ocorreu, se a provocação-profecia de Gould não se cumpriu, as gravações tiveram outro efeito: o de recriar os pequenos espaços de concertos, os quase-saraus, onde podemos ouvir a música do passado de forma próxima a sua autenticidade e… que parecem imitar as gravações.

Observações: A maior parte dos argumentos aqui colocados livremente estão sistematizados no livro de Otto Friedrich Glenn Gould: A Life and Variations.

glenn-gould

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Adeus, Joaquim Barbosa

Adeus, Joaquim Barbosa

Para fora do STF, Barbosa apenas mostrou desejo de vingança e um ódio incompatíveis com a posição de magistrado. Internamente, deixou um legado de arrogância e falta de diálogo. Que se vá! Que tenha um belo futuro dando palestras e residindo em Miami.

Ele estava isolado na Corte. A expectativa é que a saída de Barbosa devolva ao STF ambiente mais respeitoso entre ministros. O direito deve ser valorizado e o espírito de perseguição, abandonado.

jb

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Ospa, frio e bons sopros

Ospa, frio e bons sopros
José Milton: cheio de malemolência
José Milton Vieira: jazzy “malemolence” | Foto: Marcos Ever

Por motivo de compromissos pessoais, eu e Elena chegamos atrasados ao concerto, perdendo a primeira obra (Paul Dukas: Fanfarra para preceder La Péri) e o primeiro movimento da segunda (Jan Koetsier: Sinfonia para metais). Sentamos nas cadeiras do Teatro Dante Barone somente quando começou o Larghetto da Sinfonia de Koetsier. A sonoridade era algo mais que uma trombonada, era algo que me fez repensar sobre a irritação — puro preconceito — que possuo contra obras para metais e percussão. Formando um leque no palco do teatro de péssima acústica, o som era tão bom que eu até lembrei daquela versão da Arte da Fuga de Bach para metais, talvez com o Canadian Brass. Tinha esquecido dela… tão boa e compreensiva de Bach. Mas isso foi até chegar a Suíte de Granados, que me irritou por ser um arranjo algo tosco de suas Danças Espanholas. Enfim.

Pô, enfrentáramos o frio para ver só aquilo? Mas havia um intervalo e uma segunda parte para salvar a lavoura.

Uma curiosidade: durante a a obra de Koetsier, as faxineiras da Assembleia Legislativa subiam as escadas do teatro com seus baldes e vassouras com tanta naturalidade que pensei que estivesse na partitura. Era um contraponto interessante à música? Talvez uma forma de denunciar nossa atitude burguesa de fruição do belo em contraposição à vida sofrida do trabalhador. Estavam uniformizadas, de azul, era lindo de ver.

A fanfarra “feminista” de Joan Tower, Fanfarra para a mulher incomum, é bem curtinha como a Fanfarra para o homem comum de Copland, mas cumpridora. A coisa melhorava. Depois tivemos divertido tango Jealousy, de Jacob Gade. Até então as grandes estrelas no palco eram o trompetista Elieser Ribeiro — também, com um sobrenome desses! –, o igualmente trompetista Tiago Linck e o seguríssimo tubista Wilthon Matos, mas quando começou a melhor peça da noite (Motown Metal, de Michael Daugherty) todos viram a realidade. A noite era do trombonista José Milton (também, com um nome desses!) Vieira.

Eu tinha avisado no Facebook que o norte-americano Daugherty era um fenômeno e que valeria a noite. Não deu outra. O passado desse compositor é estranho e eclético. Ele foi músico de jazz e rock. Depois foi para a Europa estudar com Boulez e Ligeti (boas referências, não?). Sua obra mais famosa é a espetacular Metropolis Symphony, escrita em homenagem ao superman. É obra de um piadista que escreve música de primeira linha. Sua Motown Metal é uma belíssima homenagem à gravadora da soul music e da grande música negra americana dos anos 60 e 70, a Motown. O maranhense Miltinho estudou na Julliard School of Music e nos mostrou uma sequência de solos cheios de suingue na noite fria de Porto Alegre. E todo mundo saiu de lá feliz e em paz.

Programa:
Paul Dukas: Fanfarra para preceder La Péri
Jan Koetsier: Sinfonia para metais
Enrique Granados / Arr. Eric Crees: Suíte
— Intervalo —
Joan Tower: Fanfarra para a mulher incomum
Jacob Gade: Jealousy
Michael Daugherty: Motown Metal

Regente: Kristian Steenstrup

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Bom dia, Abel Braga (com os gols de ontem)

Bom dia, Abel Braga (com os gols de ontem)
Não estou tão animado quanto tu
Não estou tão animado quanto tu

Mais um jogo em que levamos três pontos para o Beira-Rio, mas mais um jogo onde jogamos pouco, tomando sufoquinho da Chapecoense… No início da noite, Abel, cheguei ao bar e vi parte do jogo do Grêmio. Meus deus!, o que era aquilo? Quando iniciou nosso jogo, já estava com os nervos gastos de pensar que estávamos atrás do Grêmio e do Goiás no Brasileiro.

E, para colocar uma cerejinha em meu nervosismo, Abel, os primeiros 15 minutos do nosso time foram tão ou mais afobados do que o descontrole do Sport contra o time do bairro de Uma e tá.  Foste salvo por um cruzamento do Fabrício, que achou o Wellington Paulista na área para fazer um bonito gol de cabeça. Enquanto isso, o garoto Diogo levava o maior baile do tal do Neuton, pelo lado esquerdo de ataque dos de Chapecó. Não gosto muito de individualizar, mas acho que o Sasha também foi muito mal, que o Valdívia só cai de qualidade, que o Wellington também piora e que este Leandro fez uma bela estreia. Ah, e que o D`Alessandro precisa de férias. Também pudera, sem o Aránguiz, é tudo com ele. Também o Jorge Henrique entrou bem no jogo. Porém, Abel, o importante é tu usares este período de treinamento durante a Copa do Mundo para dar mais dinâmica pro time. Estamos jogando feio demais.

Será complicado passar o período da Copa no G-4, né, Abel? A única forma será ganhar do Fluminense. O pior é que o Grêmio vencerá o Palmeiras e talvez fiquemos atrás deles durante o mês de recesso. Bem, quem manda não ganhar do Criciúma nem do Coritiba? Tais façanhas nos deixam atrás de um time que leva 4 x 1 de nós e que sai de campo feliz. Abel, o Patrick volta contra o Flu? Acho que o meio fica mais equilibrado com ele, Dale e Valdívia. Seria importante contar com ele. E não avise o Cristóvão que o Diogo não sabe marcar. O cara é uma avenida! Por que o Winck não joga esta partida, hein? Ele também não marca, mas me parece mais consistente, sei lá. De qualquer forma, boa sorte pra ti nesta última rodada pré-Copa.

http://youtu.be/yURIX2Yu1z4

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Essa toalha na cabeça de um careca… Dá para a Mia Farrow, Frank!

Essa toalha na cabeça de um careca… Dá para a Mia Farrow, Frank!
Frank Sinatra
Frank Sinatra

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Novak Djokovic

Novak Djokovic

djokovicEm sua cadeira, sentado dentro da quadra enquanto aguardava a chuva diminuir, Novak Djokovic viu um jovem boleiro de pé, segurando o guarda-chuva. Chamou o menino para sentar-se, tomou o guarda-chuva das mãos de suas mãos e puxou papo. Depois pegou uma garrafa de água, ofereceu a ele e fez um brinde. Tudo isso durante uma partida oficial, valendo por um Grand Slam, o célebre Roland Garros.

No jogo, Nole venceu a João Sousa por 3 a 0, com parciais de 6-1, 6-2 e 6-4.

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O dia em que o saudoso Antônio pulverizou uma prova

O dia em que o saudoso Antônio pulverizou uma prova

provaEu fazia Engenharia Elétrica na UFRGS — jamais me formei — e tinha um colega chamado Antônio Carvalho Sarmento, que não sei onde anda. Ele não tem Facebook nem há referências a ele no Google. O cara aparentemente volatilizou-se. Ele era o mais engraçado, o mais louco e corajoso dos colegas. Nós fazíamos várias disciplinas juntos. Na verdade, éramos bons amigos e procurávamos nos inscrever nas mesmas cadeiras, normalmente acompanhados pelo Ricardo Branco e pelo Pedro Spohr, o primeiro se formou, o segundo é cantor lírico dos bons.

Então, estávamos numa aula de Mecânica dos Fluidos, uma dessas coisas que a gente aprendia para nunca usar. Havia várias cadeiras assim. Talvez a ideia fosse nos torturar, incentivando-nos a largar o curso, coisa que acontecia com metade dos alunos naquela segunda metade dos anos 70.

Vou focar no dia de nossa primeira prova da cadeira. O professor distribuiu as questões e eu e Antônio nos olhamos. Não sabíamos responder a nenhuma delas. Ele abriu os braços sorrindo, como quem diz: “Tiramos zero”. Era um sujeito pequeno, mas tinha voz poderosa e um talento natural de ator. Passaram-se uns cinco minutos e ele se ergueu subitamente, anunciando com toda a seriedade:

— Professor, eu me nego a fazer esta prova!

O professor era um sujeito muito inseguro de sobrenome Maestri — esqueci o primeiro nome — e gaguejou lamentavelmente.

— Mas… Por quê?

— Ora, esta prova é um lixo de mal escrita, contém claras inconsistências, é uma vergonha para a Escola de Engenharia desta Universidade! — disparou Antônio com ar doutíssimo.

— Que inconsistências?

— Céus, e eu ainda vou ter que lhe explicar, criando constrangimento para o senhor na frente de seus alunos? Quem sabe o senhor reescreve tudo e fazemos nova prova?

Neste momento, a tese de Antônio ganhou muitos adeptos, pois ninguém sabia porra nenhuma, ninguém dava importância àquela cadeira. Claro que os dois ou três mais estudiosos protestaram, dizendo que a prova era bem feita. Porém…

— Isso, isso, fazemos nova prova na próxima aula — dizia a voz do povo.

— Mas…. Ao menos assina o teu nome — pediu o professor a Antônio.

— O quê? Eu, botar meu nome nesta merda?

Naquele momento, a turma já se levantava indignada, pronta para ir embora. Não havia mais clima. Quem não sabia nada, ou seja, a maioria absoluta, rindo muito, devolvia a prova para o pobre professor Maestri.

Grande Antônio! Na aula seguinte, Maestri deu uma prova bem fácil, cheia de questões que já tínhamos resolvido em aula.

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Festa de aniversário da Elena e do Augusto (com fotos)

Festa de aniversário da Elena e do Augusto (com fotos)

No último sábado, tivemos um baita festerê na casa da Astrid e do Augusto. O pretexto eram os aniversários da Elena (19 de maio) e do Augusto (23), ao qual veio se juntar o Valter (22). Vi o anfitrião tirar fotos das comidas, coisa que não fiz. O que fiz foi comê-las, fato que me impediu de voltar à mesa antes das 22h de ontem, domingo. Sim, até Pantagruel tem que dar um tempo.

E céus, como fomos bem recebidos e como a comida estava boa! O que eram aquelas tapas? E o caldo de camarão? E a torta? Pessoalmente, agradeço a generosidade da Astrid e do Augusto. Eles mostraram que receber e cozinhar é um ato de amar os outros, como diz, penso, Mia Couto. Abaixo, algumas fotos das pessoas que participaram da orgia gastronômica. Mas, antes, uma …

Observação importante: Faltaram fotos das duplas de irmãos Pedro e Arthur, Miguel e Enzo. Os dois primeiros são filhos do Augusto com sua ex e a outra dupla é assim: Miguel é filho da Nikelen e do Farinatti, enquanto que o Enzo surgiu da Cláudia e do Dario (rimou!). Porém eles, no meio da festa, declararam-se espontaneamente irmãos de coração. Deste modo, este blog, não obstante a ausência de pais em comum, passa a considerá-los irmãos. Eu tenho grande e especial amizade com os filhos do Augusto, mas acho que já passou o tempo em que eu lhes ensinava sacanagens. Agora são eles que devem me tomar como aluno.

Bernardo entedia as moças  contando coisas sobre a página 23 da Superinteressante.
Bernardo visivelmente entedia as moças. Deve estar contando alguma coisa sobre ciência ou a respeito de um japonês serial killer.
Ah, elas (e ele) viram o fotógrafo legal!
Ah, elas (e ele) viram o fotógrafo legal!
Elena manifesta sua indignação pela falta de comida na festa. Liana já abriu da disputa, literalmente, das tapas.
Elena manifesta sua indignação pela falta de comida na festa. Liana já abriu mão da disputa pelas tapas.
Elena e Liana suportam a cantoria desafinada de Nikelen e Rovena.
Elena e Liana suportam com dificuldades a cantoria desafinada de Nikelen e Rovena. Elas procuraram o tom até o final da festa. São leitoras de Bulgákov, certamente.
Corredor polonês formado por Alexandre Constantino, Philip Gastal Mayer e pelo casal Kitty e Marcelo Piraíno. Renate Kollarz está preocupada em passar rapidamente, claro.
Corredor polonês formado por Alexandre Constantino, Philip Gastal Mayer e pelo casal Kitty e Marcelo Piraíno. Renate Kollarz está preocupada em passar rapidamente sem deixar cair seu prato.
Conheci Ricardo Branco em 1976, o Dario em 1984 e a Cláudia Guglieri ali por 2008 (?)
Constatação chocante: conheço o Branco há 38 anos — e, pasmem, conheci-o na universidade –, o Dario há 30, mas a Cláudia Guglieri veio muito depois. Também pudera, ela é muito mais jovem.
Sintam a elegância dos primos. Com Robson Pereira, Augusto Maurer e Lúcia Serrano.
Sintam a elegância dos primos. Com Robson Pereira, Augusto Maurer e Lúcia Serrano. A echarpe do Robson provocou suspiros.
Mais um casal: Renate Kolarz e Valter.
Mais um casal: Renate e Valter Souza.
Renate dá uma fugidinha com Phil.
Renate dá uma fugidinha com Phil.
Olha só que amor! Kitty e Marcelo posam para nossas câmaras.
Olha só que amor! Kitty — Cristina Bertoni dos Santos — e Marcelo posam para nossa câmera fora de foco.

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Bom dia, Abel Braga (veja os melhores lances da previsível derrota)

Bom dia, Abel Braga (veja os melhores lances da previsível derrota)
Puxa, jogaram de novo no nosso erro? Que coisa, hein?
Puxa, jogaram de novo no nosso erro? Que coisa, hein?

Tudo tranquilo? Sem dúvida, pois voltamos a nossa posição habitual no Brasileiro, o oitavo lugar. Parabéns. Puxa, Abel, disse na última quinta-feira que tu dirias após o jogo de ontem:

O Cruzeiro é um time perigoso, bem preparado e joga bem tanto em casa como fora. Jogaram no nosso erro. Além do mais, tem o grande Ricardo Goulart.

Hoje leio no jornal:

Acabou que não conseguimos jogar, nos marcaram e jogaram no nosso erro. O Cruzeiro achou o segundo gol. Agora, é o momento da grandeza, blá, blá, blá…

Tudo tão previsível, Abel. Nós sempre erramos! Não temos banco e, se as quatro estrelas do time eram Aránguiz, Alex, D`Alessandro e Alan Patrick, ontem estivemos sem 3 delas — só D`Alessandro jogou — e com Otávio… Céus. Além do mais, se o titular já não é uma Brastemp, o que dizer de Wellington Paulista como centroavante? Melhor não dizer nada. Outra coisa, nunca pensei que sentiria falta do Paulão… E o Dida que agora deu para espalmar para a frente?

Bem, não vou cansar meus sete leitores, são os mesmos erros de todos os anos, a única coisa que muda são os nomes. Acho que perderíamos mesmo sem os desfalques. O Cruzeiro é muito melhor. Apenas gostaria de saber se a folha de pagamento do mineiros é maior que a nossa. Creio que não. Afinal, somos o time das velhas e caras estrelas cadentes, o time que não confirma a compra de Ricardo Goulart ao Santo André mas que tem um goleiro caro e deficiente de 40 anos. Por isso, estamos atrás de times ridículos como Goiás, Grêmio e Palmeiras no Brasileiro.

No jogo de ontem, será que Dida gritou “Deixa!” para Valdívia no primeiro gol? O que fez Wellington no segundo e como explicar a letargia no terceiro gol? E a montanha de erros de passe? Acho que os anos Luigi serão isso aí, mas até isso era previsível. Espero que haja trabalho durante a Copa. Senão, podem contar mais um ano, 36, sem Brasileiros

http://youtu.be/2EN-1TgsUf8

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Porque hoje é sábado, e talvez você tenha que se apressar

Porque hoje é sábado, e talvez você tenha que se apressar

O PHES de hoje é novamente uma contribuição do estudante de tecnologia Elton Freitas, brasiliense e, segundo ele, ‘ávido leitor’ do PHES.

.oOo.

As mulheres talvez não saibam, mas é durante a manhã

1

na hora do despertar, que elas são extremamente atraentes.

2

É encantadora a delicadeza das mulheres ao acordarem pela manhã.

3

Ainda mais se esta for uma manhã de sábado.

4

Sem aquela pressa de levantar-se para ir ao trabalho.

5

É na manhã de sábado que o despertar da mulher fica ainda mais belo.

6

Naquele instante que elas se demoram na cama sem nenhum estímulo para se levantarem

7

Permanecendo ali. Absortas em seus próprios pensamentos.

8

É na manhã de sábado que elas se prolongam em seus meneios matinais

9

No espreguiçar;

10

No sair da cama;

11

No mexer do cabelo;

12

No olhar do espelho;

13

No vestir da roupa;

14

No café.

15

Espero que meus outros seis amigos leitores tenham a quem ver acordar nesta manhã

16

Pois, caso não tenham, sugiro que se apressem. Porque afinal,

17

hoje é Sábado.

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